Uma teoria da
conspiração
Pedro
J. Bondaczuk
O naufrágio do Titanic
permaneceu praticamente esquecido por um punhado de anos, mas nunca por
completo. Volta e meia era lançado algum livro a respeito, de ficção ou não (e
há tantos que se torna inviável sua simples menção, tamanha é a quantidade).
Filmes há pelo menos dez. Conheço uns três seriados de televisão sobre o caso.
Além disso, foram publicadas, periodicamente, reportagens em jornais e revistas
(como uma, de Seleções do Reader Digest’s, de 1956, que considero das mais
esclarecedoras) ora repetindo detalhes divulgados anteriormente, por outros
meios de comunicação, ora trazendo novas informações a respeito. Pode-se dizer,
pois, que o assunto nunca saiu completamente de pauta. Foi, e continua sendo,
tema recorrente.
Ademais, não faltaram
matérias bizarras a propósito, tipo “teorias da conspiração”. A mais difundida
(e popular) delas é a que tenta nos fazer crer que o transatlântico que afundou
nas águas gélidas do Atlântico Norte, próximo à costa canadense, em 14 de abril
de 1912, causando a morte de 1523 pessoas, entre passageiros e tripulantes, não
foi o Titanic, mas seu “irmão gêmeo”, o Olympic, também pertencente à companhia
de navegação White Star Line.
O principal defensor
dessa versão (mas não o único) é o escritor britânico
Robin Gardiner, autor dos livros “The Titanic Conspiracy: Cover-ups and
Mysteries of the World·s Most Famous Sea Disaster” (“A Conspiração Titanic:
Acobertamentos e Mistérios do Mais Famoso Desastre Marítimo do Mundo”) e
“Titanic: The Ship that Never Sank” (“Titanic: o Navio que Nunca Afundou”),
ambos sem versão em português.
Entendo que
se trate de mera fantasia (embora não tenha como provar), mas os argumentos que
esse sujeito apresenta são verossímeis. Poderia ter acontecido o que ele
escreveu? Sim, poderia. Mas, aconteceu de fato? Aí já são outros quinhentos.
Para que o leitor entenda a tese de Robin Gardiner, transcrevo dois parágrafos
da excelente matéria de Rodrigo Cintra, publicada em 10 de abril de 2012 no
blog Portal Marítimo (http://portalmaritimo.com),
sob o título: “Teorias da Conspiração dizem que naufrágio do Titanic foi uma
jogada de seguros”:
“A White Star Line
teria trocado os nomes dos seus transatlânticos para destruir,
intencionalmente, o Olympic, que havia sofrido sérios danos depois de colidir
com o cruzador HMS Hawke, em setembro de 1911. Como o Olympic não estava no
seguro, a empresa teria armado um plano diabólico: trocar as identificações dos
dois navios, enviar o Olympic travestido na estréia do Titanic, afundá-lo em
local seguro, resgatar passageiros e tripulantes e receber a indenização
contratada para o Titanic. Daí por diante, o verdadeiro Titanic seguiria
carreira como Olympic. Genial, não? Mas, como se sabe, deu tudo errado”.
E Rodrigo Cintra
arremata assim seu detalhado texto: “Os adeptos da teoria apontam diversas
evidências de que o naufrágio foi premeditado. A primeira é que o milionário J.
P. Morgan, um dos sócios da White Star Line, desistiu de embarcar no Titanic às
vésperas da viagem. Na época, ele justificou o cancelamento como superstição em
relação a viagens inaugurais. Morgan também teria suspendido o envio de obras
de arte nos porões do Titanic. Por que o dono do navio “praticamente
·inafundável” – como era anunciado – perderia a viagem histórica do então maior
transatlântico do mundo? A tese conspiratória diz que Morgan e seu sócio J.
Bruce Ismay foram os autores do plano. O motivo? Grana, é claro. A White Star
Line enfrentava dificuldades financeiras por causa da concorrência da Cunard
Line, cujos navios Lusitania e Mauretania dominavam as linhas marítimas desde
1907. Em caso de acidente com o Titanic, a seguradora pagaria 750 mil libras,
valor que cobriria as perdas com a colisão do Olympic e ainda deixaria a
empresa com um navio novinho em folha para ligar a Europa aos Estados Unidos”.
Prestem atenção: esta
teoria da conspiração não é de autoria de Rodrigo Cintra. É de Robin Gardiner.
O autor desse excelente artigo limita-se a citá-la, bem como e à respectiva
fonte, ou seja, os dois livros do escritor britânico. Claro que pouquíssimos
levaram a “denúncia” a sério, a despeito da verossimilhança da sua narrativa
com o que aconteceu. O fato de eu trazer isso à baila não significa, quero
deixar isso muito claro, que eu acredite nessa bizarra versão do naufrágio.
Todavia, como prometi ao leitor André de Oliveira abordar aspectos, se não
novos, pelo menos não tão batidos, a propósito do fim do Titanic (e justo em
sua viagem inaugural) achei oportuno escrever a respeito, para que o leitor
saiba que até isso já foi dito (e escrito) sobre a centenária tragédia no mar.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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