Líbano
esfacelado
Pedro J. Bondaczuk
Há nove anos, um país do Oriente Médio era
considerado modelo de estabilidade política e prosperidade econômica. A
imprensa, reconhecendo a raridade do fato, em uma região tão conturbada,
dedicava vários títulos a esse Estado exemplar. Ele era chamado ora de “Suíça
do Oriente Médio”, ora de “Pérola Oriental”, ou de outras tantas denominações
elogiosas, até mesmo mais poéticas.
Essa comunidade nacional, hoje em dia, praticamente
não mais existe, pelo menos como sociedade organizada. O leitor certamente já
adivinhou que estamos nos referindo ao Líbano. O povo libanês pagou caro, muito
caro, por sua reconhecida hospitalidade, ao acolher a comunidade palestina, que
na ocasião, fazia pouco que havia sido expulsa da Jordânia, após outra
sangrenta guerra civil, que enlutou o feudo do rei beduíno Hussein, entre 1971
e 1972.
Dividido, atualmente, em duas comunidades
religiosas, que levam o seu antagonismo ao extremo, ou seja, a cristã maronita
e a muçulmana (cuja maioria é da seita xiita), contando, além de um
desmantelado exército, com cerca de 16 milícias (grupos paramilitares armados
até os dentes) e com uma quantidade indefinida de organizações guerrilheiras, o
Líbano passa, além disso tudo, pela humilhação de uma ocupação estrangeira.
O Sul foi, virtualmente, anexado a Israel. A zona
central, do Vale do Bekaa, é controlada pela Síria. E Beirute e as montanhas
adjacentes tornaram-se terra de ninguém, campo de batalha onde a voz do canhão
fala muito mais alto do que a razão. Como é triste ter que lembrar de datas
assim, como a do nono aniversário do aniquilamento de um país, não faz tempo
modelo de estabilidade e convivência civilizada para o mundo!!!
(Artigo publicado na página 9, Internacional, do
Correio Popular, em 14 de abril de 1984)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment