Sunday, February 03, 2013

Hora da verdade

Pedro J. Bondaczuk

A hora da verdade chegou para os candidatos a prefeitos e vereadores em mais de 4 mil municípios brasileiros e, evidentemente, em Campinas. Em poucas horas, o eleitor vai confirmar ou desmentir as pesquisas de opinião que, embora feitas dentro de critérios científicos, estão longe do rigor absoluto. Caso fossem matematicamente exatas, com resultados impossíveis de modificar, seriam dispensáveis as eleições, com toda a logística e as despesas que implicam.

Bastaria apurar, tomando um universo de 800 a mil pessoas, o preferido dos pesquisados e investi-lo no cargo, sem mais discussões. Mas não é assim que a democracia funciona. O cidadão é livre para expressar sua opinião pelo voto, agora eletrônico, e pode mudá-la até em cima da hora. Nada impede que aja dessa maneira.

Portanto, o eleitor não deve mudar suas convicções tendo por base unicamente as pesquisas. Precisa votar seguindo o que dita a sua consciência. Não se deve deixar levar, por conseqüência, pelo trabalho de boca de urna dos cabos eleitorais.

Nunca é demais reiterar, também, que o voto, mais do que uma obrigação é um direito. Seu exercício representa a plenitude da cidadania. Anulá-lo ou deixar de exercer a prerrogativa de escolher seu representante significa abrir mão da participação na organização da sociedade em que se está inserido.

Ninguém deixa de votar para a escolha da diretoria do clube a que pertence ou do síndico de seu condomínio, por exemplo. Muito mais razão tem para exercer plenamente esse direito em eleições municipais, que são muito mais importantes do que as estaduais ou para a Presidência.

Nesta votação, o cidadão estará escolhendo aquele que pode melhorar ou piorar diretamente o seu patrimônio. Estará elegendo quem vai determinar se a rua da sua casa será asfaltada ou não, se terá ou não coleta de lixo, se seu bairro vai ter escola, creche, posto de saúde, etc.

A vida de cada um será afetada, concorde ou não, de forma direta, por aquele que for o escolhido. O mesmo vale para o cargo de vereador. Vai ser ele que irá ditar quanto de imposto o cidadão vai pagar, onde e quais obras serão realizadas, o que o prefeito poderá ou não gastar, etc. Este, por sua vez, será o "síndico" desse enorme condomínio que é sua cidade

Por isso, o voto a ser teclado nas próximas horas será preciosíssimo e tem que ser valorizado. Terá que ser consciente, pensado e dado com convicção. Depois, é só cobrar trabalho do escolhido pela maioria. Trata-se da democracia tornada concreta através do seu ritual básico: o voto. Exerça-o com responsabilidade.

(Artigo escrito em 26 de setembro de 1996)

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