Soluções vão surgir do debate amplo e construtivo
Pedro J. Bondaczuk
O hábito de se fazer consultas e estudos, em determinados
setores, para avaliar o que pensam, tão comum nos Estados Unidos, está chegando
ao Brasil. Em menos de um mês, foi divulgada a terceira pesquisa realizada
junto a empresários da área de informática, dessa vez levada a efeito pela
Associação Brasileira de Computadores e Periféricos.
No entanto, o levantamento não se
limitou a oferecer meros dados estatísticos sobre opiniões “x”, “y” ou “z”.
Aprofundou-se em coisas mais concretas, como, por exemplo, quais são os
obstáculos que mais atrapalham as empresas do ramo e o que seus dirigentes
entendem que deva ser mudado na atual lei de reserva de mercado.
Os dados da Abicomp, aliás, não
conflitam com os colhidos nas consultas anteriores, mas explicitam melhor o que
aborrece os empresários. O empecilho mais citado, que obteve a quase
unanimidade dos consultados, é a falta de regras e de definições claras.
Embora se trate de uma falha
óbvia, pouca coisa tem sido feita para saná-la. Falta, muitas vezes, coerência
(e principalmente transparência) por parte da Secretaria Especial de
Informática, na aplicação das normas vigentes, obscuras de per si.
Essa reclamação, aliás, nem é somente dos empresários
brasileiros. Muitos executivos externos, interessados em investir no Brasil,
têm queixa idêntica. Outro ponto a destacar no estudo da Abicomp é a
expectativa dos consultados quanto à flexibilização das regras para a absorção
de tecnologia externa.
A reserva de mercado, com suas
falhas e imperfeições (muito evidentes, por sinal) foi considerada (houve
praticamente unanimidade sobre esse aspecto) como a política que mais beneficia
o setor de informática e as empresas brasileiras que atuam no ramo.
O que se pretende, e as
autoridades têm se mostrado sensíveis a esse reclamo, na elaboração do II
Planin, é que o leque de abrangência das medidas protetoras seja estreitado. E
isso tanto para produtos, quanto para fabricantes.
Mas o principal mérito da
pesquisa da Abicomp, assim como das duas anteriores, é o de estimular o debate.
E embora a afirmação se constitua em clichê, nunca é demais repeti-la: “é da
discussão que nasce a luz”.
(Artigo, escrito por mim, sob pseudônimo de Alex H. Bentley, publicado na
página 12, Informática, do Correio Popular, em 29 de julho de 1988).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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