Thursday, June 15, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk



PREVALÊNCIA DAS DEFESAS

Esta tem sido uma Copa do Mundo em que as defesas vêm prevalecendo sobre os ataques. Exceção feita à Espanha e à Alemanha, na primeira rodada, cada qual com quatro gols, os demais resultados têm sido magros, raquíticos e até anêmicos. Isso contraria, inclusive, as expectativas da imprensa, que esperava que este mundial seria o dos atacantes. Até aqui, estes, praticamente, não deram as caras. Claro que ainda pode ser. Há muita água para rolar debaixo da ponte até as finais. Mas até aqui, a média de gols é inferior à da Copa de 2002, que não foi a maravilha das maravilhas. Daí não ser de todo mau o resultado da Seleção Brasileira diante da Croácia, cuja defesa jogou muito atenta, marcou bem as principais peças ofensivas da equipe comandada por Carlos Alberto Parreira e quase arrancou um empate diante dos favoritíssimos à conquista do título da competição. Afinal, inspirado ou não, o Brasil venceu e deu, assim, o primeiro passo rumo ao hexa. Só espero que nosso ataque funcione contra a Austrália.

DÚVIDA QUE PERSISTE

Quando a Alemanha, no jogo de estréia contra a Costa Rica, marcou, de cara, quatro gols, ficou uma dúvida na cabeça dos observadores. Eles se perguntavam: “será que o ataque alemão é tudo isso ou a defesa da Costa Rica é que é muito ruim?”. Os jogos seguintes deste grupo, já pela segunda rodada, nos levam a crer na segunda hipótese. Enquanto ontem os anfitriões suaram sangue para fazer um golzinho chorado no fraquíssimo time polonês, já nos descontos, o Equador enfiou três, hoje, na defesa costarriquenha, sem sequer fazer muita força. A mesma dúvida fica em relação à Espanha, à República Checa e a outros ataques, que se mostraram um pouco mais eficientes nos respectivos jogos de estréia. É muito cedo, portanto, para se tirar qualquer tipo de conclusão. A realidade é que, até aqui, o nível técnico da competição tem sido dos mais fracos, decepcionante até. Parece que as seleções chegaram à Alemanha mal-preparadas e que estão aproveitando a fase de classificação para concluir essa preparação, que deveria ter sido concluída há já duas semanas ou mais.

ZEBRA QUASE APRONTA OUTRA

A zebra caribenha, ou seja, a seleção de Trinidad e Tobago, tida e havida, antes do início da Copa do Mundo, consensualmente, como a mais fraca de todas as 32 que participam da competição, quase apronta outra, hoje, desta vez sobre um dos favoritos à conquista do título, o badalado English Team. Sustentou um honroso empate, por 0 a 0, até os 38 minutos do Segundo Tempo, quando tomou dois gols em seqüência. Mas deu um calorão danado nos ingleses, que não mostraram nada de novo em relação ao passado. A Inglaterra só tem aquela única jogada manjada, a do chuveirinho na área adversária, na base do bumba meu boi, e nada mais. Às vezes aparece uma cabeça salvadora para empurrar a bola para as redes e o time vence. Ás vezes... Para uma equipe, como Trinidad e Tobago, que se classificou na “bacia das almas”, na repescagem, contra o inexistente Bahrein, até que a seleção do Caribe não fez feio. Pelo contrário, mais do que justificou sua estréia em mundiais.

SÓ DEFESA NÃO GANHA

O Paraguai teve uma jornada decepcionante nesta Copa do Mundo e, em apenas duas partidas, já está matematicamente fora da próxima fase. A derrota de hoje, para a Suécia, por 1 a 0, mostrou claramente que só uma boa defesa não é suficiente para garantir o sucesso de ninguém. O ataque paraguaio é como cabeça de bacalhau: todo o mundo sabe que existe, mas ninguém nunca viu. Ficou, pois, mais do que demonstrado que o Equador é, na atualidade, com todos os méritos, a terceira força da América do Sul, atrás, somente, de Brasil e Argentina. Desmente aquela acusação injusta de que o sucesso do futebol equatoriano se deve à altitude de Quito, a sua capital, onde dificilmente perde para quem quer que seja. Mostrou que sabe jogar, e muito bem, também na planície, como é o caso da Alemanha. E não ficarei nada surpreso se o Equador terminar esta fase como o primeiro do seu grupo. Hoje, os equatorianos derrotaram a Costa Rica com propriedade, emplacando um clássico 3 a 0. E, o que é mais importante, não só venceram, como convenceram.

DOIS JOGAÇOS NO CARDÁPIO

O “cardápio” de amanhã, da Copa do Mundo, reserva dois jogaços (pelo menos em teoria), ambos pelo Grupo C, que reúne quatro seleções quase do mesmo nível técnico, embora com tradições e trajetórias em mundiais bem diferentes. A primeira atração será o confronto entre a Argentina e a Sérvia-Montenegro. Em princípio, há um pequeno favoritismo para “los hermanos”, que jogaram com seriedade e objetividade a sua partida de estréia, embora sem dar espetáculo, e obtiveram importante vitória. O segundo jogo envolve a Holanda, que estreou muito bem (notadamente no primeiro tempo) contra a Sérvia, e a excelente (mas inexperiente) equipe da Costa do Marfim. Os holandeses têm tudo para vencer, por serem mais escolados nesse tipo de competição. Qualquer resultado, porém, não será surpresa, principalmente se os marfinenses repetirem o que fizeram diante da Argentina. São dois jogos que prometem!

MÉXICO COM AS MÃOS NA VAGA

A menos que ocorra uma zebra imensa, o México deverá se classificar, amanhã, e com folga, para as oitavas-de-final da Copa do Mundo, no jogo contra a limitada e tecnicamente confusa seleção de Angola. Não gostei do futebol angolano diante de Portugal que, aliás, jogou uma das suas piores partidas sob o comando de Luiz Felipe Scolari. Os africanos têm uma defesa apenas rebatedora, um meio de campo que só existe no papel e um ataque trombador e sem pontaria, portanto, sem nenhuma eficiência. Já os mexicanos jogam com muita garra, que aliam a uma inquestionável técnica e a muita experiência em Copas do Mundo. Além do que, estão mais do que motivados, depois que foram designados como cabeças de chave. Há, até, quem os aponte como a provável surpresa deste mundial. Não creio nisso. Mas o México deve terminar esta fase como campeão do grupo, apesar dos portugueses contarem com um técnico competentíssimo, matreiro e com uma imensa estrela em seu banco.

RESPINGOS...

· Há muito blá-blá-blá em torno de Ronaldo, o Fenômeno. Tenho certeza de que domingo ele fará um ou dois gols e colocará ponto final em todo esse falatório, que não leva a nada. Confiram.
· Os jogadores croatas que não quiseram trocar a camisa com o coordenador técnico da Seleção Brasileira, o admirável Zagallo, deram uma demonstração enorme de máscara, de antipatia, de falta de educação e, sobretudo, de desconhecimento da história do futebol. Justo com o Velho Lobo!!! Por isso que a Croácia nada, nada, nada e sempre morre na praia em competições mundiais.
· Por falar em Croácia, que papelão fez o torcedor croata que invadiu o gramado do Estádio Olímpico, em Berlim, no jogo contra o Brasil! Se fosse aqui que o fato ocorresse, cairiam o céu e a terra. Cadê a tão apregoada segurança prometida pelos alemães?!
· Aliás, os croatas esmeraram-se em cometer gafes, diante dos holofotes que tiveram por enfrentarem o Brasil. A imprensa desse país classificou o toque de bola da Seleção Brasileira de “efeminado”. O deles, na base do coice, é que é notável! Êta gente burra!!!
· Será que a “Fúria” espanhola tem todo esse futebol mostrado na estréia ou a Ucrânia é que foi à Alemanha apenas para passear? Nos próximos jogos, ficaremos sabendo.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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