Tuesday, May 29, 2012

Conflitos redesenham mapa geopolítico

Pedro J. Bondaczuk

O clima de guerra civil existente na Iugoslávia, em virtude dos conflitos étnicos entre sérvios e croatas, que trouxe à tona o secular ódio existente entre estas duas Repúblicas, ressalta as controvérsias de fronteiras no Leste europeu do pós-comunismo.

O mapa da Europa Oriental desenhado ao término da Segunda Guerra Mundial pelo líder soviético Joseph Stalin, pelo presidente norte-americano, Franklin D. Roosevelt, e pelo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, na Conferência de Yalta, de fevereiro de 1945, já teve seus contornos alterados, com a reunificação das duas Alemanhas, ocorrido em 3 de outubro de 1990.

Outras mudanças significativas, todavia, estão em vias de ocorrer. A União Soviética, a médio prazo, por exemplo, deverá ter seu perfil alterado, perdendo pelo menos 1,8% do seu atual território, representado por seis Repúblicas rebeldes. Lituânia, Letônia, Estônia, Geórgia e Armênia já proclamaram, unilateralmente, suas independências.

Embora o Cremlin tente, de todas as formas, mantê-las agregadas à URSS, isto se torna, a cada dia, mais improvável. Já a Moldávia, antiga Bessarábia, tomada da Romênia ao fim da Segunda Guerra Mundial, pretende se reunificar (novamente) a esse país.

O processo pode levar anos ou até décadas, mas o mais provável é que as Repúblicas rebeldes logrem os seus intentos. À Iugoslávia, outra colcha de retalhos étnica, surgida em 1918, ao final da Primeira Guerra Mundial, parece estar reservado um destino ainda pior do que o da União Soviética. Enquanto o marechal Jozip Broz Tito era vivo, seu carisma pessoal e o fato dele ser um herói nacional, conseguiram manter a federação razoavelmente coesa.

As primeiras fissuras na união, todavia, começaram a surgir após sua morte, em 5 de maio de 1980, com a estranha presidência colegiada que ele criou antes de morrer. Agora, as seis Repúblicas e duas regiões autônomas que compõem o país estão querendo cada uma ir para o próprio lado. O processo separatista ameaça, inclusive, ser muito mais traumático do que o soviético e dificilmente uma ampla guerra civil poderá ser evitada.

(Artigo publicado na página 18, Internacional, do Correio Popular, em 9 de maio de 1991)

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