Fenômeno de precocidade
Pedro
J. Bondaczuk
A “jovem” escritora
Caroline Veiga Celeste Rocha impressionou-me sobremaneira, pela maneira
competente e madura com que desenvolveu um tema dos mais complicados,
conseguindo a façanha de tornar verossímil algo absolutamente fantasioso e
inverossímil. Muito medalhão se perderia pelo caminho ao abordar esse assunto
e, provavelmente, desistiria do romance (ou conto, ou novela, sei lá!), antes
que chegasse sequer à metade. Entre tantas outras coisas, Caroline é, sem
dúvida, um fenômeno de precocidade. A impressão que ela me causou foi tão
intensa (diria que avassaladora), que decidi comentar a seu respeito, e sobre o
seu livro “Vampiros” (na verdade uma trilogia, posto que condensada em um único
volume de 782 paginas) não em um único texto, como faço habitualmente, mas em
uma série deles. Exagero? Provarei, na sequência, a partir de hoje e
estendendo-me por alguns dias (não sei quantos), que não.
Quando gosto de algo ou
de alguém, tenho por norma pessoal, senão esgotar o assunto, pelo menos trazer
à baila o máximo possível de detalhes a propósito. Porém procuro não ser
dogmático. Tento (e às vezes consigo), transformar esses textos em uma conversa
entre amigos, coloquial, informal, posto que não vazia. Como quem não quer
nada, vou alinhando informações e mais informações, acompanhadas das devidas
observações pessoais. Há quem goste dessa minha maneira de escrever e, óbvio,
há quem a deteste e abomine. Enfim... Quando não gosto de algo ou de alguém
nunca escrevo a respeito. Jamais fiz e jamais farei do meu texto uma “arma”
para deslustrar, denegrir ou até destruir quem quer que seja. É questão de
princípio.
Não me importo com a
extensão dos comentários que redijo, até para não inibir a espontaneidade. É
certo que corro o risco de desagradar os mais preguiçosos, os que não gostam de
ler nada que seja extenso, que tenha, por exemplo, mais do que duas páginas,
por mais atrativo e bem escrito que seja. Paciência! Estes que me perdoem. Não
escrevo para eles. Escrevo para quem gosta de ler, para quem é apaixonado por leitura
e que se delicia exatamente com textos longos e quanto mais compridos, melhor.
Eu sou assim e procuro estabelecer comunicação com quem pensa exatamente como
eu. É como diziam os romanos: “símile simila” (“semelhante procura
semelhante”). Claro que a extensão do texto precisa contar com conteúdo (e me
preocupo demais com isso), para não se transformar em mera “encheção de
lingüiça”.
Tenho escassas
informações sobre Caroline Rocha, mas suficientes para admirá-la e dar-lhe o
valor que merece. Iniciei essas reflexões ressaltando sua juventude, ao grafar
a palavra “jovem”, com que a caracterizei, entre aspas. Afinal, esse é o
aspecto que mais chama atenção para ela, principalmente por parte de quem,
mesmo sem ter lido seu livro, tem ciência da publicação desse romance. Não
deixa de ser admirável o fato de que ela iniciou sua redação ainda menina –
talvez ainda brincasse de boneca, não sei – com catorze anos de idade,
concluindo-a com quinze. Ademais, ela ainda está em plena flor da idade, na
adolescência, já que completará dezessete anos apenas em novembro próximo
(nasceu em Mogi Mirim em 22 de novembro de 1995), época em que a imensa maioria
das garotas pensa em tudo, menos em literatura. E menos ainda em escrever
histórias coerentes, bem escritas, com texto sólido, maduro, com ritmo
envolvente e beirando à perfeição.
Já tive a oportunidade
de ler livros de pessoas até mais jovens do que Caroline, mas nunca um romance,
e ainda mais de 782 páginas e, sobretudo, sem a mínima incoerência ou senão,
quer conceitual, quer, e principalmente formal. Se não soubesse sua idade,
diria que seu livro foi escrito por algum escritor consagrado, com várias obras
literárias a ostentar e com um punhado de prêmios no currículo. Os livros que
li, de autores precoces, porém, eram, invariavelmente, livretos fininhos, de
menos de cem páginas, sempre de poesias, algumas das quais imaturas e
ostensivamente infantis. Ainda assim, vislumbrei, em muitos, grande potencial.
Alguns (poucos) confirmaram isso e se projetaram no cenário literário se não
nacional, pelo menos regional. A maioria, porém... ficou pelo caminho.
Tenho certeza, absoluta
convicção, todavia, que isso não irá acontecer com Caroline, a despeito da
incompreensível política das editoras (há exceções) na seleção das obras que se
propõem a editar. Publicam coisas sem pé e nem cabeça, arcando com sérios
prejuízos, e recusam pérolas literárias, com potencial de se tornarem
best-sellers e carrearem, por conseqüência, lucros líquidos e certos para os
seus cofres. Isso aconteceu, também, com essa jovem escritora, cujo livro teve
os custos bancados pela família, em edição particular. Uma pena.
Escrevi, escrevi e
escrevi e ainda não disse nada sobre essa personagem fascinante e sobre o seu
livro de tirar o fôlego. Não revelei, por exemplo, que ela reside em Paulínia,
cidade industrial integrante da Região Metropolitana de Campinas, que tomou
como cenário principal da sua instigante história. Não disse que, apesar de ter
todo esse talento que tem, trata-se de uma adolescente normal, com gostos e
procedimentos típicos das pessoas de sua idade, o que a torna ainda mais
fascinante aos meus olhos. Ou seja, não posa de “gênio”, embora eu tenha
certeza que o seja. Não destaquei que é apaixonada por leitura (só poderia ser)
e que já leu, desde menininha, quando aprendeu a ler, mais livros do que a
imensa maioria dos marmanjos que conheço e que “arrotam” a cultura que nem têm.
Não mencionei, sequer, que foi incentivada a escrever pelos pais e professores,
que viram nela um talento em bruto, a ser lapidado. Escreverei tudo isso, com
mais vagar, quando analisar com vocês o seu romance.
Mas para quem,
eventualmente, quiser se antecipar aos meus comentários e conhecer o livro que
tanto me impressionou, deixo o endereço eletrônico da autora, para contatos e
para encomendar seu impressionante relato ficcional:
carolrocha-vampiro@hotmail.com
(após o Carol Rocha e antes do vampiro, há o sinal underline que não tenho no
teclado do meu computador).
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