Signo eleitoral
Pedro J. Bondaczuk
O ano que está chegando ao
fim, em termos políticos, girou em torno de eleições. E não se
tratou apenas da escolha dos novos prefeitos e vereadores nos mais de
4 mil municípios brasileiros, que mobilizou quase cem milhões de
eleitores. O tema circulou em todas as bocas ao longo de 1996 inteiro
e promete ser o assunto do momento de 1997. E isso por duas razões.
A principal é o empenho cada
vez maior da base parlamentar do governo para a aprovação da emenda
constitucional que ainda tramita em comissões da Câmara de
Deputados, sobre reeleição, em especial a do presidente da
República.
Esta circunstância
virtualmente paralisou a votação no Congresso de importantes
reformas, há tanto aguardadas e sempre proteladas, como as
previdenciária e a administrativa, além da fiscal que sequer saiu
do papel.
A outra razão é a
antecipação da campanha sucessória de 1998, o que pode ser um
enorme obstáculo ao governo para a execução do seu programa na
metade do atual mandato que lhe resta.
Nas eleições municipais o
grande beneficiado foi o PPB, do prefeito Paulo Maluf. O partido
conquistou, além da prefeitura da maior cidade da América do Sul,
algumas outras preciosas capitais e, de quebra, Campinas. O PSB
também não tem do que se queixar, depois de uma performance
surpreendente nas urnas.
No polo oposto, o perdedor
maior foi o PT, que ficou sem Belo Horizonte, sem Goiânia, além de
perder Santos e Ribeirão Preto, onde sofreu surpreendentes e
inesperadas derrotas. Mas conservou Porto Alegre. O PSDB virtualmente
manteve a posição, sem avanços ou recuos e o PMDB mostrou que
continua forte e com boas possibilidades de conquistar a Presidência
(provavelmente com José Sarney).
O PFL, como coadjuvante do
governo, não fez feio e ficou com a prefeitura da segunda maior
cidade brasileira, o Rio de Janeiro, reforçando o cacife eleitoral
de César Maia, de olho no governo do Estado ou, quem sabe, até
mesmo numa eventual vice-presidência na chapa com Fernando Henrique
Cardoso, caso a reeleição seja aprovada (e tudo indica que será).
Outro candidato praticamente
certo ao Planalto é Paulo Maluf, que não esconde de ninguém essa
pretensão. No PT, tudo indica que Luís Inácio Lula da Silva não
se dispõe a enfrentar uma terceira eleição presidencial, deixando
a tarefa de representar o partido para o atual prefeito de Porto
Alegre, Tarso Genro, um dos políticos petistas mais brilhantes e de
maior futuro.
Mas as atenções do
campineiro voltam-se todas para a posse, no primeiro dia de 1997, de
Francisco Amaral e da nova Câmara Municipal, com poucas modificações
em relação à anterior. Negociações de bastidores reordenam as
forças políticas do município para dar ao novo prefeito condições
de governar. Até porque, por sua importância e projeção nacional,
Campinas pode ser muito importante para as pretensões presidenciais
de Paulo Maluf por se tratar do segundo maior colégio eleitoral do
Estado mais populoso do País.
(Artigo escrito em 9 de
dezembro de 1996)
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