Mudança e consciência
Pedro J. Bondaczuk
O brasileiro está ávido,
mais do que nunca, para mudar, dentro do possível, as coisas neste
país, quer na política, quer na economia, quer no esporte ou no
relacionamento social. Daí ser tão crítico e implacável em
relação àquilo que notoriamente está errado, é vicioso ou não
funciona.
Às vezes, no entanto,
descamba para o exagero e generaliza. Inclui no mesmo rol honestos e
corruptos, esforçados e indolentes, relapsos e competentes. E isso
nada constrói. É freqüente vermos tal atitude no dia a dia. Quando
se refere a políticos, a generalização já se tornou um hábito.
Todos são classificados indistintamente como corruptos,
oportunistas, cínicos, etc., mereçam ou não. Claro que esse
comportamento não é construtivo e sequer inteligente.
Em relação às próximas
eleições, é possível observar três atitudes diferentes do
eleitor em potencial. Um grupo, reduzido por enquanto, procura se
informar sobre os candidatos, sobre a parafernália de siglas em que
se transformou a vida partidária brasileira e principalmente acerca
das propostas dos que aspiram à Presidência da República. Ainda
não formou qualquer juízo. Dos postulantes aos governos estaduais,
pelo menos a esta altura da campanha, pouco tem se informado.
O segundo grupo, um pouco mais
numeroso, não esconde o seu descontentamento com a classe política
nem seu ceticismo de que possa haver alguma evolução positiva. Os
que o integram se preparam para dar um voto de protesto, escolhendo
candidatos comprometidos em mudar por completo os rumos do País.
Sejam viáveis ou não essas mudanças.
Finalmente, há uma imensa
maioria, dividida entre omissos e mal informados. Os primeiros são
os que classificam "todos os políticos de ladrões".
Argumentam que, por essa razão, vão votar em branco ou anular seus
votos. Estão no seu direito.
Os segundos, entre os quais se
incluem os analfabetos, sabem que o País vai ter eleições, mas não
atinam sobre a sua importância. Têm noção muito vaga dos
candidatos e dos cargos que eles vão disputar. Constituem-se na
eterna massa de manobra, com a qual os políticos com "p"
minúsculo, os oportunistas, os medíocres e os que apenas querem "se
arrumar" contam para fazer carreira. Compete aos partidos mudar
esse quadro.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 22 de julho de 1994).
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