Wednesday, December 07, 2011







Desalento

Pedro J. Bondaczuk

Mais uma vez padeço
o desalento da solidão.
A saudade de ontem
agrega-se à de hoje
e somar-se-á à de amanhã.

Feio pássaro preto
de asa quebrada,
na noite gelada,
em infindável estrada
que demanda ao nada
sem rumo ou direção.
Ave ultrapassada...
Desalento da solidão.

Sinto-me criança
tão desamparada
que deseja tudo
mas que não tem nada
tonta nesta dança
da vida aloprada
que fácil se cansa:
criança cansada,
posto que apegada
à última esperança.

Raia a alvorada.
Espessa cerração.
A vida está parada
ou na contramão.
Alma escancarada.
Desalento da solidão.

(Poema composto em Campinas em 24 de maio de 1966).

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