Monday, November 13, 2017

O presidente ideal


Pedro J. Bondaczuk


O eleitor brasileiro terá, em 3 de outubro próximo, a importante tarefa de escolher um novo presidente da República tendo em mente que não pode mais cometer erros como o da eleição passada. O governo que emergir das urnas precisará contar com um sólido, bem fundamentado e factível projeto nacional que defina as áreas prioritárias da nova administração e que realmente governe.

Por isso, durante a campanha, que começa a esquentar, se deve atentar não para a retórica do candidato ou apenas para sua capacidade de descrever com crueza os inúmeros problemas nacionais e muito menos sua eventual simpatia ou antipatia.

Ataques de caráter pessoal, igualmente, não devem ser levados em conta. Ou devem, mas no sentido de não se votar em quem lança mão desse expediente, que apenas reflete ausência de ideias e de soluções. Trata-se de perda de tempo com algo que não será útil nem construtivo. Pelo contrário.

Embora a complexidade das questões do nosso tempo exija atenção para todos os setores, alguns são prioritários. Educação, por exemplo, é fundamental para que o Brasil vença a atual crise e sua população encare o futuro com mais confiança.

O campo social deve merecer uma atenção muito particular, num momento em que 21% da população vegeta na indigência, caldo de cultura para a violência e o consequente caos. Saúde não pode, de forma nenhuma, ser relegada a um segundo plano. Somente um povo forte e sadio terá condições de enfrentar, e vencer, as contingências de um país em que praticamente tudo está por fazer.

Estudo elaborado por Ib Teixeira, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, revela que o Brasil está entre os países do mundo que mais perdem vidas sadias. A pesquisa toma por base a diferença entre a idade com que a pessoa morreu e a expectativa de vida nessa faixa etária.

Em 1990, o País registrava 26 anos perdidos por mil habitantes, enquanto essas cifras eram de 17 no México, 15 no Uruguai, 13 no Chile e 12 na Argentina. Trata-se, pois, de mais um dado no qual o brasileiro está em desvantagem. Ou seja, morre precocemente, quase 30 anos antes do normal.

Nenhuma dessas distorções, contudo, será corrigida sem uma economia estável, em crescimento, com taxas baixíssimas de inflação e a máxima geração de empregos. Trabalho, produtividade e aumento de renda são palavras-chave.

O País requer uma política agrária e um reassentamento do homem no campo. E isso apenas poderá ser feito por um governo com credibilidade, com amplo respaldo político e popular e com capacidade de liderança. Tomara que o eleito, seja quem for, nos surpreenda e tenha, senão esse perfil, ao menos algo próximo dele.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 9 de junho de 1994).



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