Cantinho da memória
Pedro J. Bondaczuk
Minha memória
sai ao sol,
num passeio
pelo trigal dourado,
pelo lago
cristalino e azul,
pela fonte
luminosa da praça.
Minha memória
quer banhar-se
nas águas do
Rio Santa Rosa,
aspirar o
aroma dos bosques,
ouvir a
algaravia das aves.
Retorna, com
minhas lembranças,
à varanda da
casa de vovô,
perfumada pelo
aroma adocicado
das flores de
laranjeira,
preservada,
num cantinho do passado,
como meu Éden
particular,
minha alvorada
para a vida,
meu paraíso
indevassável
de beleza e
encantamento,
indestrutível
momento fatal.
Retorna e
reencontra
todos jovens
outra vez,
preservados
dos desgastes
e alucinações
do Tempo,
todos vivos e
saudáveis,
como antes,
mais que
antes,
num cantinho
do passado,
em algum
recanto ignoto,
em alguma
dimensão da vida.
Não tem
limitações no espaço,
derruba as
barreiras do Tempo,
invade os
campos do infinito,
tenta
desbravar a eternidade
pois, quando
me sinto triste,
triste,
triste, triste mesmo,
pensando até
em morrer,
minha memória
(doce essência)
me abandona,
simplesmente,
e, nas asas da
recordação,
sai só, a
passear ao sol..
(Poema composto em Campinas,
em 15 de agosto de 1974)
.
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