Monday, June 19, 2006

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk



OITO SELEÇÕES JÁ ESTÃO CLASSIFICADAS

Terminou, hoje, a segunda rodada da fase de classificação da Copa do Mundo e oito seleções já garantiram passagem para as oitavas-de-final. Em 2002, a esta altura, apenas duas estavam classificadas. Dos que deram vexame no Mundial da Ásia, apenas a França não aprendeu a lição. As demais seleções que fracassaram naquela oportunidade trataram de se garantir logo de cara, contando, claro, com a sorte de terem caído, salvo uma ou outra exceção, em grupos muito fracos. Alemanha, Equador, Inglaterra, Argentina, Holanda, Portugal, Brasil e Espanha entram na terceira rodada apenas para definir se serão primeiras ou segundas colocadas de seus respectivos grupos. Em contrapartida, Costa Rica, Polônia, Paraguai, Costa do Marfim, Irã e Togo vão tentar sair com honra da competição e vencer um joguinho que seja. A melhor performance, até aqui, nesta fase, foi a da Argentina, ajudada pela péssima apresentação da Sérvia-Montenegro. E a grande injustiçada foi a excelente seleção da Costa do Marfim que, além de cair num grupo duríssimo, foi muito prejudicada pelas arbitragens. Merecia ter ido mais longe. Enfim...

TOGO DEIXA BOA IMPRESSÃO

A seleção de Togo, estreante em Copa do Mundo, a despeito da desorganização, das brigas internas causadas pelas exigências dos jogadores por premiação antecipada e das injunções políticas na escalação, mesmo perdendo suas duas partidas (2 a 1 para a Coréia do Sul e 2 a 0, hoje, para a Suíça) deixou uma boa impressão. Com um pouquinho mais de seriedade, poderia ter ido mais longe. E a França, sua próxima adversária, que se cuide, pois pode ter uma amarga surpresa (repetindo o que já ocorreu em 2002) e voltar também mais cedo para casa. Hoje, Togo vendeu caro a derrota para a boa seleção suíça, que tem, como grande virtude, o conjunto, já que joga junta há já alguns anos, desde que conquistou um mundial sub-17. É uma das melhores gerações do seu futebol. Claro que não vou cair no exagero de achar que possa chegar à final. Mas que vai incomodar muitos dos considerados bichos-papões, disso não tenho a menor dúvida.

UCRÂNIA RESPIRA ALIVIADA

A Ucrânia, contando com uma atuação do seu principal astro, o atacante Shevchenko, à altura do seu prestígio internacional, deu a volta por cima da goleada por 4 a 0 que sofreu na estréia, diante da Espanha, e devolveu, hoje, o mesmíssimo placar, só que tendo por vítima a Arábia Saudita. O erro dos ucranianos na sua primeira partida foi a empolgação. Acharam que poderiam jogar de igual para igual, ofensivamente, contra a Fúria espanhola. Partiram, tresloucados, para o ataque, oferecendo o contra-ataque aos espanhóis. Deu no que deu. Pagaram, claro, o preço do noviciado. Afinal, esta é a primeira Copa do Mundo da Ucrânia. É certo que os sauditas, que os ucranianos massacraram, não servem de parâmetro para avaliar o potencial de ninguém. Já justificaram sua presença na Copa ao arrancarem um honroso empate, histórico para o seu futebol, na estréia, contra a boa seleção da Tunísia. A Ucrânia, porém, que se acautele no último jogo da fase de classificação. Que jogue com a cabeça se quiser ir mais longe neste Mundial. Os tunisinos, seus próximos adversários, mostraram, hoje, diante da Espanha, porque são considerados uma das duas melhores seleções africanas.

FÚRIA SEM CABEÇA NÃO BASTA

A Espanha encantou os olhos dos críticos nos dois jogos que disputou na Copa do Mundo. Conta com o segundo melhor ataque da competição e com o artilheiro. Mostrou que é uma seleção forte, capaz de aprontar muitas surpresas aos incautos. Pode, inclusive, vir a cruzar com o Brasil, nas quartas-de-final (óbvio, se ambos passarem para essa fase). Todavia, não creio que tenha cacife para disputar o título, como alguns apregoam. Mostrou muitas deficiências no jogo de hoje, notadamente em seu setor defensivo. Os espanhóis suaram frio, até os 28 minutos do segundo tempo diante da Tunísia, quando perdiam por 1 a 0. Só viraram o placar porque os tunisinos cometeram um erro crasso: abdicaram do ataque (ao contrário do que a Ucrânia havia feito diante dessa mesma Espanha). E, como diz o surrado clichê, água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Foi o que aconteceu. De tanto insistir, a Espanha encontrou brechas na defesa adversária e virou o resultado para 3 a 1 a seu favor. É uma seleção perigosa, mas mais visceral do que racional. Sobra-lhe coração, mas falta-lhe cabeça.

MOMENTO DE DECISÃO

De amanhã até sexta-feira, teremos o desenvolvimento da terceira e decisiva rodada da fase de classificação da Copa do Mundo. Será uma overdose de futebol, com quatro partidas diárias. Nos grupos cujos classificados já estão definidos, saberemos quem será o primeiro e quem será o segundo colocado. Vários deles, porém, ainda estão em aberto e tudo pode acontecer. No “B”, por exemplo, a Suécia, que enfrenta a Inglaterra, disputa vaga com a zebra do Caribe, Trinidad e Tobago. No “D”, mexicanos e angolanos decidem diretamente qual dos dois irá para as quartas-de-final. No “E”, todos os quatro, Estados Unidos, República Checa, Itália e Gana, têm chances de chegar. Acabou, portanto, por se constituir, ele sim, no “Grupo da Morte”. No “F”, croatas e australianos jogarão todas as suas cartadas para obter a vaga. No “G”, a disputa envolve França, Suíça e Coréia do Sul. E, finalmente, no Grupo “H”, ucranianos, tunisinos e sauditas tentarão a todo o custo a sua classificação.

JOGO IMPERDÍVEL

O jogo imperdível de amanhã vai envolver o já classificado English Team, diante da Suécia, que foi surpreendida na estréia, quando não passou de um empate sem gols com Trinidad e Tobago. Caso os ingleses percam e a Alemanha vença o Equador, os companheiros de Bekham e Owen terão que enfrentar os donos da casa na próxima fase. O mesmo pode ocorrer se o Equador, que vem jogando certinho, vencer ou empatar com os germânicos e a Inglaterra derrotar a Suécia. Os outros dois jogos, Costa Rica e Polônia e Paraguai e Trinidad e Tobago, têm pouco interesse. Este último, pelo menos, vai valer alguma coisa, já que os caribenhos, pelo menos matematicamente, têm chance de classificação e os paraguaios certamente vão querer se despedir de forma digna desta Copa do Mundo, à qual não disseram a que vieram.

RESPINGOS...

· Vocês repararam como os árbitros têm sido sumamente rigorosos com as seleções africanas, mostrando uma infinidade de cartões amarelos, por dá-cá-toma-lá, expulsando jogadores e apitando pênaltis contra, e não agem da mesma maneira com as européias? Para as penalidades a favor, sempre que existiram (e existiram muitas), fizeram vistas grossas.
· Esta tem sido uma Copa do Mundo em que a força tem prevalecido sobre a técnica. As seleções com melhor preparo físico estão levando nítida vantagem sobre as que não apresentam essa condição.
· Por enquanto, nenhum jogador se destacou nesta Copa do Mundo a ponto de poder-se dizer que é o grande personagem da competição. Quem foi bem na estréia, decepcionou no jogo seguinte. Por enquanto, é tudo japonês.
· Queiram, ou não, Ronaldo, o Fenômeno, está sendo, mais uma vez, o personagem da Seleção Brasileira nesta Copa. E, a exemplo de 1998, de novo de forma negativa.
· Os jogadores da Ponte Preta se reapresentaram, hoje, para os treinamentos com vistas à seqüência do Campeonato Brasileiro da Série A, que recomeça em exatos 23 dias. Não houve qualquer novidade na reapresentação.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

1 comment:

Anonymous said...

Pedro, excelente resenha sobre os jogos da Copa. Também concordo que os árbitros estão dando duro com os africanos. Hoje mesmo o nosso árbitro brasileiro favoreceu a Espanha em muitos momentos, concorda?

Difícil dar um palpite de quem ganhará esta copa, mas não acredito que vão deixar um país sul-americano ganhar na Europa.

Parabéns pelo blog!

Bjos :-)