Saturday, November 25, 2017

Privatização de florestas


Pedro J. Bondaczuk


A Secretaria de Desenvolvimento Integrado do Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), estão elaborando um projeto de privatização que tende a ser, no mínimo, polêmico. Não tanto, talvez, quanto o da Vale do Rio Doce, mas ainda assim suficiente para mobilizar a opinião pública.

Os dois órgãos querem "privatizar" 39 florestas brasileiras, das quais 15 estão localizadas no Estado do Amazonas. Seriam 7,4 milhões de hectares a serem administrados pela iniciativa privada, sabidamente mais eficiente do que o Estado em questões administrativas.

O projeto, que conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ainda está em estado bastante embrionário. A medida tanto pode representar a salvação das florestas brasileiras, mediante sua preservação, mas com exploração racional (de formas a que traga benefícios gerais), quanto significar sua extinção, como ocorreu em boa parte da Ásia, por exemplo.

Depende das regras que forem impostas. Depende de quem vai assumir esse patrimônio natural nacional (e que não sejam as madeireiras asiáticas). E depende das salvaguardas e restrições impostas, no sentido de evitar que represente mais uma devastação, disfarçada sob um pomposo rótulo, transformando vastas áreas verdes, riquíssimas em recursos biológicos talvez únicos no Planeta, em meros pastos para gado ou em desertos, como já se fez em outros tempos e circunstâncias.


(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de dezembro de 1996).


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