Alternativa ao desempregado
Pedro J. Bondaczuk
O
ministro da Fazenda, Pedro Malan, firmou, ontem, em presença da primeira-dama,
dona Ruth Cardoso, convênio para a implantação de dois programas com o objetivo
de assistir o microempresário. O primeiro é o mais importante e está destinado
a servir como alternativa às pessoas desempregadas, que tenham qualquer aptidão
e não disponham de capital para abrir um pequeno negócio.
As
verbas virão da associação entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social, Estados, municípios e Organizações Não-Governamentais. Resta saber
quanto será colocado à disposição dos interessados --- a primeira informação dá
conta de que serão entre R$ 200 e R$ 5.000 --- quando esse dinheiro vai sair e
quais serão as exigências feitas. Se forem as mesmas dos bancos, pouca gente
vai se beneficiar do programa, batizado de BNDES Trabalhador.
A
alternativa proposta é válida e até louvável, desde que não tarde muito. Em um
país onde o seguro-desemprego é virtualmente simbólico, mal dando para custear
a passagem do desempregado para que possa procurar outra ocupação, e que não
conta com outras alternativas de proteção social, qualquer coisa que venha em
benefício desse cidadão angustiado precisa ser rápida, para evitar uma catástrofe
familiar.
Pessoas
talentosas, que poderiam trabalhar por conta própria, e até gerar empregos (há
dados que comprovam que os pequenos e microempresários geram entre 70% e 75% de
todos os postos de trabalho no País), tais como costureiras, doceiras,
mecânicos, etc., há muitas.
O
que essa gente não tem é recursos para iniciar um negócio próprio, que não
esbarre na falta de capital e nem tropece logo de cara na burocracia, que
costuma sepultar muitos sonhos no nascedouro.
Desde
que devidamente apoiados, estes pequenos artesãos podem em pouco tempo deixar
esse estado de dependência social em que se encontram e se tornar fatores de
geração de riquezas, contribuindo com impostos e servindo até como alternativa
de abastecimento do mercado ou de oferta de serviços.
Aliás,
este é um caminho que o País precisar trilhar com crescente ênfase.
Parcela considerável da População Economicamente Ativa permanece fora do
mercado de trabalho, que não tem capacidade para absorver todo esse contingente
produtivo, esse enorme potencial de energia e de talento que está sendo
desperdiçado.
Isto
sem contar com os que, passados dos 30 a 35 anos de idade, vêem todas as portas
se fechar, por serem considerados "velhos", quando na verdade estão
no auge da sua força produtiva, dotados de experiência e que portanto têm um
fator valioso a seu favor, que só o tempo concede às pessoas.
(Artigo
publicado na página 3, Opinião, do Correio Popular, em 28 de julho de 1996)
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