Por dentro da TV
GONZAGUINHA É O NOVO "IMORTAL" DO BAR ACADEMIA
O Bar Academia, da TV Manchete, foi considerado o melhor programa musical de nossa televisão no ano passado. Ganhou praticamente todos, ou pelo menos a maior parte, dos prêmios e indicações dos críticos da área. Isso deveu-se tanto à sua originalíssima concepção, considerando um bar como a academia ideal para os melhores cantores e compositores brasileiros (lugar onde geralmente nascem as nossas mais belas canções, na descontração de um papo descomprometido e entre uma e outra bebida), como à apresentação segura, inteligente e espontânea desse talentoso Walmor Chagas.
Amanhã, às 21h30, ocorre a primeira apresentação desse programa em 1984. Pela sétima vez, um gênio da MPB torna-se "imortal", indo ocupar a cadeira que tem como patrono Lupiscínio Rodrigues. Trata-se de Luiz Gonzaga Júnior, o "Gonzaguinha", autor de alguns grandes sucessos nos últimos tempos e dono, sem dúvida, de uma sensibilidade refinadíssima.
O telespectador vai poder conhecer um pouco da vida desse artista, que sofreu enorme influência, não do talento do seu pai, o querido "Lua" ("Rei do Baião"), uma das grandes glórias artísticas do Brasil, mas dos tradicionais sambistas do morro de São Carlos, onde tem suas raízes musicais.
Além disso, estarão presentes ilustres convidados, cantando para o público, como Raimundo Fagner ("Guerreiro Menino"), Agnaldo Timóteo e Bibi Vogel ( "Grito de Alerta"), Maria Bethânia ("Explode Coração"), Sidney Magal ("Eu nem Ligo") e Ângela Maria ("Começaria tudo outra vez").
Bem escolhido, também, foi o patrono da cadeira de Gonzaguinha, o gauchão irreverente, mas perdidamente sentimental, Lupiscínio Rodrigues. Explicamos. O forte, em termos de composição, do mestre Lupiscínio era o samba-canção. Esse, também, era o gênero preferido de Luiz Gonzaga Júnior, que começou a compor com 14 anos, ainda no morro de São Carlos. E até hoje a sua linha mestra é mais ou menos essa.
A transformação de Gonzaguinha, a projeção para o sucesso, entretanto, ocorreu apenas após sua participação em festivais universitários, oportunidade em que conheceu gente de inegável talento, como Ivan Lins, Aldir Blanc e César Costa Filho, que influenciou, sobremaneira, o seu enfoque musical.
Nada mais justo, portanto, do que prestar homenagem a esse compositor notável, que por caminhos diferentes do pai, chegou ao mesmo objetivo: o sucesso.
"SHOW DA NOITE" PARTICIPATIVO
Nos últimos dias, a propósito da evolução, em todo o País, da campanha cívica pelo retorno às eleições diretas, tem sido observada uma contundente omissão dos nossos canais de televisão no movimento. Nem mesmo sob o aspecto jornalístico, sem assumir posição a favor ou contra, o tema vem sendo abordado na maioria das emissoras.
É questão de justiça, todavia, que se mencione publicamente uma exceção. Trata-se do excelente programa, comandado pelo jornalista Alberto Helena Júnior, o "Show da Noite", da TV Record, que desde o primeiro momento em que o assunto foi levantado, assumiu uma posição pública clara, definida, cristalina, em favor das eleições diretas.
Mas, nem por isso, essa programação perdeu o caráter jornalístico, abrindo (democraticamente) espaço para os que defendam que as coisas continuem como estão, ou seja, que as eleições ocorram apenas no chamado "Colégio Eleitoral". Tanto é que um dos principais presidenciáveis, Paulo Maluf, já foi convidado pelo programa e deverá se apresentar nestes próximos dias.
Apenas neste mês de janeiro, o "Show da Noite" já entrevistou, a propósito das diretas, entre outras, as seguintes personalidades: o governador paulista Franco Montoro, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio da Silva, o Lula; e Rogê Ferreira, presidente regional do PDT. É preciso mais? A mania de generalizações (os críticos estão generalizando a omissão da TV sobre as diretas) torna-se permeável a que se cometam injustiças. Está havendo, realmente, um boicote, possivelmente não intencional, ao movimento cívico, por parte da maioria dos canais de televisão. Só que cabe a justa ressalva: não de todos!
Por essa razão, entre outras, é que apontamos, na Retrospectiva de TV de 1983, o "Show da Noite" como o melhor programa jornalístico de entrevistas do ano. Estávamos ou não com a razão?!!
(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, editoria TEVÊ, do Correio Popular, em 25 de janeiro de 1984).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
GONZAGUINHA É O NOVO "IMORTAL" DO BAR ACADEMIA
O Bar Academia, da TV Manchete, foi considerado o melhor programa musical de nossa televisão no ano passado. Ganhou praticamente todos, ou pelo menos a maior parte, dos prêmios e indicações dos críticos da área. Isso deveu-se tanto à sua originalíssima concepção, considerando um bar como a academia ideal para os melhores cantores e compositores brasileiros (lugar onde geralmente nascem as nossas mais belas canções, na descontração de um papo descomprometido e entre uma e outra bebida), como à apresentação segura, inteligente e espontânea desse talentoso Walmor Chagas.
Amanhã, às 21h30, ocorre a primeira apresentação desse programa em 1984. Pela sétima vez, um gênio da MPB torna-se "imortal", indo ocupar a cadeira que tem como patrono Lupiscínio Rodrigues. Trata-se de Luiz Gonzaga Júnior, o "Gonzaguinha", autor de alguns grandes sucessos nos últimos tempos e dono, sem dúvida, de uma sensibilidade refinadíssima.
O telespectador vai poder conhecer um pouco da vida desse artista, que sofreu enorme influência, não do talento do seu pai, o querido "Lua" ("Rei do Baião"), uma das grandes glórias artísticas do Brasil, mas dos tradicionais sambistas do morro de São Carlos, onde tem suas raízes musicais.
Além disso, estarão presentes ilustres convidados, cantando para o público, como Raimundo Fagner ("Guerreiro Menino"), Agnaldo Timóteo e Bibi Vogel ( "Grito de Alerta"), Maria Bethânia ("Explode Coração"), Sidney Magal ("Eu nem Ligo") e Ângela Maria ("Começaria tudo outra vez").
Bem escolhido, também, foi o patrono da cadeira de Gonzaguinha, o gauchão irreverente, mas perdidamente sentimental, Lupiscínio Rodrigues. Explicamos. O forte, em termos de composição, do mestre Lupiscínio era o samba-canção. Esse, também, era o gênero preferido de Luiz Gonzaga Júnior, que começou a compor com 14 anos, ainda no morro de São Carlos. E até hoje a sua linha mestra é mais ou menos essa.
A transformação de Gonzaguinha, a projeção para o sucesso, entretanto, ocorreu apenas após sua participação em festivais universitários, oportunidade em que conheceu gente de inegável talento, como Ivan Lins, Aldir Blanc e César Costa Filho, que influenciou, sobremaneira, o seu enfoque musical.
Nada mais justo, portanto, do que prestar homenagem a esse compositor notável, que por caminhos diferentes do pai, chegou ao mesmo objetivo: o sucesso.
"SHOW DA NOITE" PARTICIPATIVO
Nos últimos dias, a propósito da evolução, em todo o País, da campanha cívica pelo retorno às eleições diretas, tem sido observada uma contundente omissão dos nossos canais de televisão no movimento. Nem mesmo sob o aspecto jornalístico, sem assumir posição a favor ou contra, o tema vem sendo abordado na maioria das emissoras.
É questão de justiça, todavia, que se mencione publicamente uma exceção. Trata-se do excelente programa, comandado pelo jornalista Alberto Helena Júnior, o "Show da Noite", da TV Record, que desde o primeiro momento em que o assunto foi levantado, assumiu uma posição pública clara, definida, cristalina, em favor das eleições diretas.
Mas, nem por isso, essa programação perdeu o caráter jornalístico, abrindo (democraticamente) espaço para os que defendam que as coisas continuem como estão, ou seja, que as eleições ocorram apenas no chamado "Colégio Eleitoral". Tanto é que um dos principais presidenciáveis, Paulo Maluf, já foi convidado pelo programa e deverá se apresentar nestes próximos dias.
Apenas neste mês de janeiro, o "Show da Noite" já entrevistou, a propósito das diretas, entre outras, as seguintes personalidades: o governador paulista Franco Montoro, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio da Silva, o Lula; e Rogê Ferreira, presidente regional do PDT. É preciso mais? A mania de generalizações (os críticos estão generalizando a omissão da TV sobre as diretas) torna-se permeável a que se cometam injustiças. Está havendo, realmente, um boicote, possivelmente não intencional, ao movimento cívico, por parte da maioria dos canais de televisão. Só que cabe a justa ressalva: não de todos!
Por essa razão, entre outras, é que apontamos, na Retrospectiva de TV de 1983, o "Show da Noite" como o melhor programa jornalístico de entrevistas do ano. Estávamos ou não com a razão?!!
(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, editoria TEVÊ, do Correio Popular, em 25 de janeiro de 1984).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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