Sunday, June 18, 2006
TOQUE DE LETRA
Pedro J. Bondaczuk
CLASSIFICAÇÃO SOFRIDA
Ufa! Foi um sofrimento, um verdadeiro “parto da montanha”, mas a Seleção Brasileira subiu mais um degrau em sua caminhada rumo ao hexa. Sabia que o jogo seria difícil, mas não esperava uma atuação tão pífia do Brasil. Mas vencemos. E os 2 a 0 sobre a aguerrida, e em alguns momentos atrevida Austrália ficaram de bom tamanho. Essa foi uma das raras vezes em que acertei em cheio um palpite nesta Copa do Mundo, repleta de surpresas. O primeiro gol saiu de jogada feita pelos três jogadores que estavam devendo um pouquinho que fosse de futebol. Não estavam jogando nada, embora se esforçassem. A tarde não era deles. Ronaldinho Gaúcho, finalmente, acertou um passe medido para o Fenômeno, que até que enfim conseguiu dominar uma bola, não foi fominha, a rolou mansa, mansa para Adriano e este fez aquilo em que é especialista. Ou seja, fazer gols. Já o segundo, envolveu dois reservas, doidos para mostrar que têm camisa nessa seleção. Foi uma trama entre o aceso Robinho e o artilheiro dos artilheiros, Fred, que precisou de apenas dois minutos em campo para entrar para a história das Copas. E estava consolidada a nossa classificação. Ainda bem. Antes sofrida, mas concretizada, do que jogando bem e desclassificada.
PODER DE RECUPERAÇÃO
Apesar da contestação de alguns comentaristas, concordo com os observadores da Fifa que apontaram o volante Zé Roberto como o melhor jogador em campo na partida contra a Austrália. O astro do Bayern de Munique, que jogava, portanto, em casa, mostrou, sobretudo, um enorme poder de recuperação, notadamente em dois lances agudos. No primeiro, perdeu uma bola no meio de campo, quando a defesa estava toda desarrumada e propiciou um contra-ataque australiano em que o avante adversário apareceu sozinho diante do gol, tendo à sua frente somente o goleiro Dida. Não se sabe como, porém, Zé Roberto, que estava a uns quatro metros do adversário, chegou a tempo de travar o seu chute, num bote providencial e salvador. Se errasse, cometeria pênalti e seria expulso. Não errou. O segundo lance, este originado não por erro seu, foi um tanto parecido, só que o atacante da Austrália não chegou a entrar na área. Mais uma vez, nosso volante recorreu ao carrinho, mas o legal, na bola, e evitou o gol que àquela altura seria o de empate, caso saísse. Só por estas duas jogadas agudas, Zé Roberto mereceu, com certeza, ser apontado como o melhor jogador em campo.
ALÉM DE TUDO, MUITA SORTE
Dida, debaixo dos três paus, é um goleiraço. Está entre os melhores do mundo. Tem boa colocação, é frio, tem muita elasticidade e passa confiança à defesa. Mas quando precisa sair do gol...é uma tragédia! É uma fonte de emoções, capaz de causar colapso cardíaco no torcedor que tenha coração fraco. No jogo de hoje, contra a Austrália, quase que faz lambança e entrega o ouro para o bandido em pelo menos duas saídas erradas do gol, em que ficou caçando borboletas. Sorte é que em ambas a zaga estava bem postada e evitou que os atacantes australianos convertessem essas chances. Em compensação, fez uma defesa para calar seus mais ácidos críticos, num voleio, à queima-roupa, da marca de pênalti, do meia-esquerda da Austrália. Além de mostrar eficiência, portanto, Dida contou, também, com a sorte, sem a qual não se vai a lugar algum.
O INCANSÁVEL MARCADOR
Para a maioria dos comentaristas presentes ao Allienz Arena de Munique, o melhor jogador brasileiro, na partida de hoje contra a Austrália, foi o zagueiro Juan. Embora minha escolha recaia sobre Zé Roberto, não posso negar que o companheiro de zaga de Lúcio teve atuação impecável. Firme na marcação, rápido e preciso no desarme, incansável na cobertura tanto pela esquerda, quanto pela direita e infalível na bola aérea, especialidade dos australianos, o jogador ainda teve tempo de se aventurar ao ataque e quase marca um gol de cabeça. Pode-se dizer que Juan anulou o centro-avante Viduka, que está procurando a bola até agora. Pena que Lúcio não esteja vivendo também um grande momento. Anda com mania de partir aloucado para o ataque, deixando toda a responsabilidade defensiva por conta dos companheiros. De qualquer forma, a defesa brasileira, tão criticada e alvo de tanta desconfiança da imprensa e da torcida, há já um bom tempo não leva nenhum gol. Tomara que continue assim. Se continuar, a tão sonhada sexta estrelinha na camisa estará garantida.
MUDANÇAS À VISTA
Carlos Alberto Parreira admitiu, hoje, a possibilidade de fazer várias mudanças na Seleção Brasileira para o jogo desta quinta-feira contra o Japão, a última partida da fase de classificação. Acredito que o treinador vá mexer nos três compartimentos da equipe, defesa, meio de campo e ataque. Cicinho e Gilberto devem ter uma chance nas laterais e Luisão pode entrar no lugar de Lúcio, que deixou o jogo contra a Austrália mancando. Juninho Pernambucano está cotado para ocupar a vaga de Ronaldinho Gaúcho e Robinho a de Adriano. Parreira, contudo, deu a entender que não abre mão da presença do Fenômeno, para que este ganhe mais rapidamente ritmo de jogo, que é o que lhe está faltando, no que concordo plenamente com ele. O jogo não vai valer praticamente nada, para nenhuma das duas seleções. O Japão só conseguirá se classificar se a Croácia ganhar da Austrália por apenas 1 a 0 e ele golear o Brasil por 4 a 0. Isso não aconteceria nem se o Íbis entrasse em campo com a camisa da Seleção Brasileira. Ademais, acho o nosso time reserva até melhor, tecnicamente, do que o titular, pelo menos na atualidade. E como futebol é momento...
NOTA DO JOGO É A MESMA DO PLACAR
Joguinho horrível o proporcionado, hoje, por japoneses e croatas. Sonolento, chato e sem emoção, foi um dos piores desta Copa do Mundo. É verdade que o goleiro japonês garantiu o empate, por 0 a 0, da sua equipe, ao defender uma penalidade máxima cobrada por Srna (é esse mesmo o nome do jogador, com três consoantes seguidas sem nenhuma vogal no meio). E o pênalti, ressalte-se, não foi mal batido. Apesar de que há uma máxima no futebol que diz que penalidade bem cobrada é aquela que entra no gol. Não foi o caso. O goleiro teve a felicidade de adivinhar o canto e sequer se adiantou. No mais, os ataques das duas seleções foram ineficientes e dispersivos. A bem da verdade, não existiram. Houve uma infinidade de erros de passe e, se depender desse jogo, creio que as duas equipes vão, mesmo, voltar mais cedo para casa. A Croácia, com essa ineficiência ofensiva, não vai ganhar da Austrália na última rodada da fase de classificação, a menos que se supere e jogue tudo o que ainda não jogou. Não acredito nessa possibilidade.
RESPINGOS...
· A França, mais uma vez, decepcionou e não saiu de um pífio empate, por 1 a 1, com a fraca Coréia do Sul. Com o resultado, corre sério risco de não se classificar para as oitavas-de-final.
· Caso a França não se classifique para a próxima fase, hoje pode ter sido o último jogo de um dos maiores craques da atual geração mundial. Zinedine Zidane recebeu o segundo cartão amarelo e não vai jogar contra Togo.
· Até aqui, a única seleção, das consideradas favoritas à conquista da Copa do Mundo, que justificou seu favoritismo, foi a Argentina. E assim mesmo não se tem certeza se é ela que está tão boa assim ou se a Sérvia-Montenegro é que é a galinha morta deste mundial.
· Suíça e Togo fazem um jogo interessante, amanhã. Ambas as seleções têm chances de classificação e de desbancar a badalada França.
· Amanhã, a Fúria espanhola tenta comprovar, contra a Tunísia, que é, de fato, uma das candidatas à conquista da Copa do Mundo. Na outra partida, a Ucrânia vai tentar se redimir do vexame da estréia frente ao fraco futebol saudita.
* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
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1 comment:
Boa noite Pedro!Está muito bem elaborado o seu comentario sobre a Copa de 2006.Meus parabéns
Zu
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