Sobre “Crônicas cruas”
Por
Pedro J. Bondaczuk
O escritor, para
conquistar credibilidade e, por conseqüência, obter a fidelidade do principal
agente da Literatura, que é o leitor – sem o qual, óbvio, nenhum livro faz
sentido ser escrito e publicado – precisa, além de escrever bem (com rigorosa
correção na grafia e na gramática, e, sobretudo, com clareza), ser sincero.
Isso é imprescindível. Não pode, por exemplo, ter nenhum tema tabu, a propósito
do qual se recuse (por uma razão ou outra) a opinar. Mas tem que ter, sempre,
opinião própria, mesmo que esta vá contra a correnteza. E deve expressá-la,
rigorosamente, da forma como vê a questão que esteja abordando, ou seja, “nua e
cruamente”. Tem que, sobretudo, “acreditar” no que escreve.
Esta é a principal
característica da “atriz-escritora”, ou “escritora-atriz” (como queiram) Katia
Saules, sobre a qual já tive a oportunidade de escrever. Ela já havia
demonstrado essas virtudes que citei em seu primeiro livro, “Crônicas nuas”,
lançado, se não me falha a memória, em dezembro de 2012, pela Editora Giosti,
que tive a oportunidade de ler, “degustar”, apreciar e comentar. E os méritos
literários que detectei naquela oportunidade, e que mencionei em um texto a
propósito, se confirmam plenamente. E ficam muito mais claros em seu novo
lançamento editorial, ocorrido em 28 de setembro passado, no Rio de Janeiro, ou
seja, no volume intitulado “Crônicas cruas”, que já no próprio título sugere se
tratar de uma espécie de “complemento” do livro anterior.
Iniciei o comentário, a
propósito da sua então obra de estréia – publicado aqui, neste espaço, em 31 de
janeiro passado – da seguinte forma: “Os atores e atrizes (de teatro, cinema e
televisão), são, no meu entendimento, via de regra, excelentes leitores. Têm
que ser. Para poderem emprestar vida aos personagens que representam, precisam
conhecer o máximo possível deles e até “adivinhar” a intenção do autor que os
criou. Com isso, “treinam” o cérebro a perceber nuances que o leitor comum
raramente percebe. Faz parte da sua profissão. Como para alguém ser bom
escritor deve, antes de tudo (salvo raras exceções) ser bom leitor, os atores e
atrizes que se aventuram no mundo das letras tendem a se dar bem. Ou seja, têm
potencial de se tornar, também, astros e estrelas de um outro firmamento: o
literário”. E Katia Saules confirma tudo isso e muito mais. Revela-se magnífica
escritora, que nada fica a dever a nenhum veterano do mundo das letras.
Todavia,
não há ninguém melhor do que ela para revelar suas motivações na produção de
sua obra literária, que promete ser das mais volumosas e profícuas (assim
espero). Tratando do seu livro anterior, Katia assim se expressou: “Sempre
acreditei e levo como lema em minha vida que a verdade deve ser ‘Nua e Crua’.
Em meu primeiro livro ‘Crônicas Nuas’, como o próprio nome sugere… me despi, me
expus, fui transparente, sem filtro e falei de fatos e sentimentos vividos por
mim ou por pessoas queridas, muito próximas a mim, com que, de alguma forma, eu
estava envolvida”. Eu não estava, pois, enganado, quando fiz a mesma
constatação, posto que com outras palavras. Fica evidenciada, sem dúvidas e nem
ambigüidades, que sua principal característica é mesmo a que não deve faltar,
jamais, a nenhum escritor que se preze: sinceridade.
Deixo por
conta de Katia revelar o conteúdo de seu novo (e segundo) livro: “Em ‘Crônicas
Cruas’, trato de temas mais abrangentes, de assuntos polêmicos e de sentimentos
universais. É um livro para entreter sim, claro… mas acredito que seja também
para refletir, para ver/enxergar os detalhes de nosso dia a dia, que muitas
vezes passam diante de nossos olhos sem nos darmos conta. E a vida é feita de
detalhes. Colocar uma lente de aumento em singelos momentos faz com que vejamos
determinadas situações de forma diferente, com mais sensibilidade. Acredito que
falta ‘olho no olho’, mais contato físico nas pessoas em tempos tão virtuais….
Falta transparência nos dias atuais. As máscaras sociais devem cair, sempre e
mais. Que sejamos honestos, corretos, sensíveis e verdadeiros acima de tudo. É
o que proponho em ‘Crônicas Cruas’”. Propõe e consegue.
Voltarei,
oportunamente, ao tema, porquanto tanto esse precioso livro (reitero, o segundo
dessa atriz-escritora ou escritora-atriz), quanto sua competente autora, merecem
análise mais acurada, dadas a atualidade e a oportunidade das suas crônicas. E,
sobretudo, em virtude da sinceridade e das indiscutíveis virtudes literárias de
Katia Saules. Por isso, “Crônicas cruas” é uma obra que recomendo, prazerosa e
entusiasticamente, aos meus atentos, exigentes e imprescindíveis leitores.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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