Friday, November 24, 2017

Signo eleitoral

Pedro J. Bondaczuk

O ano que está chegando ao fim, em termos políticos, girou em torno de eleições. E não se tratou apenas da escolha dos novos prefeitos e vereadores nos mais de 4 mil municípios brasileiros, que mobilizou quase cem milhões de eleitores. O tema circulou em todas as bocas ao longo de 1996 inteiro e promete ser o assunto do momento de 1997. E isso por duas razões.

A principal é o empenho cada vez maior da base parlamentar do governo para a aprovação da emenda constitucional que ainda tramita em comissões da Câmara de Deputados, sobre reeleição, em especial a do presidente da República.

Esta circunstância virtualmente paralisou a votação no Congresso de importantes reformas, há tanto aguardadas e sempre proteladas, como as previdenciária e a administrativa, além da fiscal que sequer saiu do papel.

A outra razão é a antecipação da campanha sucessória de 1998, o que pode ser um enorme obstáculo ao governo para a execução do seu programa na metade do atual mandato que lhe resta.

Nas eleições municipais o grande beneficiado foi o PPB, do prefeito Paulo Maluf. O partido conquistou, além da prefeitura da maior cidade da América do Sul, algumas outras preciosas capitais e, de quebra, Campinas. O PSB também não tem do que se queixar, depois de uma performance surpreendente nas urnas.

No polo oposto, o perdedor maior foi o PT, que ficou sem Belo Horizonte, sem Goiânia, além de perder Santos e Ribeirão Preto, onde sofreu surpreendentes e inesperadas derrotas. Mas conservou Porto Alegre. O PSDB virtualmente manteve a posição, sem avanços ou recuos e o PMDB mostrou que continua forte e com boas possibilidades de conquistar a Presidência (provavelmente com José Sarney).

O PFL, como coadjuvante do governo, não fez feio e ficou com a prefeitura da segunda maior cidade brasileira, o Rio de Janeiro, reforçando o cacife eleitoral de César Maia, de olho no governo do Estado ou, quem sabe, até mesmo numa eventual vice-presidência na chapa com Fernando Henrique Cardoso, caso a reeleição seja aprovada (e tudo indica que será).

Outro candidato praticamente certo ao Planalto é Paulo Maluf, que não esconde de ninguém essa pretensão. No PT, tudo indica que Luís Inácio Lula da Silva não se dispõe a enfrentar uma terceira eleição presidencial, deixando a tarefa de representar o partido para o atual prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, um dos políticos petistas mais brilhantes e de maior futuro.

Mas as atenções do campineiro voltam-se todas para a posse, no primeiro dia de 1997, de Francisco Amaral e da nova Câmara Municipal, com poucas modificações em relação à anterior. Negociações de bastidores reordenam as forças políticas do município para dar ao novo prefeito condições de governar. Até porque, por sua importância e projeção nacional, Campinas pode ser muito importante para as pretensões presidenciais de Paulo Maluf por se tratar do segundo maior colégio eleitoral do Estado mais populoso do País.

(Artigo escrito em 9 de dezembro de 1996)



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