Base de sustentação
Pedro J. Bondaczuk
O
presidente Fernando Henrique Cardoso, que de acordo com pesquisas do Ibope
perdeu 21 pontos porcentuais em sua popularidade, quer se afastar da
coordenação política no Congresso. Está entregando a tarefa ao ex-presidente da
Câmara Federal (apontado como provável candidato à vice-presidência da
República, na chapa de FHC, para as eleições presidenciais do ano que vem),
Luís Eduardo Magalhães.
A
entrega dessa incumbência a um peefelista causou, como não poderia deixar de
ser, um estremecimento entre os "tucanos", enciumados pelo fato de
uma tarefa de tamanha relevância não estar sendo repassada a algum membro do
partido. Ao mesmo tempo, o Planalto buscou reforçar ainda mais a sua base de
sustentação no Congresso, garantindo a fidelidade do PMDB na votação dos
principais temas de interesse do governo.
Com
essa finalidade, manteve os Ministérios da Justiça e dos Transportes em mãos de
peemedebistas, no caso o senador Íris Resende e o deputado Eliseu Padilha,
respectivamente. Os dois substituem Nelson Jobim, guindado a juiz do Supremo e
Odacir Klein, que renunciou à pasta depois que seu filho atropelou e deixou de
socorrer um operário em Brasília, que acabou morrendo em conseqüência dos
ferimentos que recebeu.
Fernando
Henrique espera que, com esse reforço, consiga aprovar, ainda neste ano, as
reformas fundamentais para garantir a estabilidade econômica e melhorar os
aspectos políticos e sociais do País, hoje um tanto relegados ao descaso.
O
próprio desgaste da imagem presidencial, afetada pelo escândalo da venda de
votos para a emenda da reeleição (embora haja consenso de que o presidente não
participou e até abominou a negociata), exige realizações neste um ano e meio
de mandato que restam a FHC.
O
poder, sem dúvida, desgasta o mais competente e respeitado dos administradores.
E a aliança presidencial sabe que vai enfrentar uma terrível batalha para a
obtenção de um segundo mandato, mesmo com o evidente sucesso do plano de
estabilização econômica, já que haverá adversários respeitabilíssimos em termos
de cacife político e que certamente vão jogar pesado para impedir que Fernando
Henrique seja reeleito.
A
batalha da sucessão já começou. O que vai contar, na verdade, para o eleitor,
serão resultados. E estes, convenhamos, apesar do controle da inflação, ainda
são pífios, em especial no que se refere a emprego, moradia, saúde, educação e
segurança. O País requer e exige muito mais.
(Texto
escrito em 26 de maio de 1997 e publicado como editorial na Folha do Taquaral).
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