Silviano galga o
panteão dos notáveis
Pedro
J. Bondaczuk
A Academia Brasileira
de Letras acaba de divulgar o nome do ganhador do Prêmio Machado de Assis de
2013. Trata-se de Silviano Santiago que, em setembro, completou 77 anos de
idade e que assim se junta a uma espécie de panteão de notáveis de nossas
letras. Concluo, pois, que é meu contemporâneo, pois é apenas sete anos mais
velho do que eu. É, portanto, da minha geração. Certamente o amante da leitura
e, por conseguinte, o leitor deste espaço, conhece quem é este eminente
literato. Todavia, como o horizonte literário nacional é amplo, tem alguns
milhares de escritores, e o mundial é muitíssimo mais, já que conta com alguns milhões de
integrantes, pode ser que muitos não saibam de quem se trata.
Quanto ao prêmio e à
sua importância, ambos são sobejamente conhecidos. Ainda assim, suscitam
algumas considerações. Vamos ao que interessa e no meu estilo, digamos,
didático, apropriado aos que estão começando a se familiarizar com o mundo das
letras. Silviano Santiago é mineiro, natural da cidade de Formiga, onde nasceu
em 29 de setembro de 1936. Essa localidade me é bastante familiar. Já estive lá
e fiquei muito bem impressionado com a cordialidade, o calor humano e a
simpatia de seus moradores. Em meus tempos de estudante, tive dois companheiros
de república – aliás, irmãos, o José Cassiano e o Jarbas – que eram dali. Um
dos mais famosos jogadores (e posteriormente técnico de futebol) do Santos e do
Palmeiras fez carreira e ficou nacionalmente conhecido pela imprensa e pela
torcida com o nome dessa cidade. Refiro-me ao craque Formiga, que jogou naquele
famoso esquadrão santista liderado pelo inigualável Pelé (que Pepe jura que se
trata de um ET).
Bem, este não é o ponto
relevante destas descompromissadas considerações. É apenas ligeiro parêntese, a
título de ilustração, para quebrar o gelo. O personagem a ser enfocado é,
claro, Silviano Santiago, que é desses intelectuais que costumo denominar de
“homens dos sete instrumentos”. Afinal, além de escritor (ensaísta, poeta,
contista e romancista), é professor, tendo feito brilhante carreira no
magistério tanto no Brasil, quanto no Exterior. Lecionou, por exemplo, nas
universidades do Novo México, de Rutgers, Toronto, Nova York Buffalo e Indiana.
Como se vê, tem currículo invejável na área. Isso sem falar de sua atuação em
importantes instituições de ensino superior brasileiras, como a PUC do Rio de
Janeiro e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Todavia, Silviano acaba
de ser premiado não em decorrência de sua magnífica atuação na cátedra, embora,
certamente, esta tenha lhe dado o que considero essencial em qualquer profissão
e, portanto, na de escritor: experiência. Mas ele está sendo agraciado é pelo
seu talento, por criatividade, pela correção e atratividade do seu texto e por
todas as características desejáveis em um homem de letras. Asseguro, aos que não o conhecem e nunca tiveram o
privilégio de ler nada do que escreveu: o cara é muito bom!!!
O Prêmio Machado de
Assis, instituído em 1941 pela Academia Brasileira de Letras, é conferido
anualmente não em decorrência de algum livro específico, mas levando em conta o
conjunto da obra do premiado. É, por conseqüência, um dos mais importantes e
cobiçados pelos que fazem literatura (óbvio, a de boa qualidade). Já foi
outorgado a “pesos pesados” das letras nacionais, como Afonso Schmidt, Érico
Veríssimo, Dinah Silveira de Queiroz, Luiz da Câmara Cascudo, Rachel de
Queiroz, João Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Cecília Meirelles, Raul Bopp,
Mário Quintana, Paulo Ronai, Henriqueta Lisboa, Sábato Magaldi, Maria Clara
Machado, Antonio Cândido, Carlos Heitor Cony, Joel Silveira, Fernando Sabino,
Wilson Martins, Ferreira Gullar, Autran Dourado e Dalton Trevisan, entre
outros.
Cá para nós, quem não
gostaria de estar em tão ilustres companhias? Não citei todos os premiados não
por considerar suas obras menos relevantes do que as dos que mencionei
nominalmente (longe disso), mas por estrita falta de espaço. Citei-os
aleatoriamente, sem me deter em seus respectivos currículos. Para se
habilitarem ao prêmio, todos, sem exceção, produziram obras magníficas que
engrandeceram e honraram a literatura brasileira. O “Prêmio Machado de Assis”
deixou de ser atribuído, de 1941 para cá, apenas em quatro ocasiões: 1944, 1947,
1949 e 1960. Desconheço o motivo, mas suponho que nessas oportunidades não
houve consenso entre os jurados.
E o que levou a
Academia Brasileira de Letras a optar por Silviano Santiago neste ano, para
integrar esse seletíssimo rol de notáveis? O conjunto de sua obra literária,
óbvio. Do primeiro livro que publicou – “Quatro poetas”, em 1960, em co-autoria
com três outros escritores – ao mais recente
- “Anônimos”, contos, em 2010 – acumulou bibliografia de 28 volumes com
padrão de qualidade dos mais invejáveis e consistentes. Quem nunca o leu,
leia-o, e urgentemente. É um escritor muito bom, reitero. Posso atestar isso sem receio (como se o
atestado da ABL não valesse bilhões de vezes mais do que minha canhestra recomendação!!!).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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