Pedro J. Bondaczuk
A tomada do Quartel Moncada, que há 36 anos deu início ao movimento guerrilheiro de Fidel Castro (que redundou na sua ascensão ao poder, cerca de seis anos depois), vai ser lembrada, hoje, pelos cubanos, que poderão fazer uma avaliação das conquistas e dos fracassos da sua revolução.
Para um observador à distância, que precisa, por isso, se fiar na opinião de terceiros, é uma tarefa muito difícil, se não impossível, esta de analisar o que de fato ocorreu nessa populosa ilha do Caribe desde a queda do ditador Fulgêncio Batista.
Talvez um dos parâmetros para medir a propalada evolução desse país, pelo menos no aspecto social, é o de comparar as cifras de antes e de depois desse período, referentes à educação, à saúde, à habitação e aos esportes. E nesses aspectos, por maior que seja a má vontade em relação ao regime de Castro (por questões ideológicas), não se pode negar, sob risco de faltar com a verdade, que a vida melhorou, e muito, para a maioria dos cubanos.
Aliás, o leitor cá de Campinas, que quiser conhecer um pouco mais a esse respeito, terá, hoje, uma rara oportunidade para isso. Basta que compareça, às 17 horas, ao Centro de Convivência Cultural, onde vai ocorrer um debate sobre os vários aspectos que envolvem a terra natal do poeta José Marti.
Os debatedores vão enfocar política e cultura; passado e presente; dificuldades e avanços em Cuba. A promoção, do Instituto de Artes da Unicamp e da Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo da Prefeitura de Campinas, faz parte da Mostra Internacional de Teatro. Estará debatendo com o público o diretor de teatro cubano Fernando Saez, que à frente do Grupo 2 Santa Clara, está apresentando, no mesmo local, sempre às 21 horas, até domingo, a peça “El Hijo”.
Esta será, portanto, uma rara oportunidade para conhecer alguns aspectos da Revolução ocorrida em Cuba através de alguém que convive com seus resultados (bons e ruins) no cotidiano. Como se sabe, esse país viveu décadas no mais completo isolamento, segregado por praticamente todos os países das três Américas, o que depôs, inclusive, contra o tão apregoado (e pouco exercido) espírito de solidariedade pan-americana.
A despeito dessa segregação, porém, Cuba sobreviveu, o que não deixa de ser uma façanha, quando se sabe que o magnífico adversário que enfrenta, situado a poucos quilômetros do seu território, no Golfo do México, é, nada menos, do que a mais rica, bem armada e poderosa superpotência do Planeta, os Estados Unidos.
Talvez tenhamos muito que aprender com os cubanos. Quando mais não seja, evitando de cometer os mesmos erros que eles cometeram e buscando, logicamente, copiar o que deu certo. Por isso, o debate de hoje é imperdível aos que querem se manter sempre bem informados sobre os dramas do nosso tempo.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 26 de julho de 1989)
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