Tuesday, November 28, 2017

Nossa maior eleição


Pedro J. Bondaczuk


O País está a escassos 13 dias das maiores eleições que já realizou em sua história, tanto em número de eleitores mobilizados e de cidadãos convocados a trabalhar para a Justiça Eleitoral, quanto em quantidade de candidatos e cargos em disputa.

A rigor, tomando por base esses parâmetros, trata-se da quarta maior votação do mundo, abaixo, apenas, das que se realizam na Índia, nos Estados Unidos e na Rússia. Dois países mais populosos do que o Brasil, a China e a Indonésia, escolhem seus representantes mediante listas predeterminadas, de um partido único. Não se trata, pois, de uma consulta democrática às urnas.

Para que o leitor tenha uma ideia das dimensões desse processo, basta dizer que, somente o número de pessoas encarregadas da recepção e posterior apuração de votos, num total de 2,5 milhões, equivale à população total de uma quantidade considerável de países, como por exemplo, o Uruguai.

Há, de acordo com relatório divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral, 94.768.404 eleitores habilitados, 34% dos quais analfabetos (ou puros ou os chamados "funcionais", designação que se dá àqueles que somente sabem "desenhar" seus nomes).

O aspecto que gostaríamos de enfatizar é o de que, não fará nenhum sentido tamanho esforço, para que os cidadãos decidam sobre quem comandará os rumos do País, a um custo estimado de US$ 160 milhões, se parcela considerável da população optar pela omissão.

É inconcebível que se repita a enxurrada de votos brancos e nulos de eleições passadas, se for levado em conta que a escolha direta, principalmente do presidente da República, é o atendimento de uma aspiração penosamente conquistada, uma bandeira levantada por milhões de brasileiros, em meados da década passada, nas ruas e praças das principais cidades do País.

Não se concebe que um cidadão, por mais alienado, mal informado e ignorante que seja, abra mão desse direito de opinar, dessa responsabilidade de escolher, mesmo alegando desencanto e decepção com a classe política.

Grande parte da culpa pelas irregularidades que ocuparam as manchetes da imprensa nos últimos anos cabe ao próprio eleitor. Àquele sem critério de escolha, que troca o voto por empregos para si e para parentes. Do que se deixa subornar pelas várias formas existentes de suborno, dando "sinal verde" aos eleitos de que aceitam uma moralidade apenas de mentirinha. Ou pior, dos omissos, que não têm nenhum direito de cobrar omissões alheias.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 20 de setembro de 1994).



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