Quarenta anos de isolamento
Pedro J. Bondaczuk
A Albânia tem duas características em sua história
que a destacam: a resistência ao domínio estrangeiro e o isolacionismo. No
primeiro caso, foram quase dois mil anos de dominação por diversos povos.
Independente, o país manteve quatro décadas de
absoluto isolamento político e econômico, auto-segregado da comunidade mundial
por decisão de seu líder, Enver Hoxha. Além de ser província de Roma e de haver
sido incorporada ao Império Bizantino, a Albânia caiu, no século XV, sob o
domínio turco.
Mas os albaneses mantiveram permanente estado de
beligerância. Nunca se renderam ou se submeteram aos invasores. Ganharam fama
de grandes combatentes, em especial em luta nas montanhas.
Independente em 1912, a Albânia foi governada por
uma monarquia conservadora, encarnada em Ahmed Bet Zogu, que assumiu o nome de
Zog I. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, (e até 1985, quando de
sua morte), o país esteve sob a "tutela" de Enver Hoxha, líder da
resistência aos nazistas.
O ditador, talvez mais stalinista do que o próprio
Joseph Stalin, isolou seu pequeno Estado balcânico do resto do mundo. Esse
isolacionismo teve um preço. Manteve a Albânia economicamente estagnada e
tecnologicamente atrasada mesmo em relação à constelação comunista.
Em 1948 Hoxha rompeu com a Iugoslávia, de Josip Broz
Tito. Em 1961, foi a vez do rompimento com a União Soviética. Finalmente em
1978, cortou os laços com a China, até então sua única e solitária aliada.
Todas as rupturas tiveram um único motivo: a defesa do estilo de governo de
Stalin.
(Texto publicado em 13 de março de 1995, no Correio
Popular).
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