Novo cenário político
Pedro J. Bondaczuk
As eleições
municipais deste ano, cujo primeiro turno ocorreu em 3 de outubro e o
segundo se verificou no domingo passado, podem ter servido como uma
espécie de prévia sobre o que acontecerá caso seja implantado o
parlamentarismo no País no plebiscito de abril de 1993.
Uma
das conclusões que se pôde tirar é a de que, mantido o quadro que
brotou das urnas, nenhum partido conseguiria maioria absoluta no
Parlamento que lhe permitisse formar um gabinete sem a necessidade de
alianças. O PMDB, em termos numéricos, de municípios conquistados,
foi o grande vencedor, elegendo 1.592 prefeitos, inclusive de quatro
capitais (Campo Grande, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza). O
segundo lugar coube ao PFL, embora em termos de grandes cidades tenha
a ostentar somente a vitória em Belém.
Os
outros partidos, pela ordem, tiveram a seguinte performance: 3º)
PDT, com 360 municípios (Cuiabá, Curitiba, Aracaju e João Pessoa);
4º) PSDB, com 293 (Macapá, Teresina, Salvador, Vitória e Porto
Velho); 5º) PTB, com 287 (nenhuma capital) e 6º) PL, com 237
(nenhuma capital).
O
grande perdedor foi o PT que, embora no Estado de São Paulo tenha
obtido grandes cidades e elegido os prefeitos de Rio Branco, Goiânia,
Porto Alegre e Belo Horizonte, no cômputo geral conquistou somente
33 prefeituras, perdendo, em termos numéricos, para o PDC (190
municípios, incluindo Palmas e Manaus), PST (142), PRN (82), PSB
(72, incluindo São Luís e Natal), PTR (51), PSC (43) e PSD (37).
É
claro que em números absolutos de votos o Partido dos Trabalhadores
superou essas siglas menores. Afinal, perdeu em São Paulo, maior
colégio eleitoral do País, somente no segundo turno, o mesmo
ocorrendo no Rio de Janeiro. E nos municípios interioranos que
conquistou, a maioria é de grande porte (como Santos, Ribeirão
Preto, Diadema, São José dos Campos, no Estado de São Paulo, e
Londrina, no Paraná).
Fazendo,
todavia, uma projeção, supondo cada um dos 4.932 municípios
brasileiros como sendo um distrito (o que não seria o caso) a
bancada petista, num Congresso parlamentarista, seria inexpressiva.
Jamais poderia sonhar com uma chefia de governo.
Caso
interessante a se destacar foi a vitória do PPS (ex-Partido
Comunista Brasileiro) em Florianópolis, sua única prefeitura
obtida. Duas capitais, Maceió e Boa Vista, ainda estavam com
resultados indefinidos quando a presente análise foi feita.
Além
de ser o grande vencedor em âmbito nacional, o PMDB também repetiu
a dose no mais populoso Estado da Federação, São Paulo, onde
elegeu prefeitos em 300 dos 635 municípios paulistas. Na região de
Campinas, por exemplo, o predomínio peemedebista foi para lá de
expressivo.
Embora
o partido não tenha logrado sair vitorioso em nossa cidade, ficou
com mais de 50 das prefeituras, ou seja, 47 de um total de 90. A
Segunda colocação coube ao PDS, com 10, vindo a seguir PSDB (nove),
PFL (nove), PTB (sete), PTR (duas), PL (duas) e outros (duas).
E
o sucesso não se prendeu, como pode parecer aos mais desavisados, à
tragédia que ceifou a vida do deputado Ulysses Guimarães, pois sua
morte ocorreu depois do primeiro turno eleitoral e no segundo o PMDB
não disputou nenhuma prefeitura de grande peso, em termos de
quantidade de eleitores. A performance confere-lhe, teoricamente, um
peso expressivo para as próximas jogadas no tabuleiro de xadrez da
política nacional.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de
novembro de 1992).
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