Friday, September 22, 2017

Mudança e consciência


Pedro J. Bondaczuk

O brasileiro está ávido, mais do que nunca, para mudar, dentro do possível, as coisas neste país, quer na política, quer na economia, quer no esporte ou no relacionamento social. Daí ser tão crítico e implacável em relação àquilo que notoriamente está errado, é vicioso ou não funciona.

Às vezes, no entanto, descamba para o exagero e generaliza. Inclui no mesmo rol honestos e corruptos, esforçados e indolentes, relapsos e competentes. E isso nada constrói. É freqüente vermos tal atitude no dia a dia. Quando se refere a políticos, a generalização já se tornou um hábito. Todos são classificados indistintamente como corruptos, oportunistas, cínicos, etc., mereçam ou não. Claro que esse comportamento não é construtivo e sequer inteligente.

Em relação às próximas eleições, é possível observar três atitudes diferentes do eleitor em potencial. Um grupo, reduzido por enquanto, procura se informar sobre os candidatos, sobre a parafernália de siglas em que se transformou a vida partidária brasileira e principalmente acerca das propostas dos que aspiram à Presidência da República. Ainda não formou qualquer juízo. Dos postulantes aos governos estaduais, pelo menos a esta altura da campanha, pouco tem se informado.

O segundo grupo, um pouco mais numeroso, não esconde o seu descontentamento com a classe política nem seu ceticismo de que possa haver alguma evolução positiva. Os que o integram se preparam para dar um voto de protesto, escolhendo candidatos comprometidos em mudar por completo os rumos do País. Sejam viáveis ou não essas mudanças.

Finalmente, há uma imensa maioria, dividida entre omissos e mal informados. Os primeiros são os que classificam "todos os políticos de ladrões". Argumentam que, por essa razão, vão votar em branco ou anular seus votos. Estão no seu direito.

Os segundos, entre os quais se incluem os analfabetos, sabem que o País vai ter eleições, mas não atinam sobre a sua importância. Têm noção muito vaga dos candidatos e dos cargos que eles vão disputar. Constituem-se na eterna massa de manobra, com a qual os políticos com "p" minúsculo, os oportunistas, os medíocres e os que apenas querem "se arrumar" contam para fazer carreira. Compete aos partidos mudar esse quadro.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de julho de 1994).



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