Pedro J. Bondaczuk
O permanente desafio da habilidade física do homem, que começou a se configurar, em 776 AC em Olímpia, lugarejo da Grécia considerado um bosque sagrado, na margem direita do Rio Alfeu, na antiga Élida, tem, desde anteontem, 27 de julho de 2012, seu momento de consagração. Trata-se da abertura oficial, com toda a pompa e circunstância que o evento merece, dos 30ºs. Jogos Olímpicos da Era Moderna, que começam a ser disputados em Londres, na Inglaterra, pátria de grandes artistas, cientistas e escritores, como William Shakespeare, John Milton, Charles Dickens, Charles Darwin, Isaac Newton, e milhares e milhares de tantos outros. E também, por que não, a terra dos Beatles.
Milhares de pessoas de todo o Planeta estão congregadas nessa moderna (e tradicional) cidade da Europa, a única a promover o evento em três oportunidades – e mais de quatro bilhões de outras vão se fazer presentes pelas imagens da televisão – para uma "guerra" diferente, sem mortos, feridos e sem destruição, através da mística do esporte. Começaram ontem as competições, o festival de graça, beleza, saúde, força e competência, que se repete a cada quatro anos (à exceção do período das duas guerras mundiais), há já mais de um século, representado pelo triplo desafio à habilidade do único animal racional da natureza: "mais alto, mais forte e mais rápido".
É a quarta Olimpíada de um milênio caracterizado por crises, incertezas, temores, mas também pela esperança de um mundo melhor e de resolução de problemas e contradições que em muitos momentos ameaçaram o Planeta, e por conseqüência a vida (toda ela, humana ou não), de extinção. O evento revive, embora com características próprias, o congraçamento que ocorria aos pés do Monte Olimpo, na Grécia Antiga, há mais de 1.600 anos.
As modalidades esportivas em disputa, é verdade, são outras, bem diversas das Olimpíadas originais. A motivação também é bastante diferente, assim como a abrangência da competição. Trata-se de uma outra realidade, em novos tempos, com objetivos e motivações característicos da nossa era. O que não mudou, no entanto, foi o ideal: competir com lealdade, honra e respeito ao adversário, sem jamais considerá-lo inimigo.
Se fosse possível reunir em um único homem (ou numa única mulher) as melhores habilidades dos atletas ganhadores das medalhas de ouro em cada modalidade dos dias de hoje – alguém que corresse 100 metros em menos de 9 segundos, nadasse a mesma distância em menos de 45, saltasse com vara mais de 6,10 metros, sem ela quase 3 metros, ou em três saltos ultrapassasse os 20 metros, ou em um só arranque levantasse mais de 500 quilos – esse seria um ser humano fisicamente perfeito.
Recordes que pareciam impossíveis de serem quebrados, foram há muito superados. Outras dezenas deles, certamente, vão cair nos próximos dias em Londres. É o homem sempre em busca dos seus limites. São a garra, a lealdade, a disciplina, o "fairplay", a graça, a beleza, a força e a competência em exibição. De três décadas para cá, os Jogos mudaram, assim como o mundo. Embora muitos países ainda façam da competição (ou tentem fazer) veículo de propaganda de ideologias e sistemas políticos, o que conta, de fato, é o talento dos atletas. São o seu coração, a sua garra, o seu treinamento, o seu autodomínio e a sua capacidade de superação dos próprios limites. E os interesses em jogo mudaram.
As Olimpíadas perderam sua característica original, de mera competição esportiva. Tornaram-se, sobretudo, grande negócio, com as "bênçãos" dos novos e sofisticados meios de comunicação, como a televisão comercial, a TV a cabo e a Internet. E nem são mais os países que agora são defendidos pelos atletas. São as grandes corporações e os fabricantes de materiais esportivos (Nike, Olympikus, Diadora, Addidas etc.) que os patrocinam.
Com a profissionalização, verificada de 1980 para cá, através de patrocínios oficiais ou privados, os participantes desse desafio esportivo quadrienal aproximam-se da perfeição, nas respectivas modalidades. Dedicam-se exclusivamente ao esporte e com isso aniquilam recordes e mais recordes, aparentemente impossíveis de quebrar, mas que continuam caindo.
Os Jogos da era moderna, principalmente desde Moscou, são caracterizados por espetáculos notáveis de música e coreografia, na abertura e no encerramento das competições. E ontem, em Londres, não foi diferente, como espero que daqui a quatro anos, em 2016, o show seja aina mais deslumbrante e surpreendente. É possível que as Olimpíadas do futuro – quem sabe nas de 2096 – abram espaço para os "atletas do intelecto e da sensibilidade". Se isso acontecer, a juventude sadia e bonita do Planeta irá compor, de forma coletiva, o perfil do homem ideal: mente sã, num corpo absolutamente sadio.
Há distorções e burlas, evidentemente. São muitos, por exemplo, os que se valem de expedientes ilícitos, como o doping, sem medir conseqüências, no afã de vencer a qualquer custo. Quem sabe um dia seja instituída a Olimpíada da Solidariedade, reunindo não apenas um grupo de indivíduos fisicamente excepcionais, mas toda a humanidade, em que a força e a destreza sejam substituídas ou complementadas (o que será ideal) por virtudes infinitamente mais nobres e raras: bondade e fraternidade. Só então poderemos afirmar, com segurança, que esse animal fascinante e contraditório afinal aprendeu a domar seus instintos de fera e é, de fato, racional, civilizado, "Homo Sapiens".Quem sabe isso comece a se configurar já em 2016 na sempre maravilhosa Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Até então...
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2 comments:
Apply 2 to 3 inches of mulch over the plants root system
once all foliage is removed and discarded. Louis, a
new delivery tradition has been created:
the "Mulch Man. This same person spread several yards of the mulch around their house before they realized the problem, and it ruined many of their plants.
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Overall the times was a very exciting newspaper and one which is very insightful into its readers needs.
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Hamas itself would believe it can take over the entire movement, making it
more violent against Israel and aggressive toward other Palestinians", says Barry Rubin in a commentary on UPI. For documentation purposes and additional interest, be sure to include the banner including the name of the news publication, as well as the date section. Until I was five I lived with my mother's younger sister Dorothy and my grandmother, who told me before she died that my mother had received letters from my father for some years after bringing me to New York.
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