Telúrico
Pedro J. Bondaczuk
Sou poeta telúrico,
rústico, ecológico,
ligado à terra,
com geotropismo atávico
aprofundando raízes.
Sou mundo em metamorfose,
como o cosmo que habito,
condenado à decadência,
à inexorável extinção.
Paisagens encantadoras,
floridos e iluminados
remansos de paz.
Desolados desertos,
pedregosos, ressequidos,
infernos esturricados.
Pólos congelados,
furacões indomáveis,
cataclísmicos vulcões.
Como o mundo que habito,
sou igualmente habitado
por bilhões de microsseres,
partes de mim e ao mesmo
tempo corpos estranhos.
Semelhantes, embora
desiguais e únicos.
Linhas paralelas,
mas proporcionais.
Amo o mundo azul
que acolherá meus restos
e os dos que me habitam.
Amo o cosmo infinito,
depositário dos fragmentos
da Terra, dos meus e
de seus colonizadores.
Temos tempo incomum,
apesar de simétrico.
Ambos nos dispersaremos
no espaço sideral
como matéria comum
frutos da vontade
da essência universal.
(Poema composto em Campinas em 5 de abril de 1971)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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