Pedro J. Bondaczuk
Com a chegado do fim de ano, o0s mais variados órgãos de comunicação, e entre eles a TV, preparam as retrospectivas do período, verdadeiro balanço do que aconteceu no Estado, no País e no mundo nos 365 dias que ficaram para trás. Pelo menos dois canais de televisão já estão fazendo as chamadas, no ar, para esse resumo, ou seja, as redes Globo e Bandeirantes.
Temos a plena certeza que ambas retrospectivas terão altíssimo padrão de qualidade, características marcantes do jornalismo sério e criativo que tanto uma, como a outra, praticam. Mas o que mais chama a atenção do crítico, e provavelmente do telespectador, ´é a proposta da emissora do Morumbi. Ela não vai resumir, apenas, o ano de 1983, por si só riquíssimo em acontecimentos capazes de preencher não apenas o espaço de um único programa, mas de centenas deles. A Rede Bandeirantes vai enfocar todo um período da história contemporânea, o que abrange os 17 anos de existência daquele canal, e não pretende se ater aos fatos de caráter político (nacionais e internacionais), nem econômico e muito menos esportivo.
Propõe-se a rememorar os momentos marcantes de sua próprias existência, como um atuante órgão de informação, educação e entretenimento. Pode-se fazer restrição a algumas linhas de seus programas, afinal, é impossível que alguém consiga agradar a gregos e troianos. Falhas, certamente, ocorreram em todo esse período, pois essas são parte da condição humana dos que dirigem e apresentam as produções. Mas uma coisa não se pode negar: a grande importância da emissora e sua enorme contribuição para a evolução da TV brasileira, situada, sem favor algum, a despeito de suas naturais imperfeições e pontos criticáveis, entre as melhores do mundo.
Programada para uma apresentação em dois dias, 24 e 41 de dezembro, a retrospectiva da Rede Bandeirantes vai abranger shows (nacionais e internacionais), novelas que marcaram o gênero que contaram com os maiores talentos dos nossos vídeos e ribaltas, vivendo os seus papeis – e foram tantas nesse longo período de atividade – eventos políticos que marcaram toda uma geração, tanto em nosso país quanto no mundo, e outros acontecimentos mais, às vezes restritos, apenas, a algumas comunidades, mas que nem por isso deixam de ser importantes.
Ao mesmo tempo em que a iniciativa da emissora do Morumbi é digna de elogios, principalmente porque, com o advento do videocassete, vai permitir que muitas pessoas conservem em seus arquivos particulares a gravação desses trechos da história contemporânea, que de outra maneira estariam fadados a se perderem no tempo, não deixa de merecer reparos.
A Rede Globo, por exemplo, quando completou quinze anos, passou um ano mostrando ao grande público que acompanha o que apresentou de melhor no período. Mesmo o programa “Fantástico”, ao atingir o décimo aniversário de gravação fez uma retrospectiva em diversas apresentações.
A Rede Bandeirantes, pela sua importância para o desenvolvimento desse meio de comunicação no País, que é a TV, deveria fazer essa auto-retrospectiva em, digamos, um m,ês inteiro. É muita coisa boa para ser mostrada apenas em dois únicos programas. Vários momentos marcantes, fatalmente, deixarão de ser reprisados, para frustração daqueles que desejam gravar em videocassete esse período todo.
Ainda assim, a idéia do pessoal do Morumbi sai um pouco do lugar comum de todos os finais de ano, a própria emissora tem uma grande oportunidade de se conhecer melhor, além de permitir ao seu grande público que mate a saudade de astros e estrelas, muitos já ausentes do convívio humano que, sem dúvida, em maior ou menor grau, tiveram alguma espécie de influência (geralmente benéfica) nas vidas de milhões de pessoas.
(Comentário publicado na coluna Vídeo, editoria de Arte e Variedades do Correio Popular, em 2 de dezembro de 1983).
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