Orgia de sons
Flutua no ar uma canção estranha,
bárbara e viril, mas terna: paradoxo.
O pensamento
passeia, vagabundo, entre as estrelas
e o corpo, frágil
corpo, padece na luta renhida.
Navio fantasma
singra ignotos mares,
raios, trovões,
tempestades pavorosas.
Cantos de sereias
provocantes e letais,
Ulisses a lutar
com humanos instintos.
Nave estelar
volteia insólito planeta,
além de Sirius,
Canopus ou Aldebarã,
calor intenso de
bilhões e bilhões de graus,
nave que suporta
mil sóis.
Perplexidade de sonhos,
de fantasias,
pensamento mais
veloz do que a luz
abarca imensidões
inconcebíveis
imune a hecatombes
galácticas, universais.
Noite, noite
escura, noite eterna
salpicada de
infindáveis focos de luz.
Treva, o universo
é treva, sem princípio ou fim,
infinitésimo de
segundo de brilho fugaz.
Estrondos
mega-sônicos, horrendos.
Explosão de
estrelas, constelações, galáxias.
O universo é
povoado por orgia de sons...
Flutua no ar uma
estranha canção...
(Poema composto em São Caetano do Sul, em
28 de janeiro de 1964)
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