Friday, June 16, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk



PINTOU A GRANDE FAVORITA

Pintou, hoje, a grande favorita, se não para conquistar a Copa do Mundo, pelo menos para chegar à grande final. Claro que me refiro à Argentina, que deu um vareio de bola na atarantada seleção da Sérvia-Montenegro. Esta, por sinal, não justificou, nas duas rodadas que disputou, a condição de um dos bichos-papões da competição que a imprensa lhe imputou. Foram 6 a 0 a favor dos companheiros de Sorin, que saíram com naturalidade, sem que “los hermanos” forçassem, embora o placar moral, na verdade, tenha sido de 8 a 0. Isto porque o árbitro anulou, de forma equivocada, um gol legítimo argentino e deixou de dar um pênalti claríssimo a seu favor. O favoritismo da Argentina cresce, principalmente, por causa da evolução do seu futebol do primeiro para o segundo jogo, enquanto que outras equipes bem cotadas ou estacionaram ou regrediram. Ademais, “los hermanos” não têm apenas onze titulares, mas na verdade quinze, que deverão se revezar nesta Copa, de acordo com as necessidades. Tevez e Messi, por exemplo, entraram no jogo de hoje e mostraram que seriam, com folga, os donos das suas respectivas camisas em qualquer seleção do mundo.

NÃO DISSE A QUE VEIO

Se a seleção da Argentina justificou e ampliou o seu favoritismo, a da Sérvia-Montenegro não disse a que veio. Já antes do início da Copa, houve desentendimentos entre a comissão técnica e os jogadores. Além disso, este mundial está sendo o primeiro e último que a equipe joga com esse nome. No início deste mês de junho, os montenegrinos obtiveram sua independência, aprovada em plebiscito, separando-se dos sérvios. Da antiga Iugoslávia, não restou nem sombra. Mas falando de futebol, já contra a Holanda a seleção dos Bálcãs mostrou uma defesa lenta, pesada, sem nenhum sentido de cobertura. O meio de campo não tem nenhum jogador desses que desequilibram, que chamam o jogo para si e que organizam com eficiência jogadas ofensivas. E seu ataque, nesses dois jogos da Copa, inexistiu. Atualmente, a seleção da Croácia, que não é, convenhamos, nenhuma maravilha, é muitos furos superior, pelo menos em termos de garra, interesse e competitividade, a esse fraco time sérvio, que não justifica ser considerado herdeiro do bom futebol iugoslavo.

LARANJA UM TANTO AZEDA

O futebol é mesmo um esporte traiçoeiro, no qual nem sempre o melhor vence. A desclassificação da Costa do Marfim é uma dessas injustiças que volta e meia acontecem e que derrubam todos os prognósticos dos analistas. A derrota que a seleção africana sofreu hoje, para a Holanda, por 2 a 1, foi sumamente injusta, porque teve a interferência direta da arbitragem no resultado. O árbitro deixou de assinalar dois pênaltis contra os holandeses, que todo o estádio viu, menos ele. Os marfinenses martelaram o jogo todo a meta adversária, não desistiram em momento algum de atacar, até o 48º minuto do Segundo Tempo, mas pecaram, principalmente, nos chutes a gol. Contra a Argentina também a Costa do Marfim já havia sido prejudicada pelo homem do apito. Foi, certamente, o preço que teve que pagar pelo noviciado, por não ter uma camisa de peso e nem tradição em copas do mundo. Já a Holanda não justificou a razão de ser apontada como uma das favoritas para chegar às finais. Duvido que passe da próxima fase. Não lembra em nada, sequer palidamente, a “laranja mecânica” de 1974. Seu futebol é burocrático, previsível e comum. É, isto sim, uma “laranja azeda”, que ainda precisa amadurecer.

O MÉXICO DE SEMPRE

O México é daquelas seleções que nadam, nadam, nadam e, invariavelmente, morrem na praia. Desta vez, ao que tudo indica, não será diferente. E acredito que não será surpresa nem para os mais fanáticos dos seus torcedores, que confiam desconfiando na equipe. Tanto que existe um dito xistoso, que os próprios mexicanos costumam repetir após cada Copa de que participam, que diz: “jogamos como nunca e perdemos como sempre”. Hoje, diante dos ingênuos, mas empolgados angolanos, não perderam (empataram por 0 a 0), mas também não mereceram ganhar. E, de fato, não ganharam. Só gostaria de saber quem foi o gozador que colocou o México entre os favoritos para chegar à final. Se a sua seleção vier a se classificar para a fase seguinte (o que é provável, mas ainda não certo), será eliminada (salvo monumental surpresa) logo no primeiro jogo do mata-mata, pela Argentina ou pela Holanda, suas possíveis adversárias. Se os mexicanos enfrentarem os holandeses, ainda terão alguma chance, posto que remota, de sucesso. Mas se forem “los hermanos”...Adeus, e um abraço!

GRANDE TESTE PARA OS PATRÍCIOS

A seleção comandada por Luiz Felipe Scolari terá, amanhã, diante do Irã, um grande teste para avaliar até onde pode chegar nesta Copa do Mundo. O primeiro objetivo, claro, será o de se classificar para a fase seguinte, o que, convenhamos, não será muito difícil. Os iranianos têm bom toque de bola, mas carecem de preparação física adequada. Mas a principal tarefa portuguesa será a de apagar a péssima impressão deixada no jogo diante de Angola. Na oportunidade, Portugal venceu, é verdade, mas ficou longe, muito longe de convencer. Figo e companhia devem, amanhã, à torcida, uma grande apresentação, principalmente com muito espírito de luta e aplicação. Sem querer ser demasiadamente pessimista, porém, Portugal terá que jogar muita, muitíssima bola para superar na fase seguinte Argentina ou Holanda. Uma das duas será sua próxima adversária. Acho a defesa portuguesa muito vulnerável e seu ataque apenas ciscador. Tomara que eu queime a língua. Tomara!

DE OLHO NOS ADVERSÁRIOS

A grande atração de amanhã da Copa do Mundo, para nós, brasileiros, serão os dois jogos do Grupo E, pois daí sairá o adversário do Brasil nas oitavas-de-final (claro, supondo que a nossa seleção se classifique já no domingo). No primeiro, a República Checa, que deixou excelente impressão na estréia, enfrenta o bom time de Gana que, no entanto, na partida passada, mostrou sérias deficiências ofensivas. No segundo, a Itália encara os Estados Unidos com total favoritismo, a menos que os norte-americanos tenham alguma carta escondida na manga, no que não creio. Checos e italianos devem sair vencedores dos seus respectivos confrontos e assegurar, com uma rodada de antecedência, as suas classificações. Convém ficar de olho, portanto, na Itália e na República Checa e observar o que ambas têm de melhor e quais são as suas deficiências, que possam ser exploradas quando uma delas enfrentar a nossa seleção. Parreira, certamente, contará com olheiros pra lá de atentos nessas duas partidas.

RESPINGOS...

· Está difícil os árbitros marcarem pênaltis nesta Copa do Mundo. Afinal, a regra é ou não é clara, como Arnaldo César Coelho vive apregoando aos quatro ventos? Se é, que os apitadores a apliquem, ora bolas!
· Se o nível técnico da Copa do Mundo não é, até aqui, a maravilha das maravilhas, pelo menos em termos de disciplina a maioria dos participantes merece nota dez!
· O Guarani reforça, a toque de caixa, o seu elenco, para a seqüência do Campeonato Brasileiro da Série B. Adhemar e Marcelo Peaberu já chegaram e a diretoria promete mais novidades.
· Um frisson agita a torcida pontepretana diante da confirmação do interesse da Macaca em trazer de volta Washington, seu maior artilheiro de todos os tempos. Quem sabe não veremos mais um rosário de gols do matador coração de leão para garantir muitas vitórias à Ponte Preta!
· O Internacional de Porto Alegre, mostrando que mantém a tradição de formar novos jogadores, sagrou-se o grande campeão do primeiro Campeonato Brasileiro Sub-20, disputado no Sul do País. A conquista se deu em grande estilo, com uma goleada, por 4 a 0, sobre o seu maior rival, o Grêmio. Parabéns aos garotos do colorado.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

No comments: