Wednesday, April 25, 2012




Orgia de sons



Pedro J. Bondaczuk

Flutua no ar uma canção estranha,


bárbara e viril, mas terna: paradoxo.


O pensamento passeia, vagabundo, entre as estrelas


e o corpo, frágil corpo, padece na luta renhida.


Navio fantasma singra ignotos mares,


raios, trovões, tempestades pavorosas.


Cantos de sereias provocantes e letais,


Ulisses a lutar com humanos instintos.



Nave estelar volteia insólito planeta,


além de Sirius, Canopus ou Aldebarã,


calor intenso de bilhões e bilhões de graus,


nave que suporta mil sóis.



Perplexidade de sonhos, de fantasias,


pensamento mais veloz do que a luz


abarca imensidões inconcebíveis


imune a hecatombes galácticas, universais.



Noite, noite escura, noite eterna


salpicada de infindáveis focos de luz.


Treva, o universo é treva, sem princípio ou fim,


infinitésimo de segundo de brilho fugaz.



Estrondos mega-sônicos, horrendos.


Explosão de estrelas, constelações, galáxias.


O universo é povoado por orgia de sons...


Flutua no ar uma estranha canção...



(Poema composto em São Caetano do Sul, em 28 de janeiro de 1964).

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