Bem-sucedida
missão de diálogo
Pedro
J. Bondaczuk
O
pré-candidato democrata às eleições presidenciais
norte-americanas, reverendo Jesse Jackson, é um emérito negociador.
E mais uma vez comprovou isso no giro que fez pelqa América Central
e Caribe, que terminou ontem, com seu regresso aos Estados Unidos, na
companhia de 48 pessoas que estavam presas em Cuba. Dessas, 22 são
cidadãs norte-americanas e 26 prisioneiras políticas cubanas.
Em
todos os países por onde passou (e foi, justamente, naqueles com os
quais Washington tem problemas) deixou uma imagem de homem
conciliador (consciente das dificuldades existentes no continente),
sobretudo de um líder aberto ao diálogo. Em El Salvador, manteve
reunião cordial com o presidente salvadorenho José Napoleón Duarte
e com outras forças vivas daquele país, como empresários e
religiosos. O mesmo fato se repetiu no Panamá, no contato que teve
com Jorge Illueca e, finalmente em Cuba, a parte mais difícil da sua
missão, que ele desempenhou com pleno êxito.
A
sinceridade desse pastor negro impressionou vivamente o líder
cubano, Fidel Castro, que lhe prestou calorosa recepção. E Jackson
não saiu de mãos vazias de Havana. Obteve a libertação de 48
prisioneiros e a certeza que os dirigentes de Cuba não são tão
impermeáveis ao diálogo. Outro ponto a seu favor foi a promessa de
Castro de retirar 20 mil soldados cubanos que estão atualmente em
Angola, fato que propiciaria a independência da África do Sudoeste,
mais conhecida como Namíbia.
Finalmente,
em Manágua, teve palavras brandas e confortadoras para com os
sandinistas, demonstrando sua confiança de que os nicaraguenses
saberão encontrar uma saída democrática para seus atuais
problemas, com a realização, em novembro, de eleições
presidenciais limpas, capazes de devolver a tranquilidade e a
concórdia para aquele sofrido povo.
Embora
fora do páreo para a sua postulação pela candidatura democrata,
Jackson tem um considerável “cacife” político,. Com o qual pode
negociar na convenção do seu partido, do mês que vem, na cidade
californiana de São Francisco. A prevalecer a sua enorme capacidade
de negociador, não tenham dúvidas, a América Latina vai ouvir
falar muito sobre esse pastor em caso da derrota eleitoral de Ronald
Reagan, que postula a reeleição. E a menos que esse espírito
conciliador não tenha passado de encenação eleitoral (no que não
acreditamos), os latino-americanos vão poder contar, por pelo menos
quatro anos, com um importante aliado para a superação de seus
graves problemas políticos, econômicos, sociais e institucionais e
não mais com um verdugo que lhes causa tantas aflições.
(Artigo
publicado na editoria Internacional do Correio Popular, em 29 de
junho de 1984).
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