Tuesday, February 19, 2013


A guerra está somente no início

Pedro J. Bondaczuk

O acordo obtido pelos sete países mais industrializados do mundo capitalista, na recém-finda reunião de cúpula realizada em Tóquio, embora tenha sido uma importante vitória contra o terrorismo internacional, não significa que esse flagelo esteja superado, ou sequer em vias de superação. As medidas combinadas, por sinal, eram tão óbvias, que surpreende o observador quando ele sabe que as mesmas não vinham sendo tomadas já rotineiramente há bastante tempo.

O sistema de pressão concentrada, aprovado no encontro, contra Estados que abriguem, ou de qualquer forma apoiem, extremistas, pode até dar resultado. Todavia, não é nenhuma garantia de que novos e espetaculosos atos de selvageria não virão a ser praticados. Especialmente aqueles envolvendo bens e cidadãos norte-americanos.

Em princípio, não é tão fácil, como aparenta, identificar a base de operações dos diversos grupos que atuam desde o Sri Lanka à Colômbia, da Índia ao Peru, do Japão ao Chile, abrangendo áreas as mais diversas e distantes. Afirmar que todas essas unidades terroristas são comandadas de Tripoli, pelo coronel Muammar Khadafy, é superestimar sua capacidade de comando.

Aliás, é até muito contestável se ele está mesmo por trás de vários dos atos de que vem sendo acusado, senão na maioria deles. E afirmamos isso, não num sentido de defesa desse líder líbio, que deve ter lá as suas motivações, mas porque qualquer erro de avaliação em assuntos dessa natureza pode custar centenas de vidas a cidadãos inocentes.

Nada é mais perigoso do que uma falsa sensação de segurança, do que a enganosa impressão de que coisa alguma poderá nos atingir. Até porque, isso se tornou virtualmente impossível no complexo e cada vez mais complicado mundo em que vivemos.

É verdade que já se fazia necessário que houvesse algum severo contra-ataque ao terrorismo, que em virtude da impunidade, vinha aumentando o seu grau de atrevimento. Países inteiros passaram nos últimos tempos a ser virtualmente chantageados por grupelhos inexpressivos. E quando não aceitavam se submeter a essa situação vexatória, se viam na contingência de colocar em sério risco as vidas de alguns de seus cidadãos.

O seqüestro dos seqüestradores do transatlântico italiano "Achille Lauro", realizado espetacularmente pelos norte-americanos, em outubro do ano passado, foi uma reversão disso, além de um claro recado a essas entidades, de que elas não poderiam e não iriam continuar agindo, por muito tempo, com a quase absoluta impunidade.

Essa guerra, que envolve uma desproporção de forças tão grande que equivale em tentar alvejar uma vespa com um poderoso canhão, está, contudo, recém começando. Como todo o conflito, certamente vai implicar em extraordinárias vitórias, mas trará, também, inúmeros reveses.

O mais importante, porém, é demonstrar a esses grupelhos que ninguém os teme e que governo algum está mais disposto a ficar de braços cruzados, enquanto eles tentam implantar pela força seus sistemas utópicos de sociedade, ou defender outras tantas teses, sem nenhuma sustentação na realidade.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 8 de maio de 1986)

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