Educação
e poder
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil só tem um, e único, caminho para sair da
atual crise e retomar a trilha do desenvolvimento, com justiça social: apostar
no homem. O País precisa investir, e muito, na educação, na formação de
mão-de-obra qualificada, na produção de cientistas, pesquisadores, geradores de
idéias e de invenções.
Esse é o único recurso para os países carentes de
capital, mesmo que tenham fartas reservas de matérias-primas. A principal
tendência que se desenha para o final deste milênio e início do próximo é a da
informação passar a ser mais importante do que qualquer produto. Quem souber
gerá-la, armazená-la, elaborá-la e fazer o melhor uso dela, deterá um poder
inquestionável.
Por que não fazer do Brasil essa potência geradora de
idéias, aproveitando a tão decantada criatividade do brasileiro? Que nosso povo
é criativo, não resta muita dúvida. Quem mais conseguiria conviver, por uma
década e meia, com taxas inflacionárias exorbitantes, sem que essa
transferência de recursos daqueles que pouco têm para os que possuem demais
resultasse em uma convulsão social?
A educação precisa, até por uma questão de segurança
nacional, ser a prioridade máxima deste país, e não continuar sendo alvo do
descaso, da incompetência e do empirismo de tecnocratas. É indispensável tirar
os milhões de jovens abandonados das ruas e lhes dar dignidade, com um sentido
em suas vidas que não seja o apregoado hoje, o de um hedonismo insensato e
vazio e que, ademais, eles jamais terão acesso.
A solução para a marginalidade não está, em
absoluto, no incentivo a bandidos disfarçados, que caçam, pelas cidades, os
menores largados à própria sorte e os eliminam como animais raivosos. Uma
pesquisa feita pela Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência
mostra que, em dois anos e meio, 9.800 meninos e meninas foram vítimas de
mortes violentas em todo o País.
Houvesse bom-senso, para não dizer competência e
humanidade, o Brasil teria 9.800 cérebros privilegiados a mais, gerando idéias,
descobertas, riquezas, ao invés de frios números na estatística da mais
estúpida violência. Ou o governo investe maciçamente em escolas, ou não haverá
verbas suficientes para construir as penitenciárias que se farão indispensáveis
(aliás, já são).
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 13 de dezembro de 1993)
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