Saturday, June 10, 2006
TOQUE DE LETRA
Pedro J. Bondaczuk
“LOS HERMANOS” SOFREM, MAS VENCEM
A Argentina venceu, hoje, por 2 a 1 a sua partida de estréia na Alemanha, jogando, em Hamburgo, diante da estreante Costa do Marfim, pelo Grupo B, o chamado “Grupo da Morte”. Ganhou, mas não convenceu. Fez um jogo apenas razoável, com destaque para a atuação de Riquelme, o melhor jogador em campo, seguido de perto por Sorin e pelo zagueiro Ayala. Os marfinenses deram um calor enorme nos argentinos, notadamente no segundo tempo, mas pecaram nas finalizações. Sobra-lhes técnica, mas faltam-lhes malícia e sobretudo experiência. Pagaram o preço do noviciado. O destaque da Costa do Marfim foi, como não poderia deixar de ser, o centro-avante Drogba, astro do Chelsea da Inglaterra e não somente pelo belo gol que fez, mas pelo seu empenho. Foi um leão em campo, defendeu, deu carrinho, marcou, atacou e foi o autor das melhores jogadas da sua seleção. Os argentinos fizeram valer a experiência e o peso da sua camisa. O primeiro gol, de Crespo, foi fruto de oportunismo, após um bate e rebate na área. No segundo, a Argentina contou com a velocidade de Saviola e com um dos raros cochilos da zaga da Costa do Marfim. Mas “los hermanos” terão que jogar muito mais do que jogaram para justificar a sua condição de um dos favoritos a chegar à final. No jogo de hoje, seu futebol deu, quando muito, apenas para o gasto.
ZEBRA DO CARIBE
Dizem que zebra só existe na África, pelo menos em seu habitat natural. Engano. Parece que o animal existe em outros lugares, e fora dos zoológicos. Ontem, por exemplo, em Dortmund, em pleno estádio do Borússia, desfilou uma delas, e não era africana. Era uma autêntica zebra do Caribe. Todos esperavam (e eu também embarquei nessa onda) que ocorresse uma histórica goleada no jogo entre a Suécia e a estreante e modestíssima seleção de Trinidad e Tobago. Os suecos, porém, decepcionaram o mundo e o fundo, ou seja, seus torcedores, dirigentes e os críticos. Jogaram pedrinhas. Empataram por 0 a 0, num vexame inesquecível. Pelas circunstâncias do jogo diria que, se alguém mereceu vencer, este foi o selecionado (ou catado?) de Trinidad e Tobago, que chutou, através do avante Glen, que entrou no segundo tempo, uma bola na trave da Suécia. Os caribenhos jogaram, desde o primeiro minuto do segundo tempo, com apenas dez jogadores e ainda assim seguraram os “vikings”, que jogaram de salto alto. E deu no que deu.
O VELHO ESTILO DE SEMPRE
A Inglaterra derrotou o Paraguai por 1 a 0, mas não justificou a badalação que a imprensa vem fazendo em torno dela. O “English Team” seguiu, rigorosamente, a cartilha de sempre, ou seja, jogou os noventa e tantos minutos na base do chuveirinho sobre a área paraguaia e só conseguiu consagrar os zagueiros adversários. É verdade que “achou” um gol, logo aos 3 minutos de partida, numa infelicidade de Gamarra, que cabeceou contra a sua própria meta e pegou o goleiro Vilar no contrapé. A bem da verdade, porém, o ataque do Paraguai inexistiu. Foi um jogo de muita correria e nenhuma técnica, chocho, chato e sonolento, pior do que muita partida que tenho visto na várzea de Campinas. Os ingleses, certamente, passarão para a fase seguinte, pois não se concebe que percam pontos para a Suécia e/ou Trinidad e Tobago. Mas, tudo leva a crer, mais uma vez, que vão nadar, nadar, nadar e morrer na praia.
EXPECTATIVA DE UM JOGÃO
A primeira das três partidas de amanhã, pela Copa do Mundo, tem todos os ingredientes para ser um jogão, apesar do nervosismo natural da estréia para ambas as equipes. Estarão medindo forças as seleções da Sérvia-Montenegro e da Holanda, ambas com aspirações de passar para a fase seguinte no chamado “Grupo da Morte”. Seus respectivos treinadores estão conscientes de que uma eventual derrota pode significar uma desclassificação precoce e devem exigir o máximo empenho dos seus atletas em busca da vitória. A Holanda, no meu entender, leva um ligeiro favoritismo. Mas nenhum resultado será surpreendente, dado o equilíbrio entre as duas equipes. Espero um futebol veloz, ofensivo, de muitos arremates a gol e com um placar que não fique no 0 a 0. Tomara que eu não queime a língua. Até aqui, o melhor dos cinco jogos já disputados nesta Copa foi entre a Argentina e a Costa do Marfim, ambos integrantes do grupo de sérvios e de holandeses.
TESTE PARA OS MEXICANOS
Que o futebol mexicano evoluiu muito nos últimos quatro anos, não há como negar. Basta observar a performance dos seus clubes na Copa Libertadores da América e da sua seleção nos amistosos e competições internacionais que disputou. Mas daí a apontá-lo como um dos favoritos à conquista da Copa do Mundo, como alguns críticos vêm fazendo (só deve ser brincadeira!), acho um exagero enorme. De qualquer forma, o jogo de amanhã do México, contra o Irã, que também está em evolução, vai se constituir num bom teste e numa pista de até onde essa seleção pode chegar. Convém não se esquecer que os mexicanos surpreenderam a Seleção Brasileira no ano passado, lá mesmo, na Alemanha, derrotando os comandados de Parreira na Copa das Confederações por 1 a 0. Creio que vencerá amanhã, mas não sem encontrar grande resistência iraniana. Se bobear, o Irã pode até beliscar um empate.
ESTRELA ESTARÁ NO BANCO
A principal estrela de Portugal, em sua estréia na Copa do Mundo, amanhã, diante da fragílima seleção de Angola, não estará em campo, mas no banco de reservas. Claro que me refiro a Luís Felipe Scolari, o nosso Felipão, que além de reconhecida competência, tem uma estrela do tamanho do mundo. Não vejo como, pois, os portugueses possam tropeçar nesse jogo, que deve servir mais como uma espécie de treino de luxo. Os angolanos foram autênticos sacos de pancada na série de amistosos que fizeram nas últimas semanas. Apanharam de todo o mundo e não justificaram a sua presença, pela primeira vez na história, em uma copa do mundo. Não creio, portanto, que venham a imitar Trinidad e Tobago e se constituir em outra grande zebra a desfilar nos gramados alemães. Os comandados de Felipão deverão vencer. Só não posso garantir que também vão convencer.
RESPINGOS...
· Pelo que vem fazendo nos treinos, Juninho Pernambucano está mais do que merecendo a camisa titular da Seleção Brasileira, na vaga de Zé Roberto. Hoje, fez dois belíssimos gols na vitória dos reservas sobre os titulares, por 3 a 0.
· Achei desnecessária e até antipática a resposta dada pelo Fenômeno à pergunta que Lula fez a Parreira se achava que ele estava gordo. Até porque, ele nem estava na teleconferência em que o assunto veio à baila e sequer a assistiu. Enfim...
· O atacante Enilton, que não serviu para o Palmeiras (tanto que o Verdão o dispensou) está chegando a Recife para ser o “salvador da pátria”, no time do Santa Cruz, que tenta, a todo o custo, sair da rabeira do Campeonato Brasileiro da Série A. Será que consegue?
· Falam tanto desse Rozembrink do Santa Cruz, anunciado como reforço do Palmeiras, que os mais desavisados podem até pensar que se trata de um clone melhorado de Pelé. Trata-se, no entanto, de mais um jogador mediano, comum, que vai, meramente, compor o plantel e nada mais.
· O zagueiro Marcelo Batatais seria uma boa pedida para a Ponte Preta? Parte da torcida acha que não. Eu, só pra contrariar, acho que caberia como uma luva na zaga pontepretana!
* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
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