Gotas de orvalho
Pedro J. Bondaczuk
Era apenas uma
gota de orvalho
brilhando,
gloriosa, serena,
em pétala branca,
pequena,
de flor selvagem,
silvestre.
A pétala,
translúcida, brilhante
cresceu e se fez
torrente.
Doido sonho azul e
delirante!
Alguém deu corpo,
de repente,
ao que era apenas
desejo.
A flor selvagem,
combalida,
num milagre de
beleza,
renasceu, ganhou
mais vida,
em tributo à
natureza.
Vicejou. Virou
poesia!
Rude, fero e
inclemente,
o Tempo, ímpio
demente
a pétala de flor
sufocou.
Qual da vida os
verdes anos
murcham, morrem,
viram pó,
a flor desfez-se
no ar
e restei atônito:
desamparado...e só...
(Poema composto em
São Caetano do Sul, em 15 de novembro de 1963).
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