Monday, November 06, 2017

Novo cenário político



Pedro J. Bondaczuk



As eleições municipais deste ano, cujo primeiro turno ocorreu em 3 de outubro e o segundo se verificou no domingo passado, podem ter servido como uma espécie de prévia sobre o que acontecerá caso seja implantado o parlamentarismo no País no plebiscito de abril de 1993.

Uma das conclusões que se pôde tirar é a de que, mantido o quadro que brotou das urnas, nenhum partido conseguiria maioria absoluta no Parlamento que lhe permitisse formar um gabinete sem a necessidade de alianças. O PMDB, em termos numéricos, de municípios conquistados, foi o grande vencedor, elegendo 1.592 prefeitos, inclusive de quatro capitais (Campo Grande, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza). O segundo lugar coube ao PFL, embora em termos de grandes cidades tenha a ostentar somente a vitória em Belém.

Os outros partidos, pela ordem, tiveram a seguinte performance: 3º) PDT, com 360 municípios (Cuiabá, Curitiba, Aracaju e João Pessoa); 4º) PSDB, com 293 (Macapá, Teresina, Salvador, Vitória e Porto Velho); 5º) PTB, com 287 (nenhuma capital) e 6º) PL, com 237 (nenhuma capital).

O grande perdedor foi o PT que, embora no Estado de São Paulo tenha obtido grandes cidades e elegido os prefeitos de Rio Branco, Goiânia, Porto Alegre e Belo Horizonte, no cômputo geral conquistou somente 33 prefeituras, perdendo, em termos numéricos, para o PDC (190 municípios, incluindo Palmas e Manaus), PST (142), PRN (82), PSB (72, incluindo São Luís e Natal), PTR (51), PSC (43) e PSD (37).

É claro que em números absolutos de votos o Partido dos Trabalhadores superou essas siglas menores. Afinal, perdeu em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, somente no segundo turno, o mesmo ocorrendo no Rio de Janeiro. E nos municípios interioranos que conquistou, a maioria é de grande porte (como Santos, Ribeirão Preto, Diadema, São José dos Campos, no Estado de São Paulo, e Londrina, no Paraná).

Fazendo, todavia, uma projeção, supondo cada um dos 4.932 municípios brasileiros como sendo um distrito (o que não seria o caso) a bancada petista, num Congresso parlamentarista, seria inexpressiva. Jamais poderia sonhar com uma chefia de governo.

Caso interessante a se destacar foi a vitória do PPS (ex-Partido Comunista Brasileiro) em Florianópolis, sua única prefeitura obtida. Duas capitais, Maceió e Boa Vista, ainda estavam com resultados indefinidos quando a presente análise foi feita.

Além de ser o grande vencedor em âmbito nacional, o PMDB também repetiu a dose no mais populoso Estado da Federação, São Paulo, onde elegeu prefeitos em 300 dos 635 municípios paulistas. Na região de Campinas, por exemplo, o predomínio peemedebista foi para lá de expressivo.

Embora o partido não tenha logrado sair vitorioso em nossa cidade, ficou com mais de 50 das prefeituras, ou seja, 47 de um total de 90. A Segunda colocação coube ao PDS, com 10, vindo a seguir PSDB (nove), PFL (nove), PTB (sete), PTR (duas), PL (duas) e outros (duas).

E o sucesso não se prendeu, como pode parecer aos mais desavisados, à tragédia que ceifou a vida do deputado Ulysses Guimarães, pois sua morte ocorreu depois do primeiro turno eleitoral e no segundo o PMDB não disputou nenhuma prefeitura de grande peso, em termos de quantidade de eleitores. A performance confere-lhe, teoricamente, um peso expressivo para as próximas jogadas no tabuleiro de xadrez da política nacional.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de novembro de 1992).



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