Friday, February 07, 2014

Soluções vão surgir do debate amplo e construtivo

  
Pedro J. Bondaczuk

O hábito de se fazer consultas e estudos, em determinados setores, para avaliar o que pensam, tão comum nos Estados Unidos, está chegando ao Brasil. Em menos de um mês, foi divulgada a terceira pesquisa realizada junto a empresários da área de informática, dessa vez levada a efeito pela Associação Brasileira de Computadores e Periféricos.

No entanto, o levantamento não se limitou a oferecer meros dados estatísticos sobre opiniões “x”, “y” ou “z”. Aprofundou-se em coisas mais concretas, como, por exemplo, quais são os obstáculos que mais atrapalham as empresas do ramo e o que seus dirigentes entendem que deva ser mudado na atual lei de reserva de mercado.

Os dados da Abicomp, aliás, não conflitam com os colhidos nas consultas anteriores, mas explicitam melhor o que aborrece os empresários. O empecilho mais citado, que obteve a quase unanimidade dos consultados, é a falta de regras e de definições claras.

Embora se trate de uma falha óbvia, pouca coisa tem sido feita para saná-la. Falta, muitas vezes, coerência (e principalmente transparência) por parte da Secretaria Especial de Informática, na aplicação das normas vigentes, obscuras de per si.

Essa reclamação, aliás, nem é somente dos empresários brasileiros. Muitos executivos externos, interessados em investir no Brasil, têm queixa idêntica. Outro ponto a destacar no estudo da Abicomp é a expectativa dos consultados quanto à flexibilização das regras para a absorção de tecnologia externa.

A reserva de mercado, com suas falhas e imperfeições (muito evidentes, por sinal) foi considerada (houve praticamente unanimidade sobre esse aspecto) como a política que mais beneficia o setor de informática e as empresas brasileiras que atuam no ramo.

O que se pretende, e as autoridades têm se mostrado sensíveis a esse reclamo, na elaboração do II Planin, é que o leque de abrangência das medidas protetoras seja estreitado. E isso tanto para produtos, quanto para fabricantes.

Mas o principal mérito da pesquisa da Abicomp, assim como das duas anteriores, é o de estimular o debate. E embora a afirmação se constitua em clichê, nunca é demais repeti-la: “é da discussão que nasce a luz”.

(Artigo, escrito por mim, sob pseudônimo de Alex H. Bentley, publicado na página 12, Informática, do Correio Popular, em 29 de julho de 1988).


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