Wednesday, October 09, 2013

Candidatos virtualmente iguais


Pedro J. Bondaczuk


A campanha presidencial norte-americana, apesar de todo o longo processo que vem se desenvolvendo desde o fim do ano passado, começou, oficialmente, ontem, com os dois candidatos à Casa Branca, o republicano George Bush e o democrata Michael Dukakis, rigorosamente empatados nas pesquisas de opinião. Mas não é apenas nisso que eles estão parelhos. Poucas vezes, em eleições desse tipo nos Estados Unidos, dois concorrentes foram tão parecidos em idéias e posições. Por isso, os observadores acreditam que o recurso que ambos vão utilizar para se destacar do rival será o ataque de caráter pessoal. Ou seja, aquilo que no Brasil nós chamamos de "apelação".

Os comícios, nesse aspecto, prometem ser muito "quentes e apimentados", e as primeiras indicações dessa tendência já foram dadas, tanto no curso das eleições primárias, quanto antes, durante e imediatamente após as duas convenções nacionais dos partidos oponentes.

Embora republicanos e democratas tenham plataformas aparentemente diferentes, as diferenças residem mais na retórica do que no conteúdo. No fundo, o pensamento de Bush é idêntico ao de Dukakis nos temas básicos. Ademais, diversas pesquisas já demonstraram que o eleitorado desconfia tanto de um quanto de outro no sentido deles estarem preparados para enfrentar alguma eventual situação de crise internacional.

Isto já era esperado quando se sabe que o vencedor do pleito de 8 de novembro próximo deverá substituir um dos presidentes norte-americanos mais carismáticos dos últimos tempos, que chegam a se rivalizar com Franklin Delano Roosevelt (guardadas as devidas proporções) em termos de admiração e de respeito do público.

Uma coisa que se observa, porém, é que Reagan não conseguiu transferir sequer uma fração do seu prestígio pessoal a George Bush. Além disso, o candidato republicano teve uma escolha infeliz de companheiro de chapa, na figura do senador Dan Quayle, possibilitando um alvo bastante cômodo para os ataques de Dukakis. Ele tem ainda contra si os desacertos da atual administração, que não vão se refletir obviamente sobre o atual governante em fim de mandato, que conforme a tradição política norte-americana, já é uma "carta fora do baralho".

A esta altura, é uma figura veneranda, um personagem da história do país e é assim que será tratado até 20 de janeiro de 1989, quando passar a faixa presidencial ao sucessor. No entender dos analistas (opinião com a qual compartilhamos) a próxima eleição vai ser decidida na série de debates que Bush e Dukakis vão travar nos próximos dias. Quem se sair melhor perante as câmeras de televisão (o evento vai ser mostrado para boa parte do mundo e provavelmente também para o Brasil), levará o prêmio maior, que é o de quatro anos no poder. E nesse aspecto, achamos o candidato democrata com melhores chances, embora seu rival possa surpreender.

(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 6 de setembro de 1988)


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