Thursday, June 22, 2006
TOQUE DE LETRA
Pedro J. Bondaczuk
VENCEU, CONVENCEU E DEU SHOW
Hoje sim o torcedor viu aquela Seleção Brasileira que queria ver desde o início da Copa do Mundo. A equipe jogou com garra, com pegada, mas também com leveza, com velocidade e com arte. Não somente venceu, como também convenceu e, de quebra, deu espetáculo. “Também, contra um adversário tão fraco!”, dirão, certamente, os malas que fazem questão de torcer contra seu próprio país (para aparecer, claro!). Gozado, quando a Argentina fez 6 a 0 na fraquíssima Sérvia-Montenegro, que deixou a competição sem somar um único pontinho, ninguém questionou a fragilidade da equipe européia. Cantaram loas ao futebol argentino, como se fosse o suprassumo da competência e da criatividade. A seleção japonesa, embora ingênua e sem tradição em copas do mundo, é muito melhor do que a atual da Sérvia, que não mostrou absolutamente nada e sequer justificou sua presença na Alemanha. “Então você acha que o Brasil será campeão?!”, voltará, certamente, à carga o tal do mala. Não acho e nem deixo de achar. A copa não é um campeonato de pontos corridos, em que todos os participantes jogam contra todos. Um tropeço, a partir das oitavas-de-final, numa tarde ruim, pode significar o fim de um sonho. O que importa é que o Brasil subiu o terceiro dos sete degraus que conduzem ao hexa. É um passo por vez.
NÓ NA CABEÇA DE PARREIRA
Dos sete teóricos reservas que Carlos Alberto Parreira utilizou no jogo de hoje, em Dortmund, contra o Japão (os cinco que começaram a partida e os dois que entraram no Segundo Tempo), pelo menos quatro tiveram uma atuação soberba e têm condições de permanecer na equipe (e dois deles, inclusive, fizeram gols). São eles: Gilberto Silva, Gilberto, Juninho Pernambucano e Robinho. Os outros três, Cicinho, Ricardinho e Rogério Ceni não comprometeram, embora o ala do Real Madrid tenha falhado no gol japonês. Certamente o treinador, a esta altura, deve estar pensando o que fazer na próxima terça-feira, quando a Seleção Brasileira encara Gana, com a obrigação de vencer. Pelo menos dois dos que entraram, Robinho e Juninho Pernambucano, já deveriam ser titulares desde a estréia. Atravessam fase muito melhor do que os que vinham jogando, notadamente Adriano. Afinal, seleção é momento. Deveria jogar, sempre, quem estivesse melhor. De qualquer forma, o Brasil mostrou, em especial para os basbaques que babam diante da equipe Argentina, que tem muito mais banco do que “los hermanos”.
SÉRVIA DESEQUILIBRA A COMPARAÇÃO
Não houvesse a Sérvia-Montenegro no caminho dos argentinos e, numa comparação para aferir a eficiência de Brasil e Argentina, a balança, certamente, pesaria para o nosso lado. O ataque de “los hermanos”, por exemplo, marcou oito gols (seis somente nos sérvios), enquanto o brasileiro fez sete. Ambas as defesas sofreram um. “É, mas o grupo da Argentina foi mais forte”, dirá o eterno mala, que só vê defeitos em nossa equipe e virtudes nas outras seleções. Azar dela! Aliás, o único adversário um pouquinho melhor, no caso a Holanda, deu um calorão nos argentinos. Ademais, se nosso grupo fosse mais forte, certamente a programação da nossa seleção para a Copa teria sido diferente. Ela entraria tinindo na competição, mas correria o risco de “virar o fio” na fase do mata-mata. Quem aspira a ser campeão precisa contar, também, com boa dose de sorte. E só não superamos, em muito, o número de gols marcados pelos “los hermanos”, porque o goleiro japonês, Kawaguchi, fez defesas impossíveis hoje. E digo mais, se bobear, a Argentina não passa pelo México, que certamente deve estar mordido por não ter feito, na fase de classificação, a campanha que o seu torcedor esperava.
JUSTIÇA COM O MATADOR
O que parcela expressiva da imprensa nacional vinha fazendo com Ronaldo, o Fenômeno, era uma baita sacanagem. Determinados “iluminados”, que me recuso a citar nominalmente, para não dar cartaz a medíocres, se esqueceram de tudo o que o jogador já fez pela Seleção Brasileira e chegaram a ridicularizar o nosso matador. Como ocorreu em outras oportunidades, porém, mais uma vez o centro-avante deu a volta por cima e, com os dois gols que fez hoje (um deles de cabeça, que nunca foi a sua especialidade), se tornou, ao lado do alemão Gerd Müller, o maior artilheiro da história em copas do mundo, à frente, até mesmo, de Pelé. Não precisa, pois, fazer mais nada. Só com esse feito, já mais do que justificou presença na Seleção Brasileira. E não ficarei nada surpreso se ainda se transformar no goleador deste mundial. Além dos dois gols, o Fenômeno se movimentou bastante em campo, apesar de sua visível dificuldade de locomoção, e fez uma tabela com o Ronaldinho Gaúcho que foi de cinema. Desde os tempos de Pelé e Coutinho que eu não via uma jogada tão bonita assim. Foi um pecado não ter resultado em gol!
JUSTIÇA COM ROGÉRIO CENI
O goleiro do São Paulo, Rogério Ceni, é um dos jogadores mais vitoriosos do futebol brasileiro (quiçá mundial). Pelo seu clube, conquistou tudo o que era possível e imaginável. Faltava-lhe, porém, uma façanha: jogar pelo menos uma partida de Copa do Mundo. Em 2002, esteve no mundial da Ásia, mas não teve a chance de entrar nem uns minutinhos no lugar de Marcos. Hoje, Carlos Alberto Parreira deu-lhe esta oportunidade. E Rogério Ceni pôde, assim, completar seu brilhantíssimo currículo. E olhem que nem mencionei uma característica dele que o torna um goleiro diferenciado entre todos os demais do mundo. Além de evitar gols adversários, ele os faz para o time em que joga. E não são poucos! Pelo contrário! Não sou sampaulino e todos sabem o amor que tenho pela Ponte Preta. Isto não me impede, porém, de ser fã de Rogério Ceni, um exemplo de atleta, dentro e fora de campo. Por isso, gostei da atitude de Parreira ao lhe dar esta chance, embora já no final do jogo.
CRÍTICOS NÃO VÊEM DIREITO OS JOGOS
Por fim, quero destacar as atuações de Ronaldinho Gaúcho nos três jogos da fase de classificação. Tenho ouvido e lido, a todo o momento e por toda parte, que o melhor jogador do mundo está devendo futebol nesta Copa do Mundo. Mas como! Essa turma toda ficou louca! Sei lá, acho que esse pessoal anda fazendo outras coisas que não sejam assistir aos jogos do Brasil. Dos sete gols já feitos pela Seleção Brasileira, pelo menos quatro saíram dos pés de Ronaldinho Gaúcho. É pouco?! Isso sem falar nas jogadas que criou e que seus companheiros desperdiçaram, ou por nervosismo ou por egoísmo. Se isso não é jogar bem, não entendo mais nada. Ah, já sei, essa turma quer ver malabarismos! Ora, que vá a um circo que verá piruetas e habilidades em profusão. Repito o que afirmei acima: a tabela que os dois Ronaldos fizeram, hoje, contra o Japão, com técnica, graça e leveza, foi uma das coisas mais bonitas que já vi nos 58 anos em que acompanho futebol. E olhem que peguei o auge de Pelé e de Garrincha, o que a maioria desses críticos malas não viram sequer em filme.
RESPINGOS...
· Não nego que Gana, que venceu os Estados Unidos hoje, por 2 a 1, e será a próxima adversária do Brasil, é uma boa seleção. Mas daí a temê-la acho um tremendo exagero.
· A Itália não deu a mínima chance para o azar e liquidou, logo de cara, a República Checa, com um merecido e convincente 2 a 0. E escapou de ter que enfrentar o Brasil logo de cara.
· Amanhã, será definido o Grupo H. A Espanha, certamente, vai dar um passeio na Arábia Saudita e se tornar a quarta seleção a alcançar performance de 100% na fase de classificação. As outras três são: Brasil, Alemanha e Portugal. A segunda classificada deve ser a Ucrânia, já refeita da sapatada que levou dos espanhóis na estréia.
· No Grupo G, a França garante, amanhã, sua classificação, frente à inocente seleção do Togo. A outra vaga, salvo surpresa, ficará, mesmo, com a Suíça.
· A Ponte Preta dispensou o atacante Adauto. A rigor, o jogador não disse a que veio ao Moisés Lucarelli. Só jogou alguma coisa contra o rebaixado Mogi Mirim, ainda no Campeonato Paulista. Depois...sumiu!
* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
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