Sorte e obstinação
Pedro J. Bondaczuk
A obstinação, ou seja, a perseverança na busca de um
objetivo, é fator primordial para o sucesso de qualquer empreendimento,
individual ou coletivo. É muito fácil (e cômodo), embora contraproducente,
abandonar uma tarefa pelo meio, quando surgem dificuldades, às vezes sequer
muito grandes, mas que exigem das pessoas maior dose de aplicação, de esforço,
de talento ou apenas de persistência.
O desânimo é uma tendência bastante comum, mas que
reflete comodismo e em geral falta de objetivos definidos. É uma atitude a ser
combatida com autodisciplina e com uma visão clara da meta que se quer atingir.
É, aliás, o comportamento da maioria das pessoas (das perdedoras,
evidentemente), que esperam que os outros atendam os seus desejos e
necessidades, de graça, sem que precisem dar nenhuma contrapartida.
Feio, porém, não é fracassar, mas não haver sequer
tentado ser vencedor. Alguns obstáculos, à primeira vista, assumem o aspecto de
intransponíveis, embora raros o sejam de fato. Isto, é claro, se o objetivo
visado for factível. Ou seja, desde que não extrapole para o terreno da fantasia,
do sonho inconseqüente, da impossibilidade física, intelectual ou material.
Mesmo nestes casos, o homem tem sabido, no correr da história, superar limites.
Outro fator amiúde citado pelas pessoas como
fundamental para o sucesso é a chamada "sorte". E o que vem a ser
esse conceito tão vago, com tantos significados, e que costumo denominar de
"acaso?" São as chances que aparecem, na hora certa e que, quando
aproveitadas, podem reverter situações adversas. É o inesperado, que nos livra
de riscos e que evita, em muitos casos, a própria morte. É o aleatório agindo a
nosso favor. É estar na hora certa, no local adequado e atento o suficiente
para usufruir da oportunidade.
Lester Thurow, em seu livro "The Future of
Capitalism", observa: "A moral da história é que é importante ser
esperto, é ainda mais importante ter sorte, mas ainda mais importante é ser
obstinado". A obstinação consegue reverter situações aparentemente
impossíveis e opera "milagres". É uma poderosa arma para superar as
adversidades de toda a sorte, das financeiras às familiares, passando pelos
fracassos profissionais, mais comuns do que se pensa. Quantos indivíduos, que
são "feras" nos tempos de escola, detentores das melhores notas da
classe, primeiros colocados em vestibulares e que ao exercerem a profissão para
a qual se prepararam com tamanho empenho, acabam frustrando expectativas
(próprias e de terceiros)!
Aliás, essa parece ser mais a regra do que a
exceção. Dificilmente vemos as "promessas" dos bancos escolares
vingarem nas profissões que escolheram. Porque apenas a preparação acadêmica é
insuficiente para garantir o sucesso. O reverendo norte-americano Norman
Vincent Peale revela: "tenho observado, no correr dos anos, que a
adversidade ou engrandece a pessoa ou a diminui. Nunca deixa como era
antes".
Os que sabem extrair lições dos fracassos,
independente do fator sorte, em geral revertem situações aparentemente de
desvantagem e logram grandes feitos. Obtêm ou fortuna, ou fama, ou satisfação
pessoal, dependendo do(s) objetivo(s) que impuseram em suas vidas. A maioria,
no entanto, tende à autoflagelação diante de insucessos.
Os consultórios dos psiquiatras e psicanalistas
andam repletos de neuróticos, viciados, deprimidos, com complexo de culpa ou de
inferioridade. Foram "diminuídos" pelas adversidades (quando não
massacrados por elas). Não souberam, ou não quiseram, ou não puderam
perseverar. Em casos assim, a "sorte" nada resolve, até porque não
costuma ser contínua, mas um evento raro, quando não único em uma vida.
O desânimo, no entanto, ainda não é o pior que pode
acontecer a alguém e o levar ao fundo do poço. O pensador norte-americano Harry
Emerson Fosdick aponta um inimigo ainda mais mortal: "É melhor desanimar
do que conformar-se", destaca. O conformismo diante de qualquer condição
(mesmo as favoráveis) ou situação é o caminho mais curto para a acomodação. Daí
para a mediocridade é apenas um passo.
A perseverança é o antídoto também contra a
conformação. Roger William Riis observa que o ser humano tem poderes com os
quais sequer atina. Destaca: "Sempre que enfrenta um obstáculo
intransponível, o homem se atira ao trabalho e acaba por sobrepujá-lo. Se há
limites para ele, ignoro onde ficam. Mas não acredito que haja. Vejo o homem
como um filho do universo que tem como herança a eternidade. Acho-o
maravilhoso, sou seu devotado entusiasta. E positivamente me orgulho de fazer
parte da raça humana". Eu também. Em especial dos empreendedores, dos
esforçados, dos entusiastas, dos obstinados.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk..
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