Rock
in Rio
Pedro J. Bondaczuk
O Rock in Rio, um dos
grandes festivais internacionais desse ritmo trepidante – que vem mobilizando a
juventude do mundo globalizado já de algumas gerações, por quase sete décadas
– (há quem diga que é o maior do
Planeta), vai completar, na edição de 2013, 38 anos. Ao longo desse período,
sofreu várias transformações, aliás previsíveis, porquanto os gostos e os
comportamentos das pessoas mudam ao longo do tempo, ao sabor das mudanças políticas,
econômicas e sociais que se verificam nessa cada vez mais “encolhida” e
superpovoada aldeia global. Por uma série de razões, o evento é tema bastante
propício a escritores, mesmo que à primeira vista possa não parecer.
Enseja análises de
diversos tipos e não somente artísticas, ou seja, sobre tendências rítmicas
dessa vertente musical e de seus diversos astros e estrelas, que surgem, alguns
desaparecem e outros tantos se consolidam na preferência e na memória dos
amantes desse ritmo. Abre espaço para que se analisem fatos e comportamentos
políticos, sociais e econômicos de um já razoável período, abrangendo quinze
anos do final de um século (o XX) e mais de uma década de outro (o XXI).
Concentro minha atenção, como escritor comprometido com a realidade do meu tempo, não propriamente na história desse festival, embora nada me impeça de abordá-la, posto que não com a profundidade que o leitor talvez espere. Para isso, já há livros, que tratam desse aspecto, com a abrangência e meticulosidade que se requer. Cito, até a título de sugestão, recente lançamento da Editora Globo, de autoria do jornalista Luís Felipe Carneiro. Refiro-me ao livro “Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo”. Portanto, no aspecto histórico, pouco, ou mesmo nada, me restaria a acrescentar. Concentrarei, pois, minha atenção no “entorno” desse evento.
Antes de tudo, neste
texto introdutório da longa análise que pretendo fazer a propósito nos próximos
dias, e até por uma questão de honestidade intelectual, devo confessar que o
rock não é, propriamente, minha preferência musical. Esta eu divido em três
grandes vertentes, e na seguinte ordem: em primeiro lugar, vêm os clássicos, os
mestres da música erudita, como Beethoven, Chopin, Mozart, Lizt, Mendhelsson,
Haydn, Haendel, Tchaikowski, Villa-Lobos e claro, Bach, entre tantos e tantos e
tantos outros compositores geniais.
Em segundo lugar estão os astros da MPB (notadamente da Bossa Nova) e as composições de autores norte-americanos, popularizadas pelo cinema, de Irvin Berlin, Cole Porter, da dupla Roger and Hart, e vai por aí afora. Em terceiro, finalmente, vem o rock. E nesse ritmo, mesmo com risco de ser rotulado de “careta”, “quadrado” e outras coisas do gênero (todas com conotações de atraso, de antiguidade etc,) minha preferência recai em Elvis Presley, em detrimento dos Beatles e Rolling Stones.
É mister se distinguir que, não “preferir” o que quer que seja, não significa “não gostar”. Quer dizer, somente, que essa não preferência exprime apenas que o não preferido não é prioritário. Gosto, pois, de rock, mas não de tudo o que leva esse rótulo e não tanto quanto aprecio outros tipos de música. Ademais, me apraz ouvi-lo, mas em ocasiões e circunstâncias adequadas. Por exemplo, não faço de um pesado “bate-estaca” trilha sonora para um romance, para uma noite (ou manhã ou tarde, não importa) de namoro. Na minha visão, ambos são incompatíveis.
Ademais, não preferir não equivale a desconhecer. Procuro informar-me sobre tudo o que cerca esse ritmo e seus intérpretes, mesmo não sendo meus preferidos. Não fazer isso seria uma forma de alienação. Afinal, o rock existe, propicia determinados tipos de comportamento, inspira modas, movimenta toda uma indústria que arrecada bilhões de dólares por ano, além de mobilizar multidões, não raro fanatizadas e até enlouquecidas. Isso tudo é realidade, que é matéria prima tanto do jornalista (e jornalismo é a minha profissão), quanto do escritor (e a literatura é a minha paixão), posto que neste último caso, por uma ótica diferente, mais completa e abrangente.
O Rock in Rio, cuja primeira edição ocorreu em janeiro de 1985, foi idealizado, originalmente, pelo empresário brasileiro Roberto Medina. O pitoresco é que, de suas dez edições, apenas quatro foram realizadas na cidade que lhe empresta o nome, ou seja, no Rio de Janeiro: as de 1985, 1991, 2001 e 2011. Lisboa foi a localidade que por mais vezes acolheu o festival: em cinco oportunidades, a saber em 2004, 2006, 2008, 2010 e 2012. Com a edição deste ano, Madri abrigou o evento por três vezes: 2008, 2010 e 2012.
Houve três ocasiões em que o festival foi realizado duas vezes no mesmo ano, posto que em cidades diferentes: 2008 (Lisboa e Madri), 2010 e 2012 (ambos, igualmente, nessas duas capitais ibéricas). Para 2014, estão programadas três edições. Elas estão previstas para acontecer em três cidades diferentes, sendo que duas (Lima e Buenos Aires) receberão o evento pela primeira vez e uma (Lisboa) ampliará ainda mais sua vantagem de localidade que por mais vezes acolheu o Rock in Rio.
Lembro-me de ter lido na imprensa que, em 12 de maio de 2012, 50% dos direitos do festival foram adquiridos pela empresa IMX, do bilionário brasileiro Eike Batista. Esses dados, e muitos outros, poderão ser encontrados no livro que recomendei, do jornalista Luís Felipe Carneiro e, por isso, provavelmente, não voltarei a mencioná-los. Amanhã, certamente, discorrerei mais objetivamente sobre o assunto.
Acompanhe-me pelo twitter; @bondaczuk
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