Pedro J. Bondaczuk
Ao ensejo da passagem do 238º aniversário de fundação de Campinas, acodem-me à memória os nomes de alguns ilustres campineiros, que ao longo, principalmente, dos últimos 150 anos, fizeram a glória e a grandeza desta cidade, nos mais diversos campos de atividade, com seu esforço, talento e competência. Muitos não passam, hoje, de simples nomes de ruas, sem que a população conheça de fato o que quer que seja da sua profícua atuação. Há, também, os que se consagraram em todo o País, mas que a maioria sequer sabe que foram nossos conterrâneos.
Claro que é impossível mencionar sequer 1% dos que deram a sua parcela de contribuição, em maior ou menor grau, para a grandeza e a prosperidade desta pujante metrópole, tantos (felizmente) eles foram, número que ascende a algumas centenas de milhares. Houve quem jamais foi reconhecido em vida e que, depois de morto, caiu no mais absoluto esquecimento. Todavia, mesmo não citados nominalmente, Campinas tem o dever, por outros meios que não o deste pálido texto deste humilde escrevinhador, de lhe render alguma espécie de reconhecimento a esses abnegados. E, mais do que isso, deve respeitosa reverência a esses filhos preciosos e realizadores.
Alguns desses campineiros ilustres, posto que tardiamente e não com a ênfase que a sua atuação fez por merecer, têm a memória preservada pelos vários centros culturais da cidade, como as duas Academias (a Campinense de Letras e a Campineira de Letras e Artes), como o Centro de Ciências Letras e Artes, como o Clube e a Casa do Poeta e como a Associação Campineira de Imprensa, entre outros.
São os casos específicos de Guilherme de Almeida, de Carlos Gomes (estes dois com toda uma semana de comemorações, uma vez a cada ano) e de Giuseppe Gianini Pancetti (conhecido como José Pancetti), cujo centenário de nascimento foi marcado por recente exposição promovida pela EPTV e pelo Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Tratam-se de ícones, de mitos, de referenciais em seus respectivos campos de atividade. Nesse seleto elenco inclui-se Manuel Ferraz de Campos Salles (1841), um dos mais austeros e competentes presidentes da República que o País já teve. E deve ser inserido, também, o nome de Francisco Glicério, que foi ministro várias vezes, além de republicano de primeira hora.
Outros filhos ilustres de Campinas requerem nem que seja rápida menção, que longe de lhes fazer justiça, ao menos trazem seus nomes à baila, ao conhecimento dos que os desconhecem ou à lembrança daqueles que sabem pelo menos quem foram. Como é o caso do teatrólogo e cineasta Amilcar Ribeiro Alves, nascido em 1881. Como o pioneiro no tratamento do câncer no Brasil, o médico Antônio Cândido de Camargo (1864). Como Carlos de Campos (1866), que foi deputado federal e “presidente” (cargo que hoje equivale ao de governador) do Estado de São Paulo. Como o educador Ernesto de Souza Campos (1882), um dos fundadores da Universidade de São Paulo.
Não se pode esquecer do médico Murilo de Souza Campos (1887), que se destacou na direção do Serviço de Observação Psiquiátrica do Exército. Do ilustre fundador do jornal “A Província de São Paulo” (hoje “O Estado de São Paulo”), Júlio César Ferreira de Mesquita. Do violinista e compositor Francisco Chiaffitelli (1881), que se apresentou em inúmeros concertos na América do Sul e Europa. Como o médico Arnaldo de Carvalho (1867), diretor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, primeiro diretor e catedrático da Clínica Ginecológica da então Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e hoje USP, que dá nome a uma das principais avenidas paulistanas.
Mas há muitos, muitíssimos outros. E em todos os campos de atividade, artísticos, culturais, científicos, desportivos e de comunicação. Como o médico Luciano Décourt (1914), um dos fundadores da seção de Endocrinologia do Instituto Butantã. Como o jornalista e político João Batista Sampaio Ferraz (1857), fundador e diretor do jornal Correio do Povo do Rio de Janeiro, onde também foi chefe de polícia. Como o escritor Guilherme Oliveira de Figueiredo (1915), irmão do presidente João Batista de Oliveira Figueiredo. Como o nadador José Sílvio Fiolo (1950), recordista mundial dos cem metros nado de peito.
Claro que a relação, para ser completa, ocuparia uma série de alentados volumes, quiçá toda uma enciclopédia. Deve ser mencionada, por exemplo, a bailarina e coreógrafa Célia Gouveia (1949). Não podem ser esquecidos, também, o radialista César Rocha Brito Ladeira (1910), considerado o melhor locutor do País em sua época; o escritor, poeta e político Francisco Lucrécio (1909), fundador da Casa de Cultura Afro-Brasileira e do Partido Libertador; o político José Carlos de Ataliba Nogueira (1901); o educador Ernesto Luís de Oliveira Júnior (1901); o biólogo Crodowaldo Pavan (1910); o arquiteto Fábio de Moura Penteado (1929) e o escritor Renato Ribeiro Pompeu (1941), entre tantos e tantos e tantos ilustres campineiros.
Um deles é o jornalista Francisco Quirino dos Santos (1841). Outro é o engenheiro Edgard Egydio de Souza (1876). Outro ainda é o político Rafael de Abreu Sampaio Vidal (1870). E a sucessão de nomes, obras e feitos tende a se estender, linha após linha, página após página, indefinidamente, tamanha tem sido a geração de talentos nesta “cidade princesa”, nesta Campinas que amamos de paixão. A eles, e aos que por alguma razão tiveram os nomes omitidos, a cidade, o Estado, o País e a humanidade muito devem. Eles merecem não somente o nosso reconhecimento, mas a mais comovida, respeitosa, profunda e sincera reverência...
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