Wednesday, March 18, 2015

Tecnologia a serviço da Hidrologia

Pedro J. Bondaczuk

A avançada tecnologia existente na atualidade pode (e mais do que isso, deve) ser posta a serviço da Hidrologia – “a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação da água no Planeta”, conforme definição que colhi na enciclopédia eletrônica Wikipédia – no sentido de preservar, recuperar e ampliar as reservas mundiais desse precioso e indispensável líquido, essencial à vida, que começa a escassear por um sem número de razões. Sem querer ser alarmista, este é um problema que não pode mais ser adiado, antes que se agrave a ponto de se tornar insolúvel. Trata-se de uma das questões mais graves, das tantas que atormentam e ameaçam a humanidade e que, conforme evidências, não vem merecendo a devida atenção da parte dos que deveriam cuidar melhor dela.

Confesso que não sou especialista na matéria (o que, de tão óbvio, prescinde de admissão), mas mero jornalista e escritor, preocupado com tudo o que se refira ao ser humano. Para tratar desse assunto, porém, com pessoas tão leigas como eu (se não mais), é até melhor não ser especializado nele. Os textos acabam sendo mais informativos, mais didáticos, menos complexos pela ausência de jargões característicos da atividade tão ao gosto dos experts, que dificultam a compreensão do tema. Aliás, já me vi tentado a deixar de lado essa questão e voltar-me a temas explicitamente literários, conforme, inclusive, sugestão de alguns leitores que confessam freqüentar este espaço para se informar, somente, do que se refere exclusivamente às letras.

Confessei, dia desses, que meus correspondentes às vezes me confundem. E confundem de fato. Sua importância, ressalto por questão de justiça, é fundamental. Não raro, são eles que me pautam, sugerindo temas, alguns dos quais rendem, inclusive, alentados ensaios, embora não raro superestimem meus conhecimentos achando que sei tudo de tudo (e eu não sei) e me forcem a empreender estafantes pesquisas dos assuntos mais complexos. Todavia, deixam-me, muitas vezes, num beco sem saída. Quando? Quando as sugestões se dividem. Ou seja, quando determinado grupo sugere que eu trate de certos temas e outro como que exige que eu não coloque a mão nessa cumbuca e centralize toda a atenção em questões exclusivamente literárias. É o que vem acontecendo em relação às minhas abordagens sobre água potável.

Uma parcela desses leitores entende que já tratei do essencial a respeito e que chegou a hora de mudar de assunto. Outra, no entanto, quer que eu continue, até pela relevância da questão, e que a esmiúce ao máximo, enquanto houver o que abordar. Como não gosto de me fazer de difícil e de decepcionar quem quer que seja, adotarei decisão “salomônica”. Continuarei tratando de “água potável”, mas interromperei minhas abordagens tão logo surja algum tema literário inadiável que, se não for tratado de imediato, perderá atualidade. Estamos combinados? Até porque, essa questão também se insere no rol das potencialmente tratáveis em Literatura. Depende da abordagem que lhe for dada. Tudo o que se refere ao homem, concreto ou abstrato, mas tudo mesmo, integra o universo literário. É assim que entendo essa nobilíssima atividade.

Bem, essas explicações, que considero pertinentes e necessárias, consumiram muitas linhas desse espaço e sobraram poucas para tratar, especificamente, da questão da água potável. Lembro-me de um exemplo em que a tecnologia foi posta a serviço da Hidrologia. Uma técnica, desenvolvida conjuntamente pelos Estados Unidos e por um consórcio europeu, se não me falha a memória em 1993, de previsão do caudal dos rios, ou seja, do seu volume, foi testada com sucesso no Nilo. O método pode resolver, pelo menos em parte, o problema de escassez de água que já afeta pelo menos 30 países.

Trata-se de um sistema de previsão de longo prazo de chuvas nas cabeceiras dos rios que determinam maior ou menor volume de suas águas, permitindo que se planeje o consumo de acordo com os resultados. Ele baseia-se em estatísticas fornecidas pelo satélite europeu Meteosat. O sistema foi criado pela Administração Nacional Atmosférica e Oceânica, contando com o patrocínio da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos. As equações estabelecidas a partir de imagens projetadas do espaço e estudos das precipitações no Rio Nilo – onde a tecnologia foi testada, mas que pode ser replicada em outros tantos cursos de água – permitem criar simulações de computador de extrema exatidão. Através delas, é possível fazer previsões de chuvas nas cabeceiras com altíssima exatidão e com três meses de antecedência. Antes, elas só eram possíveis para um período de quinze dias.

Este é só um dos tantos exemplos de como a tecnologia pode auxiliar no controle das águas. Um dos meus tantos e preciosos correspondentes sugeriu-me que tratasse dos aqüíferos e, principalmente, do Guarani, que é o segundo maior do mundo. Diz-se que esta vasta reserva subterrânea, de cerca de 1.200.000 quilômetros quadrados (70% dos quais no subsolo do centro-sudoeste do Brasil) – que se distribui, ainda, entre o nordeste da Argentina, noroeste do Uruguai e sudeste do Paraguai – é suficiente para fornecer, sozinha, água potável a toda a humanidade por duzentos anos!!! Será?!!! Todavia... mesmo que a projeção seja correta, o Aqüífero Guarani estaria em sério risco, e por vários motivos. Mas... este é um assunto que fica para uma outra vez.


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