Informática mantém-se em alta
Pedro J.
Bondaczuk
A
despeito da crise econômica que assolou o País no corrente ano e da inflação
absolutamente recordista do período, cujo acumulado anual deverá bater aí pela
casa dos 1.000%, a indústria brasileira de informática parece não ter muitos
motivos para queixas. Pelo menos é o que o observador deduz lendo os vários
informes e relatórios de empresas, a maioria relatando crescimentos
excepcionais de venda ou lançamentos de produtos novos, tanto "hardwares",
quanto "softwares". Nos últimos meses, não passou uma única semana
sem que esta página, por exemplo, reportasse alguma novidade na praça.
É
verdade que o setor ainda continua com os mesmos problemas de sempre para
deslanchar. Não há uma produção em escala de equipamentos nacionais, o que
torna os seus preços proibitivos e impede que se produza mais. Formou-se,
portanto, um círculo vicioso, que é mister que seja rompido. Há, também, a
questão da pirataria, de contrabando, e do "passeio" das máquinas nacionais
para o Paraguai, onde apenas recebem um selo estrangeiro e retornam ao Brasil,
cotadas em dólares.
Com
tudo isso, porém, não há motivos para pessimismo. E nem os empresários do setor
se mostram pessimistas, a bem da verdade. Afinal, a indústria de informática, a
despeito de todos os entraves supra-referidos, é uma das que experimentam a
mais rápida expansão entre nós. E o número de usuários também vem crescendo,
embora não na quantidade que seria desejável.
Por
outro lado, a juventude confia cada vez mais no futuro desse ramo de atividade.
A maior prova disso é a intensa procura pelos cursos de computação mecânica,
que já estão, inclusive, se transformando num modismo mas, por outro lado, todo
esse interesse acabará por propiciar mão de obra especializada farta em futuro
não muito distante para o grande "boom", que fatalmente irá ocorrer
quando for possível se estabelecer a produção em escala no País. Por isso, as
perspectivas para 1989 no setor no setor, se não são totalmente róseas, podem
ser classificadas, pelo menos, de razoavelmente otimistas.
(Artigo
publicado sob pseudônimo na página 14, Informática, do Correio Popular, em 16
de dezembro de 1988)
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