Pedro J. Bondaczuk
Os livros com enredos de ação há tempos vêm contando com a preferência de leitores do mundo todo, em detrimento dos que suscitam reflexão e se caracterizam, por este fator, como “provocadores”. No meu caso, gosto dos dois tipos, dependendo das circunstâncias em que faço a leitura. Quando estou, por exemplo, cansado, preocupado com algum problema (pessoal ou profissional) e pretendo dar uma trégua na busca de soluções, opto pelos primeiros. Quero ler uma história (bem escrita, obviamente), com muita agitação, dessas que já nascem destinadas a se transformarem em filmes de sucesso. Quando, porém, esbanjo energia, vibro com a vida e estou com a sensibilidade à flor da pele, opto por textos que me suscitem meditação.
Entendo, todavia, que uma coisa não exclui a outra. Os melhores romances que já li eram, simultaneamente, de ação e de reflexão. Sequer citarei exemplos, tantos que eles foram. Essas considerações, óbvio, valem para livros de ficção: romances, contos, novelas e peças teatrais. Mas estes não são os únicos que leio. Diria, até, que constituem, quando muito, apenas 30% de minhas leituras. Os outros 70% são obras de poesia, ou são ensaios tanto de arte quanto filosóficos. Sem esquecer os livros técnicos, que leio para melhorar a performance profissional ou para me informar sobre outras profissões diferentes da que exerço. Sou um sujeito curioso (ou xereta), ávido por aprender tudo o que for possível, mesmo o que, aparentemente, jamais irei utilizar. Nunca se sabe.
Não tenho nenhum preconceito contra gêneros, escritores, temas e vai por aí afora. Abomino, apenas, livros mal escritos. Quando um deles me cai em mãos, lamento a dupla perda que me causam: a de desperdício de dinheiro e, mais grave, a do tempo despendido na sua leitura. Tenho por norma jamais comentar, ou sequer mencionar em público, o que não me agradou por algum motivo. Respeito todos os escritores, mesmo os ostensivamente ruins. Sei dos sonhos que acalentam ao escreverem um livro e não quero e não assumo a desagradável tarefa de desencantar ninguém. Outros que a assumam. Portanto, quando escrevo sobre algum texto, é porque, de alguma forma, ele me agradou: ou pelo enredo, ou pela forma de exposição. Ou pela ação que me manteve ativo e excitado, ou pelas reflexões que me suscitou. Ou, por que não, por ambos.
Comprei, dia desses, por impulso (já que na oportunidade não podia dispor da quantia que dispus na sua aquisição), um romance de uma escritora que até então não conhecia. Trata-se de “Jogos vorazes”, da norte-americana Suzanne Collins. Corri para casa e “devorei” o tal livro, adentrando a madrugada, sem conseguir largar da leitura antes de chegar à derradeira página. Tem ação, muita ação, o que me deu uma trégua para não pensar em determinado problema, que precisava resolver e não sabia como. “Puxa! Isso daria um excelente filme”, pensei, entusiasmado, cá com meus botões.
Acostumado a buscar referências a propósito de que leio, quis saber mais tanto do tal romance, quanto da sua autora. Corri para o computador e, imediatamente, acessei o “Google”. Foi quando soube que esse lançamento da editora Rocco (aqui no Brasil) estava no topo da lista dos mais vendidos, publicada, semanalmente, pela revista “Veja”. Percebi, pois, que não estava só na opção de leitura. Muito pelo contrário, estava acompanhado por milhares de outros leitores. Outra coisa em que me identifiquei com alguém (ou que alguém se identificou comigo), foi a de que o livro se prestava a ser levado às telas de cinema. Pois não é que ele já virou filme, recém rodado, e que em breve estará nas “telonas” ao redor do mundo?! Esse pessoal de Hollywood não perde tempo.
Curioso, como sou (caso contrário, nem seria jornalista), quis saber mais a propósito da autora. Fiquei sabendo que Suzanne Collins é uma escritora que fará 50 anos em 10 de agosto deste ano. Fez faculdade de Comunicação (outro ponto em que nos identificamos), especializando-se em “Drama” e “Telecomunicações”. Trabalhou no canal de televisão a cabo Nickelodeon, comandando programas infantis. E mais, fiquei sabendo que “Jogos vorazes” (cujo título original, em inglês, é “The Hunger Games”) é o primeiro volume de uma trilogia. Por que fui saber disso!!! Agora, não vejo a hora de adquirir os dois outros volumes que dão sequência à sua história. Para adiantar as coisas, até anotei seus títulos. São: “Em chamas” e “A esperança”.
Claro que não irei discorrer sobre o enredo, pois além de não ser estraga prazeres, não sou marqueteiro da editora para fazer propaganda do produto. Só posso adiantar que a história é ambientada em um país pós-Apocalipse, que a autora chamou de “Panem”, localizado onde hoje se situa o território dos Estados Unidos, num tempo futuro que ela não definiu. Os protagonistas são dois adolescentes, ambos com 16 anos de idade, Katniss Everdeen e Poeta Mellark.
Os “Jogos Vorazes” do título é uma competição anual, instituída pelas autoridades, para desestimular rebeliões contra a tirania do governo. Para participar dela, uma garota e um garoto, entre doze e dezoito anos, eram selecionados, por sorteio. O casal era posto em uma arena onde os dois adolescentes deveriam lutar até a morte e em que apenas um dos lutadores sairia vivo. E a competição era transmitida pela televisão para toda a “Panem”. O resto... vocês deduzam, ou, então, leiam o livro.
Quando “Jogos vorazes” foi lançado nos Estados Unidos, em 2008, nem mesmo a editora (a Scholastic) acreditava em seu sucesso. Tanto que a primeira edição foi de 50 mil exemplares, que é grande em termos brasileiros, mas incipiente para o mercado editorial norte-americano. Em poucas semanas, o livro esgotou-se nas livrarias. Foi rodada nova edição, de 200 mil, que rapidamente, também, foi consumida. Em resumo: hoje o romance de Suzanne Collins já foi traduzido para 26 idiomas e teve os direitos vendidos para 38 países. Além de, como destaquei, ter originado um filme. Isso é o que se pode classificar, sem vacilações, de “retumbante sucesso!”.
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