Tarefa e ferramenta
Pedro J. Bondaczuk
O brasileiro tem em suas mãos
a possibilidade de modificar a atual situação do País, afetado por
uma crise que virtualmente se eternizou e cujos reflexos sociais
estão aí para quem quiser ver. Basta que vote, e de maneira
adequada, consciente e inteligente nas próximas eleições.
É preciso que escolha um bom
governo, mas que seja homogêneo. Não basta eleger fulano, sicrano
ou beltrano para a Presidência sem lhe conferir, igualmente, maioria
no Congresso. Todos vimos no que deu a escolha de Fernando Collor,
sem que ele contasse com maioria parlamentar.
Cometeram-se, portanto, dois
erros simultâneos em 1989. Foi eleito um presidente sem a mínima
condição para fazer uma boa administração e, de quebra, este não
contou com o indispensável respaldo congressual.
Claro que ninguém pode saber
com antecedência qual dos candidatos é o melhor, quem é aquele há
tanto aguardado para liderar a sociedade na tarefa da redenção
nacional. Até porque, as simples aparências enganam. Saberemos se
votamos bem ou não apenas pelos resultados do próximo governo que
tivermos escolhido.
Além disso, a sociedade não
pode cair na esparrela de dar uma carta branca a quem for eleito.
Precisa permanecer atenta, participativa, fiscalizadora, cobrando as
promessas feitas nos palanques. Quem poderia imaginar, em novembro de
1989, que a gestão de Collor já começaria com suspeitas,
posteriormente com denúncias e mais tarde com comprovações de
corrupção entre seus ministros:? Não era ele o autodenominado
"caçador de marajás"? A presunção lógica era a de que
fosse, sobretudo, bom árbitro de caráter. Mas não era.
Portanto, às promessas dos
candidatos o eleitor deve juntar referências sobre sua vida.
Pesquisar seus antecedentes nos cargos que ocuparam. Saber qual foi o
seu desempenho e conhecer o nível de competência demonstrado.
O voto não pode ser
emocional, por mero palpite ou atribuído na base da simpatia ou da
antipatia pessoal. Até porque, todo o malandro costuma ser
simpático, caso contrário não conseguiria fazer "caixa"
sequer para o cafezinho. E o mais importante a destacar, e a reiterar
quantas vezes se fizer necessário: de nada vale conferir
responsabilidade a um homem se não forem dadas a ele "ferramentas"
para a execução do trabalho.
O próximo presidente
precisará contar com governabilidade. Para tanto, é importantíssimo
que disponha de maioria parlamentar, para que não esbarre na inércia
e não seja vítima de chantagem política de um Congresso hostil.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 3 de junho de 1994).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment