Friday, May 29, 2015

Quarenta anos de isolamento



Pedro J. Bondaczuk


A Albânia tem duas características em sua história que a destacam: a resistência ao domínio estrangeiro e o isolacionismo. No primeiro caso, foram quase dois mil anos de dominação por diversos povos.

Independente, o país manteve quatro décadas de absoluto isolamento político e econômico, auto-segregado da comunidade mundial por decisão de seu líder, Enver Hoxha. Além de ser província de Roma e de haver sido incorporada ao Império Bizantino, a Albânia caiu, no século XV, sob o domínio turco.

Mas os albaneses mantiveram permanente estado de beligerância. Nunca se renderam ou se submeteram aos invasores. Ganharam fama de grandes combatentes, em especial em luta nas montanhas.

Independente em 1912, a Albânia foi governada por uma monarquia conservadora, encarnada em Ahmed Bet Zogu, que assumiu o nome de Zog I. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, (e até 1985, quando de sua morte), o país esteve sob a "tutela" de Enver Hoxha, líder da resistência aos nazistas.

O ditador, talvez mais stalinista do que o próprio Joseph Stalin, isolou seu pequeno Estado balcânico do resto do mundo. Esse isolacionismo teve um preço. Manteve a Albânia economicamente estagnada e tecnologicamente atrasada mesmo em relação à constelação comunista.

Em 1948 Hoxha rompeu com a Iugoslávia, de Josip Broz Tito. Em 1961, foi a vez do rompimento com a União Soviética. Finalmente em 1978, cortou os laços com a China, até então sua única e solitária aliada. Todas as rupturas tiveram um único motivo: a defesa do estilo de governo de Stalin.

(Texto publicado em 13 de março de 1995, no Correio Popular).


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