Saturday, September 30, 2017

PERSONALIDADE PODE SER MELHORADA OU PIORADA

Há inúmeras características inatas, em nossa personalidade, que podem ser corrigidas (ou deterioradas quando for o caso), melhoradas (ou pioradas), mas que nunca são suprimidas ou substituídas. Às vezes permanecem apenas latentes, adormecidas, mas estão dentro de nós enquanto existimos. Seus traços básicos permanecem presentes em cada indivíduo até a sua morte. Por seu turno, há tantas outras características que vamos acrescentando ao longo da vida, voluntariamente ou ao sabor do acaso e das circunstâncias, que nos tornam, na velhice, bem diferentes do que fomos na infância (melhorados ou piorados, é mister que se destaque). O que varia, de pessoa para pessoa, é a intensidade dessas mudanças, reduzindo ou acentuando diferenças, de acordo com a realidade de cada uma. Fica assente, pois, que podemos melhorar nossa personalidade (e também piorá-la, o que, óbvio, não é nada desejável).

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Nova crise no ar

Pedro J. Bondaczuk

Os arroubos do presidente Itamar Franco e o oportunismo de muitos, que não têm a mínima consciência social, colocaram o País à beira de nova crise política. Desde antes da aprovação do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 29 de setembro de 1992, eram freqüentes os boatos acerca de choques econômicos, congelamentos e outros meios heterodoxos – para não dizer estúpidos – de deter a escalada inflacionária. E tome remarcações preventivas, por conta de simples rumores, que não se concretizaram.

Agora, quatro ministros da Fazenda depois – Marcílio Marques Moreira, Gustavo Krause, Paulo Haddad e Eliseu Resende – esse tipo de conversa volta a freqüentar as manchetes, e como sendo favas contadas.

Quem ganha com isso? A população, com absoluta certeza, não é. A maioria dos brasileiros vê aprofundar-se o fosso da desigualdade de renda, que já é um dos mais profundos do mundo, com a pena sobressalente de não saber, sequer, se amanhã continuará com seu emprego, que lhe permita o sustento da família.

Enquanto isso, alguns espertalhões, valendo-se da ingenuidade de um presidente despreparado para o cargo, para o qual, sequer, foi eleito, agitam crises artificiais, talvez para emergirem delas como “salvadores da pátria”.

É doloroso ver o país em que nascemos, que tanto amamos – embora hoje alguns considerem esse amor “piegas” – afundando em atraso e demagogia barata. Não se defende, aqui, qualquer consenso. A democracia sobrevive, apenas, em conflitos que, quando bem administrados, geram uma energia irresistível, que catapulta os povos para o progresso.

O escritor indiano, naturalizado britânico, Salman Rushdie, observou a esse respeito: “Uma sociedade que só se relaciona sem atritos é uma sociedade morta. Quando só se pode dizer aquilo com que o outro está de acordo, toda a forma de liberdade está aniquilada”.

O que não se pode é sabotar a economia de um país como o nosso, que já está desarrumada, há muito tempo, por si só. Aliás, sabotagem maior já foi feita pelos que endividaram o Brasil, forçando a Nação desajustada a enveredar por um modelo econômico que não lhe é conveniente.

E quem fez isso? O ex-ministro da Agricultura durante o governo Médici, Luiz Fernando Cirne Lima, fez, em 5 de agosto de 1982, uma revelação gravíssima a esse respeito, não levada a sério na ocasião.

Disse, em entrevista no programa “Espaço Aberto”, da TV Guaíba de Porto Alegre: “Os tecnocratas do governo provocaram esta grande dívida externa para forçar o Brasil a um modelo do qual nunca pudesse retroceder. Durante minha administração, freqüentemente, os tecnocratas repetiam: ‘Temos que dar um nó na economia que só nós saibamos desatar’”.

A declaração dispensa comentários. O jornal norte-americano “The Washington Post”, em recente editorial, citando números do Banco Mundial, demonstra que a desigualdade de renda entre os brasileiros é uma das mais altas entre os maiores países do mundo.

Há um desequilíbrio de 26 para 1 – na Europa Ocidental ele é de seis para um – entre os ganhos dos 20% mais ricos da população e dos 20% mais pobres. Uma coisa é certa: não são estes últimos que estão espalhando boatos de congelamento e muito menos estão pedindo esta medida, mesmo não sabendo de suas conseqüências.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de março de 1993).



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Recompensa ou fim?

Pedro J. Bondaczuk

A palavra felicidade, junto com outros tantos conceitos ambíguos, como amor, esperança, fé etc.etc.etc. é uma das mais abordadas por poetas, romancistas, dramaturgos, psicólogos e filósofos de todos os tempos e das menos compreendidas. Há pessoas que são absolutamente felizes por nada e outras, por seu turno, têm tudo o que alguém possa aspirar e são “poços” de infelicidade. Por que?

Antoine de Saint-Exupéry, por exemplo, considera que a felicidade seja “recompensa” e não “fim”. Discordo. Entendo que ela seja uma predisposição, uma condição espiritual favorável, um estado de satisfação íntima que não depende de nada e ninguém para se instalar em nossas vidas.

Para sermos felizes, temos de “querer” sê-lo, mas com a máxima intensidade, de coração e alma abertos, sem atentar para o que somos, o que temos e com quem estamos. Claro que não sou o dono da verdade e posso, perfeitamente, estar equivocado a respeito. Escrevo, porém, com base, exclusivamente, na minha experiência pessoal e asseguro que, na maior parte do tempo, sou feliz! Por que? Porque quero!

É possível tratarmos da felicidade, cultivarmos esse estado de espírito, esta predisposição positiva face à vida, como uma planta delicada, para que sempre permaneça viçosa e florida? Entendo que sim! Não só podemos, como devemos cultivá-la, tratá-la, adubá-la com o adubo do afeto, do amor e das amizades e borrifá-la com o defensivo da fé, da esperança e da alegria, para que as ervas daninhas da inveja, do rancor, do desespero e de tantos e tantos outros nefastos, mas evitáveis, parasitas, não a sufoquem e lhe tirem o viço.

Vinicius de Moraes, nos versos finais do clássico “A felicidade”, trilha sonora do filme “Orfeu no Carnaval” (com melodia de Luís Bonfá), diz:

A felicidade é uma coisa boa
e tão delicada também,
tem flores e amores
de todas as cores,
tem ninhos de passarinhos
tudo de bom ela tem
e é por ela ser assim tão delicada
que eu trato dela sempre muito bem”.

Até porque, o início dessa canção soa como advertência:

Tristeza não tem fim
felicidade sim”.

Evitemos que ela se acabe.

Nunca deixemos as portas da alma entreabertas, ou seja, nem abertas por completo e nem fechadas de vez. Esse é o caminho das meias-verdades – que são piores que as mentiras explícitas por causa da sua verossimilhança – e da insensatez, que nos conduz ao erro e à infelicidade.

Escancaremos, sim, as portas do nosso entendimento à verdade, à felicidade, ao amor, às amizades, à alegria, ao bom humor e à solidariedade, entre outros tantos sentimentos bons. E tranquemo-las a sete chaves – se possível com o reforço de um ferrolho – à inveja, intriga, rancor, violência, egoísmo e aos demais venenos da alma. Mas nunca, em circunstância alguma, as deixemos apenas entreabertas.

Tudo o que se faz na vida gera algum efeito. Nada, absolutamente nada passa incólume. Às vezes, é verdade, os atos são imperceptíveis e ficam assim para sempre. O efeito gerado é ínfimo e quem os praticou se conforma em não ser identificado. Às vezes, as ações tardam a ser percebidas e o autor, igualmente, permanece incógnito.

Às vezes, a percepção é imediata, mas as conseqüências é que são imperceptíveis. E às vezes, os atos (bons ou ruins) são percebidos de imediato e premiados ou punidos, de acordo com sua natureza, sem tardança. Mas tudo, absolutamente tudo o que se faz na vida gera algum efeito.

São os rastros, as marcas, os vestígios de nossa existência que deixamos nos caminhos do tempo. Cecília Meirelles ilustra essa situação de forma lírica e bela, com estes versos que encerram o poema “4º motivo da rosa”, e com os quais encerro, também, essa nossa periódica conversa:

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe o vento, o vento vai falando de mim

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim”.

Desfolho-me, em cada lugar que passo, deixando um pouco de mim. Busco espalhar perfume no caminho que trilho, na tentativa de ser lembrado com carinho pelos que comigo conviveram ou que, ao menos, me conheceram. Tento, sobretudo, semear exemplos de conduta e motivar as pessoas na conquista e manutenção da felicidade. Como Cecília Meirelles, “por desfolhar-me é que não tenho fim”.




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Friday, September 29, 2017

CONSIDERAÇÕES SOBRE “PERSONALIDADE”

A palavra “personalidade” é, no meu entender, autoexplicativa. Não requer grande esforço mental ou semântico para ser definida e nem intensa ginástica do raciocínio para ser compreendida. É um conjunto de características, físicas, psíquicas, afetivas, comportamentais etc.etc.etc. que caracteriza determinada pessoa e a torna única, entre as que já viveram, vivem e/ou ainda viverão. Houve – e certamente, há e haverá – muitas outras “parecidas”, não raro “semelhantes”, mas jamais “iguais”. A personalidade é o que o termo sugere: o nosso “distintivo”, exclusivo, em meio a uma infinidade de espécimes da nossa espécie. Antropólogos, biólogos, etologistas (estudiosos do comportamento), filósofos e, sobretudo, educadores, entre outros cientistas, debatem sobre se cada qual já nasce com pelo menos um “esboço” de personalidade, que pode (e é) alterado no curso de sua vida, ou se ela é moldada exclusivamente pela educação, em seu sentido mais amplo. Entendo que há um pouco de cada.

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Medo que não tem fundamento



Pedro J. Bondaczuk


A possibilidade de que um candidato de esquerda ou de direita radical possa vir a ser eleito sucessor do presidente José Sarney, está provocando sustos em determinados segmentos da sociedade, sobretudo por desinformação. Por isso, certos espertalhões estão se valendo da situação para faturar alto em cima, principalmente no mercado financeiro, através da perniciosa “indústria do boato”, gerando inquietação na praça e, por conseqüência, causando altas excessivas em determinados ativos, como ouro e dólar, em detrimento de outros.

O interessante é que ainda há ingênuos que caem nessas esparrelas e, evidentemente, acabam sendo “depenados”. Sofrem prejuízos enormes, somente porque não são bem informados, o que nessa atividade chega a ser até mesmo fatal.

É bom que se frise que o próximo presidente eleito, qualquer que seja a sua tendência ideológica ou matiz político, vai ter que governar com a nova Constituição, que reduziu, em muito, os poderes do Executivo. E ele não poderá fugir disso, sob pena de ser votado o seu impeachment. Portanto, muita coisa que os candidatos estão dizendo que vão fazer, em seu espaço no programa eleitoral gratuito das emissoras de rádio e televisão, serve, somente, para enganar os incautos e mal informados.

A Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, que tem boa parte dos seus dispositivos ainda à espera de legislação complementar que a regulamente, possui um cunho francamente parlamentarista. Qualquer medida de impacto da Presidência carece da aprovação do Congresso.

O chefe do Poder Executivo foi privado do recurso do decreto-lei. O máximo que pode fazer é baixar medidas provisórias, e assim mesmo para assuntos extremamente relevantes, que por sua vez dependem de aprovação ou não dos congressistas e com vigência de 30 dias, que são renováveis.

Para se modificar esse quadro, é necessária a aprovação de alguma emenda constitucional. Mas, para isso, o presidente terá que dispor de dois terços dos votos no Congresso o que, convenhamos, nesse momento em particular, não passa de um sonho.

Por isso, não há motivo algum para traumas ou agitações, de quem quer que seja, qualquer que venha a ser o resultado das urnas de 15 de novembro e em especial do segundo turno, possivelmente em 17 de dezembro. Afinal, embora muitos ainda não tenham percebido, somos uma democracia...finalmente...

(Artigo meu, publicado sob o pseudônimo de Alex H. Bentley, na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de outubro de 1989).



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Inundação de esperança


Pedro J. Bondaczuk

A esperança é fidelíssima companheira que nunca nos abandona, nem nos piores momentos e circunstâncias. Impede que venhamos a dar qualquer batalha por perdida – quer seja no amor, no esforço pela sobrevivência ou no empenho por um mundo melhor e mais justo – retemperando nossas forças, reacendendo o brilho e o fogo nos olhos e na alma e nos exortando a prosseguir.

Esperamos neste mundo e em outro que, mesmo que não exista no terreno concreto, passa a existir em nosso coração e mente. Abrimos mão de muita coisa, ao longo da vida, premidos pelas circunstâncias, mas jamais nos separamos dessa companheira dileta e leal, que independe de qualquer lógica ou razão, chamada esperança. E fazemos bem em agir dessa maneira.

Há pessoas, porém, tão desencantadas face aos sofrimentos que têm, aos tropeços que experimentam, aos fracassos que vivenciam e às decepções que colecionam, que asseguram não ter mais nenhuma esperança na vida. Estão erradas, claro. No fundo, bem no âmago de seus corações, escondidinhas, estas ainda se fazem presentes. Não há quem não as acalente, mesmo que secretamente, ou de maneira inconsciente.

Até mesmo os moribundos, que vislumbram o espectro da morte ao seu redor, esperam uma miraculosa reação do seu organismo e a recuperação. Sempre que uma esperança morre, face à dureza da realidade (e isso é bastante comum e até corriqueiro), outra nasce de imediato, silenciosa e até despercebida, porém mais forte e vigorosa.

Gustave Flaubert afirmou, pela boca de um dos seus personagens, que “a recordação é a esperança do avesso. Olha-se para o fundo do poço como se olhou para o alto da torre”. E o romancista francês está coberto de razão. Quando temos esperança, olhamos para o alto, na certeza de que, aquilo que tanto queremos, vai, de fato, acontecer, sendo apenas questão de tempo. Às vezes, nunca acontece. Ainda assim, a sensação que nos fica é das mais doces e promissoras.

Quando recordamos, porém, pensamos em algo que já passou, que aconteceu, que foi bom enquanto durou, mas que se acabou, sem chance de retorno. Considero, pois, a recordação muito mais frustrante e amarga do que a esperança. Mesmo que seja agradável, traz, em si, implícito, um sentimento de perda, de algo irrecuperável. A esperança, por seu turno, por mais louca que seja, nos abstrai da realidade, principalmente quando esta é amarga e dura, e sempre nos serve de bem-vindo consolo.

Não raro nos desesperamos por pouca coisa, e achamos que, para nós, nada mais faz sentido. Raros são os que sabem lidar bem com pontuais fracassos e eventuais frustrações. Nada como um dia depois do outro! O que conta, mesmo, é a vida que, apesar dos percalços e dos sofrimentos físicos e morais que eventualmente nos imponha, sempre vale a pena. Basta que atentemos para o seu real sentido e sua sublime transcendência.

Concordo com o que diz Érico Veríssimo, através de um dos seus personagens, no romance “Olhai os lírios do campo”: “Olha as estrelas. Sempre há esperança na vida”. Num universo tão imenso – de uma grandiosidade que a nossa mente até é incapaz de abarcar e entender – e embora não passemos, nele, de infinitésima partícula, temos o privilégio de existir. E de ter noção dessa existência. Por pior que seja a nossa situação, a solução para nossos males pode estar próxima, no segundo seguinte..

Cultivar esperanças, portanto, é um hábito saudável. Mas requer algumas cautelas, sem as quais corremos o risco de descambar para frustrações, amarguras, desilusões e profunda infelicidade. Por exemplo, devemos esperar o que seja possível, realizável, factível e alcançável e sem impor prazos para que isso aconteça.

Mas não podemos e nem devemos nos limitar apenas a esperar. Precisamos agir, com prudência e perseverança, no sentido de conseguirmos o que tanto desejamos, já que nada cai prontinho do céu em nosso colo. E, sobretudo, é conveniente que nos previnamos da possibilidade de que o que tanto esperamos não se concretize nunca, para que não nos frustremos.

Nesse caso, nada impede que substituamos uma esperança por outra, adotando, em relação a ela, as mesmas cautelas e cuidados que adotamos em relação à que não se realizou. Fernando Pessoa exorta e adverte a respeito: “Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas”.

O ser humano, obra-prima da criação, não foi feito, apenas, para viver um cotidiano tedioso e banal, em um mundo repleto de violência, misérias e injustiças. Todavia, para que alcance a grandeza que lhe foi destinada, para que conquiste a nobreza da qual possui pleno potencial, tem que mudar. Precisa evoluir, e muito, mental, espiritual e comportamentalmente. Tem que dominar seus instintos. Deve exercitar, em toda a sua plenitude, com constância e de forma incansável, a capacidade de amar. Precisa cultivar valores, como a bondade, solidariedade, justiça e fé e exercitá-los no dia a dia, transmitindo-os às novas gerações.

O poeta Mauro Sampaio diz isso de forma sábia e bela, nestes versos do seu poema “Esperança”:

Um dia/os montes se abaterão aos nossos pés
e levantaremos do chão as estrelas caídas!”.

Compete ao ser humano identificar, valorizar e viver a plena felicidade, que existe, latente, dentro de si. E nunca, em circunstância alguma, guardando as cautelas que realcei acima, abrir mão da esperança. Nunca abra mão da sua, querido leitor!



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Thursday, September 28, 2017

AMO A ROTINA QUANDO RICA DE CONTEÚDO
Saúdo com alegria os dias calmos e preguiçosos, que parecem não querer acabar! Salve a rotina, quando a preenchemos com atividades construtivas que embora pareçam sempre a mesma, de fato, soem ser diferentes! Só os tolos e os despidos de imaginação (o que no meu entender vem a dar na mesma) se queixam de tédio e precisam (ou pensam precisar) de agito para viver. Não sabem, não podem ou não querem escalar o pico de cada dia, e ficam, inutilmente, pelo caminho, sem jamais conquistarem seus Everestes. Gosto do cotidiano rotineiro, que preencho com atrações ditadas por minha imaginação. Afinal, conforme encerrei uma das duas crônicas intituladas “Um dia por vez”, “da soma de todos esses dias calmos, aparentemente sem brilho, sem dramas, sem euforias e sem heroísmos, construiremos nossa biografia. Fabricaremos o sucesso ou, quiçá, a felicidade. Simples, não é verdade...?”. Para quê, pois, complicar o que de per si é objetivo é óbvio?!


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Nação e Estado


Pedro J. Bondaczuk


A Nação assiste, entristecida, à crise institucional que se desenrola na "ilha da fantasia" de Brasília, que não é sua, mas do Estado, que a deveria representar e organizar. A tristeza não se prende à controvérsia em si, já que estas são fatos normais num sistema que se pretende democrático.

O que entristece é o motivo do jogo de braço entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário: salários. Bem, diria o leitor, a questão salarial não é relevante? É, e muito! Mas o que esses ilustres senhores estão tratando não é da "nossa" remuneração, mas da "deles".

A Nação, todavia, bem ou mal, continua acreditando --- embora já não muito --- em saudáveis e urgentes mudanças. Trabalha, produz, gera impostos, sofre, ri, diverte-se, enfim, vive. À revelia de um Estado hiperdimensionado e ineficiente. Manifestação de pujança e de amor ao Brasil foi dada, por exemplo, no Estádio do Arruda, no Recife, antes do jogo entre a seleção brasileira e a da Argentina, quando cerca de 90 mil torcedores cantaram o Hino Nacional.

De forma desafinada, é verdade. Tropeçando na letra, como foi fácil de notar. Mas foi um ato simples, que demonstrou que a população, apesar do desgoverno e dos descalabros, a despeito dos oportunismos e das omissões, mesmo sofrida, desencantada e decepcionada, embora aparentemente pessimista e excessivamente crítica, no íntimo, confia em seu país.

A crise do Brasil real é originária do seu antípoda, o da Fantasia. É provocada pelos que perderam de vista o sentido da função pública, do dever, do compromisso assumido nos palanques. É gerada por homens que não possuem visão histórica, que são imediatistas, de olho em interesses pessoais, sem atentar que eles seriam melhor defendidos quando integrados aos de todos os brasileiros.

De que me vale ser rico num país pobre? O Brasil real não é o deles. É o de Herbert de Souza, o Betinho. É o dos milhares de médicos, professores, engenheiros, técnicos e operários braçais que, mesmo mal remunerados, desassistidos e anônimos, movimentam a Nação.

Por que a população ainda insistem em confiar? Porque sabe que as pessoas passam, mas os ideais permanecem. Essa geração de homens públicos insensatos, embora não se dê conta disso e se julgue invulnerável, inatingível, inalcançável, vai passar. Mas o Brasil real, sofrido, judiado e com milhões de excluídos, este irá permanecer.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 26 de março de 1994).



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Problema de identidade

Pedro J. Bondaczuk

O que sou? Essa é uma pergunta que bilhões de pessoas, ao longo do tempo e ao redor do mundo, vêm fazendo a si próprias (não raro, inconscientemente, sem sequer se darem conta) e que não conseguiram chegar a uma conclusão sequer razoável, quanto mais definitiva. A todo instante, ficamos surpresos, senão atônitos, conosco mesmos.

Volta e meia, por exemplo, descobrimos, no fundo de nossas mentes, ideias (construtivas ou não, não importa) que sequer atinávamos que tínhamos. Vez por outra, praticamos ações que contrariam nossas mais profundas convicções.

Desafiados, meio às cegas, atingimos objetivos que intimamente não acreditávamos que pudéssemos alcançar. Que força misteriosa nos moveu para praticar essa façanha? O oposto também ocorre. Decepcionamo-nos, amiúde, conosco mesmos, com fracassos que julgávamos impossíveis de nos atingir, mas que atingiram, por superestimarmos nossas capacidades.

“Identidade! Essa era a palavra, chave para todos os problemas humanos!”, constata Morris West, no romance “O Embaixador”. Desde o nascimento, até a morte, é o que buscamos encontrar, consolidar e impor, não apenas ao mundo, mas a nós mesmos.

Conseguiremos? Sou cético a esse propósito. Podemos até chegar perto da resposta à questão “o que sou?”, mas sempre restará uma dúvida em nosso espírito, sempre haverá novas surpresas (positivas ou negativas), conservando e não raro ampliando nossa insegurança a propósito.

Claro que não sairemos por aí apregoando que não temos certeza sequer do que somos. Ninguém faz isso. Se o fizer, certamente, será considerado insano ou, no mínimo, para ser mais suave, neurótico. Temos, é fato, uma vaga e intuitiva compreensão de quem somos e como nos ligamos aos semelhantes e ao misterioso universo em cujo recôndito cantinho vivemos.

Não fosse assim, não teríamos nem como sobreviver. Sozinhos não somos nada. Precisamos dos outros para assegurar nossa sobrevivência. Ninguém, absolutamente ninguém, por maiores que sejam seus talentos e habilidades, é autossuficiente.

Atribui-se papel preponderante à educação na formação da nossa identidade, do que se convencionou chamar de “personalidade”. Não nego, claro, sua importância e nem poderia. Mas há casos que me deixam perplexo e suscitam questões que nunca consegui responder, envolvendo pessoas que foram educadas, rigorosamente, da mesma forma pelos pais, freqüentaram as mesmíssimas escolas, foram criadas em ambientes absolutamente iguais e, no entanto, uma se tornou digna de imitação, por sua conduta exemplar e outra descambou para a marginalidade.

É o caso de uma família de evangélicos, com a qual convivi por certo tempo. Os pais eram muito religiosos e admirados no bairro por sua postura, probidade, gentileza e irrepreensível conduta. Poria, sem vacilar, minha mão no fogo por esse casal. Qualquer um que o conhecesse faria a mesma coisa.

Eram pessoas saudáveis, alegres, positivas e, sobretudo, exemplares. Tinham dois filhos, com diferença de idade de um ano entre ambos. O mais velho era a cópia exata dos pais no que diz respeito quer à aparência física, quer à conduta. Tanto, que se tornou pastor. O mais moço, porém... Passou a andar em más companhias e não tardou para que se tornasse viciado em drogas. Não demorou muito para que começasse a roubar para sustentar o vício.

A princípio, eram pequenos furtos, praticados contra os próprios pais. Estes, todavia, evoluíram para delitos cada vez maiores. Até que um dia, o tal indivíduo assaltou, com dois comparsas, uma casa num bairro luxuoso da cidade (não importa qual, pois não é relevante a identificação do personagem para essas reflexões), que redundou na morte da vítima. Foi preso, julgado e condenado a vinte anos de prisão, sentença que ainda está cumprindo numa penitenciária de segurança máxima do Estado.

A pergunta que se impõe é: se é a educação o fator fundamental na formação da identidade e personalidade das pessoas, o que aconteceu nesse caso, para que os dois irmãos se tornassem tão diferentes um do outro? Afinal, foram educados, rigorosamente, da mesmíssima forma.

Os pais transmitiram os mesmos princípios religiosos, morais e sociais a ambos. Estudaram nas mesmas escolas e freqüentaram os mesmos círculos. O que, porém, levou um dos irmãos a abraçar a vida religiosa e o outro a descambar para a marginalidade? Talvez as circunstâncias. Talvez uma herança genética, quem sabe. Mas não me venham com essa conversa de más companhias!

Na minha juventude, convivi com pessoas da pior espécie. Fui tentado, até, a experimentar drogas, mas tive cabeça suficiente para nunca me deixar induzir a fazer essa estúpida experiência. A lógica me dizia que não precisava fazer uso dessas porcarias (cujo nome é, convenhamos, por si só revelador, significando “coisas que não prestam”) para saber que elas eram (e são, obviamente) ruins e destrutivas. Convenhamos, não é preciso ser nenhum gênio para chegar a essa compreensão.

Os exemplos dessa turma da pesada com a qual andei eram os piores possíveis. Tanto que alguns deles se tornaram bandidos perigosos e foram mortos em tiroteios com a polícia. E, apesar de andar em tão más companhias, nunca, em momento algum, enveredei para a marginalidade e muito menos para o crime. Jamais cometi um único delito que fosse. E olhem que não sou nenhum primor em força de vontade!

Esse argumento, o das más companhias, portanto, não só não explica, como não justifica a corrupção de ninguém. Tem lá a sua influência em mentes fracas, é verdade. Devem, lógico, ser evitadas. Mas não são fatores determinantes para corromper ninguém. Como explicar, pois, os diferentes caminhos tomados pelos dois irmãos? Eu não tenho nenhuma explicação convincente. Você, por acaso, tem, prezado leitor?

 Morris West propõe um teste para comprovar sua tese de que o ambiente é que determina nossa identidade: “Ponham-no (um homem) numa cela acusticamente isolada, separem-no da visão, som e toque do mundo, e em pouco tempo o terão reduzido à loucura e à desordem física”. Alguém duvida?! Se a resposta for positiva, por favor, não façam essa experiência com quem quer que seja. Será cruel demais!

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