Indignação
Pedro J. Bondaczuk
Indignado. Santa indignação
com todos déspotas da Terra!
Loba faminta, com gosto
de sangue na boca.
Hiena esquiva e covarde.
Gargalhada sinistra
e cavernosa, na disputa
por carcassas putrefatas.
Indignado. Santa indignação
com os arremedos de justiça!
Multidões escravizadas,
prevalência do mais forte,
as virtudes escamoteadas,
sinistra sombra da morte.
Indignado. Santa indignação
com agiotas e usurários!
Geração após geração,
Planeta que se consome,
desperdício e corrupção,
milhões que morrem de fome.
Indignado com tantos horrores,
com esse engodo quase perfeito,
com a decadência de valores
e a falência do Direito.
Indignado, mas impotente
para a mínima reação,
sinto-me fraco e doente.
Ah! Santa indignação!
(Poema composto em São Caetano do Sul, 16 de novembro de 1962).
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