Ciência
está brincando de fabricar monstros
Pedro
J. Bondaczuk
Mães de aluguel, bebês de
proveta, embriões congelados etc... São assuntos que andam
frequentando as manchetes dos órgãos de imprensa do mundo todo nos
últimos tempos, mostrando perigosa tendência humana: a de
desvirtuar, cada vez mais, o real motivo da união carnal, origem de
todos os seres vivos, passando a encará-la sob um prisma doentio de
mera forma de prazer.
Não é de hoje que temos
assistido na TV, lido em livros e acompanhado pelos noticiários, o
surgimento de nova profissão, mormente nos Estados Unidos: a das
chamadas “mães de aluguel”, moças que se deixam prostituir,
mantendo relações com homens que não podem procriar com suas
respectivas esposas, entregando os bebês nascidos dessas ligações
a quem os “encomendou” friamente, como se fossem mera mercadoria.
Chega a gelar a espinha, não é mesmo? Mas essa prática já é até
corriqueira, em especial no rico estado norte-americano da
Califórnia.
Os bebês de proveta, ou seja,
a inseminação fora do corpo materno, com o embrião sendo colocado,
posteriormente, no útero da “hospedeira”, também é uma prática
rotineira. Ela foi consagrada sem que fosse levada a amplo debate da
sociedade, sem qualquer consideração de caráter ético, sem
nenhuma regulamentação legal, como se o ser humano fosse um animal
qualquer, um bezerro, uma galinha, um equino etc,etc,etc.
O próprio homem, em sua
insensatez, desfaz-se, portanto, da sua nobreza no mundo animal e
equipara-se ao irracional. E qual o objetivo disso? Como serão, no
futuro, esses indivíduos, que na prática não passam de cobaias de
cientistas que querem brincar de deuses? Não estariam sendo criadas
hordas de monstros psicológicos, de portadores de taras incuráveis,
de pessoas sem qualquer ligação atávica com os responsáveis pelos
seus genes? Afinal, nenhuma das crianças nascidas por tais métodos
atingiu, ainda, a idade adulta, para que se possa avaliar seu
comportamento , comparado ao de “míseros” semelhantes gerados
pelos prosaicos meios naturais.
Temo que a fantasia do
escritor Ira Levin, no seu livro “Os meninos do Brasil” (cujo
filme, baseado nessa obra, será exibido no sábado, na TV) da
criação, por métodos artificiais, de indivíduos com as mesmas
características de paranoicos carismáticos (no cado, de Adolf
Hitler) está cada vez mais próxima de deixar o plano da ficção e
tornar-se real. Depois ainda dizem que estamos em ostensivo processo
de evolução… Evoluímos, de fato, ou caminhamos, como cegos, rumo
ao pricipício do horror? Tenho sérias dúvidas a propósito.
(Artigo publicado na editoria
internacional do Correio Popular, em 19 de junho de 1984).
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