O presidente ideal
Pedro J. Bondaczuk
O eleitor brasileiro terá, em
3 de outubro próximo, a importante tarefa de escolher um novo
presidente da República tendo em mente que não pode mais cometer
erros como o da eleição passada. O governo que emergir das urnas
precisará contar com um sólido, bem fundamentado e factível
projeto nacional que defina as áreas prioritárias da nova
administração e que realmente governe.
Por isso, durante a campanha,
que começa a esquentar, se deve atentar não para a retórica do
candidato ou apenas para sua capacidade de descrever com crueza os
inúmeros problemas nacionais e muito menos sua eventual simpatia ou
antipatia.
Ataques de caráter pessoal,
igualmente, não devem ser levados em conta. Ou devem, mas no sentido
de não se votar em quem lança mão desse expediente, que apenas
reflete ausência de ideias e de soluções. Trata-se de perda de
tempo com algo que não será útil nem construtivo. Pelo contrário.
Embora a complexidade das
questões do nosso tempo exija atenção para todos os setores,
alguns são prioritários. Educação, por exemplo, é fundamental
para que o Brasil vença a atual crise e sua população encare o
futuro com mais confiança.
O campo social deve merecer
uma atenção muito particular, num momento em que 21% da população
vegeta na indigência, caldo de cultura para a violência e o
consequente caos. Saúde não pode, de forma nenhuma, ser relegada a
um segundo plano. Somente um povo forte e sadio terá condições de
enfrentar, e vencer, as contingências de um país em que
praticamente tudo está por fazer.
Estudo elaborado por Ib
Teixeira, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, revela que o
Brasil está entre os países do mundo que mais perdem vidas sadias.
A pesquisa toma por base a diferença entre a idade com que a pessoa
morreu e a expectativa de vida nessa faixa etária.
Em 1990, o País registrava 26
anos perdidos por mil habitantes, enquanto essas cifras eram de 17 no
México, 15 no Uruguai, 13 no Chile e 12 na Argentina. Trata-se,
pois, de mais um dado no qual o brasileiro está em desvantagem. Ou
seja, morre precocemente, quase 30 anos antes do normal.
Nenhuma dessas distorções,
contudo, será corrigida sem uma economia estável, em crescimento,
com taxas baixíssimas de inflação e a máxima geração de
empregos. Trabalho, produtividade e aumento de renda são
palavras-chave.
O País requer uma política
agrária e um reassentamento do homem no campo. E isso apenas poderá
ser feito por um governo com credibilidade, com amplo respaldo
político e popular e com capacidade de liderança. Tomara que o
eleito, seja quem for, nos surpreenda e tenha, senão esse perfil, ao
menos algo próximo dele.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 9 de junho de 1994).
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