Personagem
controvertida
Pedro J. Bondaczuk
O
ex-presidente norte-americano, Richard Nixon, foi uma das figuras mais
controvertidas e ao mesmo tempo fascinantes da história contemporânea dos
Estados Unidos. Alternou, em sua vida política, fracassos contundentes e
sucessos retumbantes. Reatou, por exemplo, as relações diplomáticas com a
China, rompidas desde a ascensão dos comunistas ao poder nesse país em 1949,
após a surpreendente viagem que fez a Pequim de 21 a 27 de fevereiro de 1972.
Retirou "Tio Sam" das "areias movediças" do Vietnã, após 12
anos de guerra. Firmou com os soviéticos o primeiro acordo de desarmamento
nuclear. Mas acabou se tornando o primeiro presidente da história
norte-americana a ser forçado a renunciar, em 8 de agosto de 1974, para escapar
de um vexatório processo de "impeachment".
O
que o levou à "desgraça" política foi um incidente aparentemente
banal. Em 17 de junho de 1972, em plena campanha para as eleições presidenciais
desse ano, em que era o franco favorito diante de George McGovern, membros do
Partido Republicano foram surpreendidos tentando instalar sistema de escutas no
escritório dos democratas em Washington, o edifício Watergate. A princípio o
caso mereceu pouca atenção da imprensa. Contudo, dois repórteres do "The
Washington Post", Carl Bernstein e Bob Woodward, decidiram ir mais fundo
na questão.
Em
uma série de reportagens, trouxeram à tona outros casos de espionagem do tipo,
de responsabilidade da Casa Branca. O escândalo não impediu a reeleição de
Nixon, em 7 de novembro de 1972, de forma esmagadora, o que mostra que não
precisaria de expedientes escusos para ganhar novo mandato. Mas determinaria o
encerramento melancólico de sua carreira, que tinha tudo para passar para a
história como das mais brilhantes, em uma época tensa, de Guerra Fria, e que
acabou manchada por uma atitude que até hoje causa interrogações.
(Artigo
publicado na editoria Internacional do Correio Popular em 8 de janeiro de 1996)
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