Privatização de florestas
Pedro J. Bondaczuk
A Secretaria de
Desenvolvimento Integrado do Ministério do Meio Ambiente, em
conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais (Ibama), estão elaborando um projeto de privatização que
tende a ser, no mínimo, polêmico. Não tanto, talvez, quanto o da
Vale do Rio Doce, mas ainda assim suficiente para mobilizar a opinião
pública.
Os dois órgãos querem
"privatizar" 39 florestas brasileiras, das quais 15 estão
localizadas no Estado do Amazonas. Seriam 7,4 milhões de hectares a
serem administrados pela iniciativa privada, sabidamente mais
eficiente do que o Estado em questões administrativas.
O projeto, que conta com o
apoio do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO), ainda está em estado bastante embrionário. A medida tanto
pode representar a salvação das florestas brasileiras, mediante sua
preservação, mas com exploração racional (de formas a que traga
benefícios gerais), quanto significar sua extinção, como ocorreu
em boa parte da Ásia, por exemplo.
Depende das regras que forem
impostas. Depende de quem vai assumir esse patrimônio natural
nacional (e que não sejam as madeireiras asiáticas). E depende das
salvaguardas e restrições impostas, no sentido de evitar que
represente mais uma devastação, disfarçada sob um pomposo rótulo,
transformando vastas áreas verdes, riquíssimas em recursos
biológicos talvez únicos no Planeta, em meros pastos para gado ou
em desertos, como já se fez em outros tempos e circunstâncias.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de
dezembro de 1996).
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