Sunday, September 03, 2017

Ciência está brincando de fabricar monstros

Pedro J. Bondaczuk

Mães de aluguel, bebês de proveta, embriões congelados etc... São assuntos que andam frequentando as manchetes dos órgãos de imprensa do mundo todo nos últimos tempos, mostrando perigosa tendência humana: a de desvirtuar, cada vez mais, o real motivo da união carnal, origem de todos os seres vivos, passando a encará-la sob um prisma doentio de mera forma de prazer.

Não é de hoje que temos assistido na TV, lido em livros e acompanhado pelos noticiários, o surgimento de nova profissão, mormente nos Estados Unidos: a das chamadas “mães de aluguel”, moças que se deixam prostituir, mantendo relações com homens que não podem procriar com suas respectivas esposas, entregando os bebês nascidos dessas ligações a quem os “encomendou” friamente, como se fossem mera mercadoria. Chega a gelar a espinha, não é mesmo? Mas essa prática já é até corriqueira, em especial no rico estado norte-americano da Califórnia.

Os bebês de proveta, ou seja, a inseminação fora do corpo materno, com o embrião sendo colocado, posteriormente, no útero da “hospedeira”, também é uma prática rotineira. Ela foi consagrada sem que fosse levada a amplo debate da sociedade, sem qualquer consideração de caráter ético, sem nenhuma regulamentação legal, como se o ser humano fosse um animal qualquer, um bezerro, uma galinha, um equino etc,etc,etc.

O próprio homem, em sua insensatez, desfaz-se, portanto, da sua nobreza no mundo animal e equipara-se ao irracional. E qual o objetivo disso? Como serão, no futuro, esses indivíduos, que na prática não passam de cobaias de cientistas que querem brincar de deuses? Não estariam sendo criadas hordas de monstros psicológicos, de portadores de taras incuráveis, de pessoas sem qualquer ligação atávica com os responsáveis pelos seus genes? Afinal, nenhuma das crianças nascidas por tais métodos atingiu, ainda, a idade adulta, para que se possa avaliar seu comportamento , comparado ao de “míseros” semelhantes gerados pelos prosaicos meios naturais.

Temo que a fantasia do escritor Ira Levin, no seu livro “Os meninos do Brasil” (cujo filme, baseado nessa obra, será exibido no sábado, na TV) da criação, por métodos artificiais, de indivíduos com as mesmas características de paranoicos carismáticos (no cado, de Adolf Hitler) está cada vez mais próxima de deixar o plano da ficção e tornar-se real. Depois ainda dizem que estamos em ostensivo processo de evolução… Evoluímos, de fato, ou caminhamos, como cegos, rumo ao pricipício do horror? Tenho sérias dúvidas a propósito.

(Artigo publicado na editoria internacional do Correio Popular, em 19 de junho de 1984).



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