A guerra está somente no
início
Pedro J. Bondaczuk
O
acordo obtido pelos sete países mais industrializados do mundo capitalista, na
recém-finda reunião de cúpula realizada em Tóquio, embora tenha sido uma
importante vitória contra o terrorismo internacional, não significa que esse
flagelo esteja superado, ou sequer em vias de superação. As medidas combinadas,
por sinal, eram tão óbvias, que surpreende o observador quando ele sabe que as
mesmas não vinham sendo tomadas já rotineiramente há bastante tempo.
O
sistema de pressão concentrada, aprovado no encontro, contra Estados que
abriguem, ou de qualquer forma apoiem, extremistas, pode até dar resultado.
Todavia, não é nenhuma garantia de que novos e espetaculosos atos de selvageria
não virão a ser praticados. Especialmente aqueles envolvendo bens e cidadãos
norte-americanos.
Em
princípio, não é tão fácil, como aparenta, identificar a base de operações dos
diversos grupos que atuam desde o Sri Lanka à Colômbia, da Índia ao Peru, do
Japão ao Chile, abrangendo áreas as mais diversas e distantes. Afirmar que
todas essas unidades terroristas são comandadas de Tripoli, pelo coronel
Muammar Khadafy, é superestimar sua capacidade de comando.
Aliás,
é até muito contestável se ele está mesmo por trás de vários dos atos de que
vem sendo acusado, senão na maioria deles. E afirmamos isso, não num sentido de
defesa desse líder líbio, que deve ter lá as suas motivações, mas porque
qualquer erro de avaliação em assuntos dessa natureza pode custar centenas de
vidas a cidadãos inocentes.
Nada
é mais perigoso do que uma falsa sensação de segurança, do que a enganosa
impressão de que coisa alguma poderá nos atingir. Até porque, isso se tornou
virtualmente impossível no complexo e cada vez mais complicado mundo em que
vivemos.
É
verdade que já se fazia necessário que houvesse algum severo contra-ataque ao
terrorismo, que em virtude da impunidade, vinha aumentando o seu grau de
atrevimento. Países inteiros passaram nos últimos tempos a ser virtualmente
chantageados por grupelhos inexpressivos. E quando não aceitavam se submeter a
essa situação vexatória, se viam na contingência de colocar em sério risco as
vidas de alguns de seus cidadãos.
O
seqüestro dos seqüestradores do transatlântico italiano "Achille
Lauro", realizado espetacularmente pelos norte-americanos, em outubro do
ano passado, foi uma reversão disso, além de um claro recado a essas entidades,
de que elas não poderiam e não iriam continuar agindo, por muito tempo, com a
quase absoluta impunidade.
Essa
guerra, que envolve uma desproporção de forças tão grande que equivale em
tentar alvejar uma vespa com um poderoso canhão, está, contudo, recém
começando. Como todo o conflito, certamente vai implicar em extraordinárias
vitórias, mas trará, também, inúmeros reveses.
O
mais importante, porém, é demonstrar a esses grupelhos que ninguém os teme e
que governo algum está mais disposto a ficar de braços cruzados, enquanto eles
tentam implantar pela força seus sistemas utópicos de sociedade, ou defender
outras tantas teses, sem nenhuma sustentação na realidade.
(Artigo publicado na página 11,
Internacional, do Correio Popular, em 8 de maio de 1986)
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