Obras em parceria
Pedro J. Bondaczuk
A produção de obras literárias em parceria, ou seja, escritas a “quatro mãos”, por dois autores simultaneamente, não é muito comum, embora seja possível citar, com um tantinho de pesquisa, vários casos em que isso deu ou vem dando certo. Entre os casos mais famosos, um que me vem à mente de imediato é o da dupla de dramaturgos e romancistas franceses, Émile Erckmann e Alexander Chatrian.
Esses dois escritores do século XIX, cuja vertente temática era a exploração de fatos históricos, boa parte verídicos, que romanceavam, escreveram, em co-autoria (pasmem!) 62 livros. O mais conhecido deles é “Waterloo”, narrando a derrocada de Napoleão Bonaparte e o fim do seu sonho de construir, na Europa, um império dominado pela França.
Quem já tentou escrever em parceria sabe, por experiência, que a coisa não é tão simples quanto parece. A dupla precisa estar rigorosamente entrosada. Os estilos precisam ser, se não iguais, pelo menos semelhantes, ou muito parecidos. Ademais, há que se determinar tarefas específicas a cada um. E o texto final tem que ser redigido por apenas um deles, para que a obra tenha unidade e não seja como colcha de retalhos.
Estranhamente, essas parcerias literárias são mais comuns entre amigos, sendo raras entre parentes. Há, é certo, casos de marido e mulher que escrevem um ou outro livro em parceria. Mas são poucos. Mais raros, ainda, são os de pais (ou mães) e filhos (ou filhas). Parece-me, à primeira vista, que esse tipo de duplas facilitaria as coisas. A tarefa ficaria em casa. Não haveria problemas de deslocamento, por exemplo. Suponho que, pelo menos a logística, seria simplificada. Posso estar enganado, claro.
Há, todavia, uma dupla de co-autoras norte-americanas que vem fazendo muito sucesso, junto a um público específico, produzindo e lançando não um, mas uma série de romances, explorando uma vertente muito em voga na atualidade, a que se concentra em histórias de vampiros e outros quetais. Refiro-me a Phyllis Cast (conhecida pelo pseudônimo literário de P. C. Cast) e Kristin Cast. Pelo sobrenome, de imediato se deduz que são parentes. Mais do que isso, são mãe e filha.
Ambas têm carreiras literárias independentes, individuais. Ultimamente, porém, fazem sucesso (principalmente comercial), pelos livros escritos em parceria. É dessa dupla a série “House of Night” (“Casa da Noite”), que já conta com onze volumes, todos traduzidos para o português e lançados no Brasil. Pitorescamente, dez dos romances têm títulos de uma só palavra, a saber: “Marcada”, “Traída”, “Escolhida”, “Indomável”, “Perseguida”, “Seduzida”, “Queimada”, “Despeitada”, “Destinada”, “Encontrada”. A exceção é o mais recente, lançado no ano passado, intitulado “Manual do Novato”.
Não entro no mérito quanto à temática ou à qualidade literária dessas produções. Se estão vendendo, é porque agradam a uma parcela considerável de leitores. E se satisfazem a tantas pessoas, devem ter, lá, suas qualidades. Esse tipo de julgamento é muito subjetivo, e, até por questões éticas, evito de fazê-lo. Ademais, sou escritor e não crítico literário. Portanto, essa não é minha função.
Mãe e filha têm carreiras, diria, “solos”, ou seja, independentes. Kristin é poetisa. Não conheço nenhum livro de ficção que tenha escrito sozinha. Tem vários, mas só de poesia. Já P. C. Cast, antes de escrever em parceria com a filha, já havia escrito três séries diferentes: “Goddess” (de oito volumes), “Partholon” (de apenas dois) e “Divine” (de quatro). Todos são romances de Cavalaria/Fantasia.
Kristin tem 26 anos e é formada em literatura e em jornalismo. Continua estudando e faz curso de Biologia na Northeastern State University, em Oklahoma. Sua editora informou que está escrevendo seu primeiro romance solo, que promete publicar ainda em 2012. A jovem escritora não quis, porém, adiantar se esse livro segue a mesma linha temática, ou mesmo parecida, da série “Casa da Noite” que produziu com a mãe. Faz mistério a propósito e promete que será uma surpresa. Kristin recebeu vários prêmios de poesia e de jornalismo, o que atesta se tratar de excelente escritora.
Já a mãe é professora. Leciona inglês na South Intermnediate High School, em Broken Arrow, também no Estado de Oklahoma. Não quis revelar seus planos literários para o futuro, mas deu a entender que pretende escrever outros tantos romances. Só não se sabe se em parceria com a filha ou não. Será que essa dupla tão entrosada está prestes de se desfazer? Seria uma pena para seus milhões de admiradores. Afinal, por que mexer naquilo que vem dando certo?
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A produção de obras literárias em parceria, ou seja, escritas a “quatro mãos”, por dois autores simultaneamente, não é muito comum, embora seja possível citar, com um tantinho de pesquisa, vários casos em que isso deu ou vem dando certo. Entre os casos mais famosos, um que me vem à mente de imediato é o da dupla de dramaturgos e romancistas franceses, Émile Erckmann e Alexander Chatrian.
Esses dois escritores do século XIX, cuja vertente temática era a exploração de fatos históricos, boa parte verídicos, que romanceavam, escreveram, em co-autoria (pasmem!) 62 livros. O mais conhecido deles é “Waterloo”, narrando a derrocada de Napoleão Bonaparte e o fim do seu sonho de construir, na Europa, um império dominado pela França.
Quem já tentou escrever em parceria sabe, por experiência, que a coisa não é tão simples quanto parece. A dupla precisa estar rigorosamente entrosada. Os estilos precisam ser, se não iguais, pelo menos semelhantes, ou muito parecidos. Ademais, há que se determinar tarefas específicas a cada um. E o texto final tem que ser redigido por apenas um deles, para que a obra tenha unidade e não seja como colcha de retalhos.
Estranhamente, essas parcerias literárias são mais comuns entre amigos, sendo raras entre parentes. Há, é certo, casos de marido e mulher que escrevem um ou outro livro em parceria. Mas são poucos. Mais raros, ainda, são os de pais (ou mães) e filhos (ou filhas). Parece-me, à primeira vista, que esse tipo de duplas facilitaria as coisas. A tarefa ficaria em casa. Não haveria problemas de deslocamento, por exemplo. Suponho que, pelo menos a logística, seria simplificada. Posso estar enganado, claro.
Há, todavia, uma dupla de co-autoras norte-americanas que vem fazendo muito sucesso, junto a um público específico, produzindo e lançando não um, mas uma série de romances, explorando uma vertente muito em voga na atualidade, a que se concentra em histórias de vampiros e outros quetais. Refiro-me a Phyllis Cast (conhecida pelo pseudônimo literário de P. C. Cast) e Kristin Cast. Pelo sobrenome, de imediato se deduz que são parentes. Mais do que isso, são mãe e filha.
Ambas têm carreiras literárias independentes, individuais. Ultimamente, porém, fazem sucesso (principalmente comercial), pelos livros escritos em parceria. É dessa dupla a série “House of Night” (“Casa da Noite”), que já conta com onze volumes, todos traduzidos para o português e lançados no Brasil. Pitorescamente, dez dos romances têm títulos de uma só palavra, a saber: “Marcada”, “Traída”, “Escolhida”, “Indomável”, “Perseguida”, “Seduzida”, “Queimada”, “Despeitada”, “Destinada”, “Encontrada”. A exceção é o mais recente, lançado no ano passado, intitulado “Manual do Novato”.
Não entro no mérito quanto à temática ou à qualidade literária dessas produções. Se estão vendendo, é porque agradam a uma parcela considerável de leitores. E se satisfazem a tantas pessoas, devem ter, lá, suas qualidades. Esse tipo de julgamento é muito subjetivo, e, até por questões éticas, evito de fazê-lo. Ademais, sou escritor e não crítico literário. Portanto, essa não é minha função.
Mãe e filha têm carreiras, diria, “solos”, ou seja, independentes. Kristin é poetisa. Não conheço nenhum livro de ficção que tenha escrito sozinha. Tem vários, mas só de poesia. Já P. C. Cast, antes de escrever em parceria com a filha, já havia escrito três séries diferentes: “Goddess” (de oito volumes), “Partholon” (de apenas dois) e “Divine” (de quatro). Todos são romances de Cavalaria/Fantasia.
Kristin tem 26 anos e é formada em literatura e em jornalismo. Continua estudando e faz curso de Biologia na Northeastern State University, em Oklahoma. Sua editora informou que está escrevendo seu primeiro romance solo, que promete publicar ainda em 2012. A jovem escritora não quis, porém, adiantar se esse livro segue a mesma linha temática, ou mesmo parecida, da série “Casa da Noite” que produziu com a mãe. Faz mistério a propósito e promete que será uma surpresa. Kristin recebeu vários prêmios de poesia e de jornalismo, o que atesta se tratar de excelente escritora.
Já a mãe é professora. Leciona inglês na South Intermnediate High School, em Broken Arrow, também no Estado de Oklahoma. Não quis revelar seus planos literários para o futuro, mas deu a entender que pretende escrever outros tantos romances. Só não se sabe se em parceria com a filha ou não. Será que essa dupla tão entrosada está prestes de se desfazer? Seria uma pena para seus milhões de admiradores. Afinal, por que mexer naquilo que vem dando certo?
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