Monday, June 12, 2006
TOQUE DE LETRA
Pedro J. Bondaczuk
PEDREIRAS À VISTA
Tivemos hoje os dois melhores jogos da Copa do Mundo e, coincidentemente, ambos do Grupo E, de onde vai sair o adversário do Brasil na próxima fase (claro, supondo que a nossa seleção se classifique). No primeiro, a República Checa nem tomou conhecimento da apenas esforçada seleção dos Estados Unidos e se impôs por 3 a 0, jogando um futebol eficiente e de muita técnica. No segundo, a Itália dobrou a boa, mas ingênua equipe de Gana, que fez a sua estréia em mundiais, emplacando um merecido 2 a 0. Os italianos tiveram dois tempos distintos. No primeiro, mudaram suas características e jogaram francamente no ataque. No segundo, voltaram ao seu futebol tradicional, concentrando-se no setor defensivo e partindo com muita rapidez para os contra-ataques. A nota destoante, infelizmente, foi a arbitragem do brasileiro Carlos Eugênio Simon, que deixou de marcar duas penalidades máximas em favor dos ganenses. Sua arbitragem até que vinha bem, até ocorrerem esses lances. Tinha que aprontar! Ele sempre se perde em jogadas decisivas. E hoje arruinou sua arbitragem, influindo diretamente no resultado.
VALEU PELO EMPENHO
O outro jogo do dia, aliás o primeiro, envolveu os dois próximos adversários do Brasil, depois da Croácia: Austrália e Japão. Embora tecnicamente (como se esperava) a partida deixasse muito a desejar, valeu pelo empenho das duas equipes. Os australianos mostraram mais organização e maior sentido tático e mereceram a vitória (de virada) por 3 a 1. É uma seleção chata, que incomoda e corre demais o tempo todo. Mas não foi violenta no jogo de hoje. O Brasil, portanto, não pode entrar de salto alto, no domingo, para não amargar nenhuma surpresa. Se jogar sério, objetivando apenas fazer o placar e se esquecer de dar espetáculo, ganha até com facilidade. Os japoneses me decepcionaram. Houve muito estrelismo por parte de alguns jogadores, principalmente do badalado Nakata e de Nakamura. Ademais, o gol do Japão foi irregular, já que houve falta no goleiro australiano. É verdade que o árbitro egípcio (horrível) deixou de marcar um pênalti claríssimo em favor dos comandados de Zico. Por isso, o resultado foi justo. Ganhou quem jogou melhor.
CHEGOU A NOSSA VEZ
Amanhã será a vez do Brasil mostrar a que veio na sua décima-oitava Copa do Mundo. Se quer buscar, efetivamente, o hexa, ou se apenas foi para a Alemanha para dar exibição e voltar mais cedo para casa. Apesar do temor (um tanto supersticioso) da maioria dos brasileiros, a respeito do escancarado favoritismo da nossa Seleção, acredito, piamente, na possibilidade de acrescentarmos a sexta estrela em nossa já tão estrelada camisa. “Então vai ganhar?”, pode perguntar, até com uma pontinha de ironia, o preocupado leitor. Aí são outros quinhentos. O futebol é um esporte traiçoeiro, onde nem sempre o melhor é o que vence. Mas que o Brasil tem tudo para sair consagrada da Alemanha, não tenho a mínima dúvida. Basta jogar com seriedade e aplicação e contar (por que não?) com um pouquinho de sorte, que nunca faz mal a ninguém, que multiplicará por mil o seu já enorme favoritismo. Amanhã saberemos (ou pelo menos teremos uma indicação mais segura) até onde chegam, de fato, as nossas possibilidades.
CONFRONTO DE COADJUVANTES
O primeiro jogo de amanhã, entre Coréia do Sul e a folclórica seleção de Togo, envolve duas equipes que, a menos que ocorra uma dessas surpresas fenomenais, não passam de meras coadjuvantes na Copa do Mundo. Não se espere dos sul-coreanos a mesma performance que tiveram em 2002, quando jogaram em casa e conseguiram uma surpreendente quarta colocação, com a efetiva colaboração das arbitragens, diga-se de passagem. Seus jogadores são velozes, correm o jogo inteiro, mas não têm consistência técnica. Falta-lhes fundamento. Já Togo...Impera a desorganização no grupo, que é tão bagunçado, que o próprio treinador alemão chegou a abandonar a seleção, embora posteriormente tenha voltado atrás. Além disso, não tem a mínima tradição em competições internacionais e se conseguir um empate, já será um resultado para ser comemorado com feriado nacional. Será que vou queimar a língua? Duvido!
A INCÓGNITA FRANCESA
O jogo que completa a rodada de amanhã vai marcar a estréia do último dos favoritos que ainda não mostraram o seu futebol. Claro que me refiro à França, que enfrenta a modesta e retranqueira Suíça, com tudo para começar vencendo e para apagar, assim, a péssima impressão deixada em 2002. No papel, os franceses têm uma baita seleção, com Zidane, Thierri Henry e Pires, entre tantos outros excelentes e badalados jogadores. Depois dessa rodada, poderemos ter uma idéia mais clara do que pode acontecer até o final da Copa, embora sempre se devam levar em conta as surpresas, que são inevitáveis. Meus favoritos para abocanharem o título são, pela ordem, Brasil, Argentina, Alemanha, Holanda e França. E Itália, se não cair na nossa chave na próxima fase. Duvido que saia disso. Confiram depois que terminar a Copa.
TESTE DE TRANQÜILIDADE
O jogo do Brasil, amanhã, será, também, um teste para avaliar a tranqüilidade dos nossos jogadores, depois dos diz-que-diz-que que envolveram alguns deles no período de preparação, tanto em Weggis, quanto em Koningstein. Como Cafu, por exemplo, vai reagir à decretação de sua prisão, por parte do Ministério Público da Itália, sob a acusação de falsificação de documentos? E Ronaldo, o Fenômeno, com que espírito vai entrar em campo, depois da polêmica, que ele alimentou ainda mais ao dar uma resposta atravessada ao presidente Lula, sobre se está gordo ou não? Vai entrar ansioso, querendo decidir tudo sozinho ou com espírito de equipe, praticando um futebol solidário, como a torcida espera? E Ronaldinho Gaúcho, vai sentir ou não o peso da responsabilidade de ser o destaque da Copa e justificar a condição de melhor jogador do mundo da atualidade? Tudo isso poderemos ver amanhã.
RESPINGOS...
· A República Checa sofreu, hoje, uma grande baixa (e põe grande nisso!): perdeu o seu centro-avante, Koller, um grandalhão de 2,02 metros, autor, aliás, do primeiro gol da sua seleção nesta Copa do Mundo.
· Um partidaço foi o que jogou o volante australiano Cahil. Entrou no segundo tempo e decidiu o jogo a favor da sua seleção, com dois belos gols. Entrou para a história do futebol do seu país.
· O meia-esquerda Rosicky, da República Checa, teve uma atuação de encher os olhos contra os Estados Unidos. Além de desarmar e de fazer passes sensacionais, chutou uma bola na trave e marcou um belíssimo gol.
· Outro que se destacou nos jogos de hoje, foi o volante italiano Pirlo. Jogou um partidaço e ainda foi premiado com um gol, que abriu o caminho da vitória da Itália contra a boa seleção de Gana.
· Não me conformo com a dificuldade de Carlos Eugênio Simon de marcar pênaltis, como se isso fosse proibido. Hoje deixou de dar dois contra a Itália. Esse não aprende mesmo!
* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
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