Candidatos virtualmente
iguais
Pedro J. Bondaczuk
A
campanha presidencial norte-americana, apesar de todo o longo processo que vem
se desenvolvendo desde o fim do ano passado, começou, oficialmente, ontem, com
os dois candidatos à Casa Branca, o republicano George Bush e o democrata
Michael Dukakis, rigorosamente empatados nas pesquisas de opinião. Mas não é
apenas nisso que eles estão parelhos. Poucas vezes, em eleições desse tipo nos
Estados Unidos, dois concorrentes foram tão parecidos em idéias e posições. Por
isso, os observadores acreditam que o recurso que ambos vão utilizar para se
destacar do rival será o ataque de caráter pessoal. Ou seja, aquilo que no
Brasil nós chamamos de "apelação".
Os
comícios, nesse aspecto, prometem ser muito "quentes e apimentados",
e as primeiras indicações dessa tendência já foram dadas, tanto no curso das
eleições primárias, quanto antes, durante e imediatamente após as duas
convenções nacionais dos partidos oponentes.
Embora
republicanos e democratas tenham plataformas aparentemente diferentes, as
diferenças residem mais na retórica do que no conteúdo. No fundo, o pensamento
de Bush é idêntico ao de Dukakis nos temas básicos. Ademais, diversas pesquisas
já demonstraram que o eleitorado desconfia tanto de um quanto de outro no
sentido deles estarem preparados para enfrentar alguma eventual situação de
crise internacional.
Isto
já era esperado quando se sabe que o vencedor do pleito de 8 de novembro
próximo deverá substituir um dos presidentes norte-americanos mais carismáticos
dos últimos tempos, que chegam a se rivalizar com Franklin Delano Roosevelt
(guardadas as devidas proporções) em termos de admiração e de respeito do
público.
Uma
coisa que se observa, porém, é que Reagan não conseguiu transferir sequer uma
fração do seu prestígio pessoal a George Bush. Além disso, o candidato
republicano teve uma escolha infeliz de companheiro de chapa, na figura do
senador Dan Quayle, possibilitando um alvo bastante cômodo para os ataques de
Dukakis. Ele tem ainda contra si os desacertos da atual administração, que não
vão se refletir obviamente sobre o atual governante em fim de mandato, que
conforme a tradição política norte-americana, já é uma "carta fora do
baralho".
A
esta altura, é uma figura veneranda, um personagem da história do país e é
assim que será tratado até 20 de janeiro de 1989, quando passar a faixa
presidencial ao sucessor. No entender dos analistas (opinião com a qual
compartilhamos) a próxima eleição vai ser decidida na série de debates que Bush
e Dukakis vão travar nos próximos dias. Quem se sair melhor perante as câmeras
de televisão (o evento vai ser mostrado para boa parte do mundo e provavelmente
também para o Brasil), levará o prêmio maior, que é o de quatro anos no poder.
E nesse aspecto, achamos o candidato democrata com melhores chances, embora seu
rival possa surpreender.
(Artigo
publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 6 de setembro de
1988)
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